Pé no freio: 2024 vai ter ‘mais ou menos’ dois filmes de Super-Herói…e três de vilões de quadrinhos

O ano de 2023 não foi particularmente feliz para os filmes de Super-Herói da Marvel e da DC nos cinemas. Pelo menos na visão dos produtores: oito blockbusters foram lançados, mas pelo menos metade ficou aquém do que a indústria do cinema esperava nas bilheterias.

Isso não significa um fracasso total, nem mesmo uma nova interrupção do gênero que ganhou os cinemas já nos anos de 1940, na esteira de grandes sucessos das HQs,  com adaptações para a telona de Batman (o primeiro filme foi exibido de forma seriada nos cinemas é de 1943), Capitão América (1944) e  Superman e os Homens-Toupeira (1951). Lembrando que antes destes já havia aventuras de heróis fantasiados sem superpoderes lançadas nos cinemas, como Zorro – em 1920 –  e  o pouco conhecido Judex (de 1916).

Contudo, a decepção financeira disparou o alerta nos estúdios e o resultado é uma redução significativa no número de longas do gênero neste ano de 2024. Disney/Marvel e Warner/DC decidiram manter apenas um grande lançamento cada. E, a bem da verdade, nenhum destes é exatamente um filme tradicional de super-herói.

Marvel: só Deadpool 3

Dos lados do Universo Cinematográfico Marvel, dois filmes previstos para este ano foram escanteados para o ao que vem. Capitão América: admirável mundo novo iria estrear em junho, mas agora isso deverá acontecer em fevereiro de 2025. E Thunderbolts, sobre um grupo de heróis secundários e de moral duvidosa da Casa das Idéias, passou de dezembro de 2024 para julho de 2025.

O único representante da Marvel neste ano nos cinemas será, aparentemente, uma aposta garantida de sucesso: Deadpool 3 (ou Deadpool e Wolverine, como está sendo chamado pelos fãs), que será lançado em julho. E a pecha “não é exatamente um filme tradicional de super-herói” é perfeita para este caso porque, ainda que Wolverine seja um super – embora extremamente violento – Deadpool não é.

Uma definição mais ou menos exata para ele seria a de um assassino psicopata bem-humorado, sanguinolento, insano e caótico, não necessariamente heroico ou benéfico para a sociedade, mas que às vezes tem um senso de justiça e que nos faz rir muito com piadas inteligentes, violência gráfica e escatologia.

Tem mais: Deadpool é um personagem que rompe a quarta parede o tempo todo, conversando com o público expectador/leitor, e que explora um humor ácido e cheio de tripas, palavrões e conteúdo adulto – tanto que os filmes anteriores foram classificados como adequados para maiores de 18 anos.  

Pra terminar, Deadpool 3 dificilmente entra em qualquer cronologia dos filmes da Marvel. Pelo contrário, o trailer do filme até deu a entender que as viagens pelo tempo que ele e Wolverine farão na aventura poderão até gerar uma cronologia totalmente diferente…

DC: Coringa 2 e só

Dos lados da DC, o único blockbuster previsto é Joker: Folie a Deux, que por aqui deve ficar conhecido como Coringa 2 mesmo. A sequência do excelente longa de 2019 promete muito, com Joaquin Phoenix mais uma vez no papel principal e Lady Gaga interpretando Harley Quinn (Arlequina), mas se trata de um filme de vilão.

Sim, o Coringa é do universo do Batman, mas no primeiro filme há uma única aparição de Bruce Wayne ainda menino. Neste segundo, se aparecer, o futuro Batman também ainda deverá ser criança ou, no máximo, adolescente. A previsão de estreia de Joker: Folie a Deux é para outubro.

Secundários do Aranha

O fato de o Universo Cinematográfico Marvel “oficial” ter apenas um lançamento previsto não quer dizer que outros personagens da editora não ganharão filmes neste ano. Isso porque a Sony, que ainda detém direitos do Homem-Aranha, pretende lançar três longas com personagens secundários do aracnídeo.

O primeiro está previsto para 15 de fevereiro e promete ser uma salada: Madame Teia. Criada em 1980 por Denny O’Neil e John Romita Jr., a personagem – cujo nome é Cassandra Webb – apareceu pela primeira vez como uma idosa cega e doente, que tinha poderes de clarividência e auxiliava o Homem-Aranha em diversas aventuras. Mais tarde, Cassandra seria substituída no “cargo” por outras mulheres mais jovens, como Julia Carpenter e, na sequência, a filha dela, Rachel Carpenter.

No filme, Madame Teia será Cassandra Webb, porém não uma senhora idosa e doente, e sim uma jovem paramédica – interpretada por Dakota Johnson – que desenvolve habilidades de prever o futuro.

As visões de Cassandra a levarão até outras três jovens: a já citada Julia Carpenter (Sydney Sweeney), Anya Corazon (que se tornará a Garota-Aranha, aqui interpretada por Isabela Merced) e Mattie Franklin (uma das personagens que já atuou nos quadrinhos como Mulher-Aranha e no filme é interpretada por Celeste O’Connor). As quatro terão que trabalhar juntas para impedir uma grande catástrofe no futuro.

O segundo filme da Sony no universo do Aranha é Kraven, o caçador , que ficou pra 29 de agosto. É uma história de origem de Sergei Kravinoff, ou Kraven, um dos mais iconográficos vilões do cabeça-de-teia, que terá Russel Crowe no papel do pai cruel do personagem título e ares de tragédia.

Por fim, para novembro está previsto Venom 3, sobre o qual há muita especulação e pouca informação (nem se sabe o nome definitivo do filme). O enredo tampouco é conhecido, mas como as cenas pós-créditos de Venom – Tempo de Carnificina e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa conectaram o universo da Sony com o MCU, já há quem preveja um confronto entre Venom (Tom Hardy) e Homem-Aranha de (Tom Holland).

Por falar em especulação, também há conversas sobre um possível lançamento de Homem-Aranha: Além Do Aranhaverso, terceira animação da franquia. Mas o mais provável é que isso ocorra em 2025 ou 2026.

Início do fim?

Seja pelo “número pequeno” de filmes do gênero em 2024 ou pelo “fracasso” dos filmes de 2023, os arautos do apocalipse já espalham em prosa e verso que a “era de ouro dos super-heróis no cinema chegou ao fim”. Sensacionalismo sempre vende, mas é cedo para fazer este tipo de previsão catastrófica.

Até porque há diversas razões que explicam as bilheterias aquém do esperado dos filmes de 2023, e o número reduzido de filmes em 2024 é apenas um reflexo disso. Ao menos por enquanto, não é o fim: é apenas uma pausa, uma reorganização, um pé no freio.

Para saber se vai além disso, é preciso esperar o que vai acontecer nos próximos anos e, aí sim, analisar com calma, frieza e estatísticas. E, de preferência, sem títulos carregando na tinta para atrair cliques.