Sete anos depois de ter sobrevivido a uma mudança de sexo promovida por títulos sensacionalistas da imprensa mundial (que noticiou equivocadamente que ele era fêmea e canadense), o Ursinho Pooh está de volta ao foco da mídia mundial. E, desta vez, a transformação é de verdade: o simpático bichinho está prestes a ganhar uma versão aterrorizante e bizarra.
No filme de terror Winnie the Pooh: Blood and Honey (em português: “Ursinho Pooh: sangue e mel”), o até então simpático urso agora veste uma roupa de lenhador, trucida e devora seres humanos. Zé do Caixão ficaria orgulhoso.
Não, a Disney não enlouqueceu. Aliás, a Casa do Mickey não tem absolutamente nada a ver com isso. Ocorre que em primeiro de janeiro deste ano de 2022 os direitos do personagem, que teve a primeira história publicada por A. A. Milne em 1925 no jornal The Evening News, se tornaram públicos.
Na prática, isso significa que qualquer pessoa pode usar o personagem da maneira que quiser em sua próprias produções – desde que, claro, não o faça igualzinho ao dos desenhos da Disney. Este, sim, permanece com os direitos protegidos – o cartum abaixo exemplifica bem a questão.
Bem, já que é pra fazer diferente, por que não transformar o ursinho em um assassino serial? É o que parece ter pensado o produtor Rhys Waterfield, que assina o roteiro da obra de terror que deve ser lançada pela Jagged Edge Productions ainda neste ano.
O filme está em fase de pós-produção e ainda não tem data certa para ser lançada, mas algumas imagens e até trailers já foram divulgados na Internet, causando alvoroço em todo o planeta (se a intenção de Watersfield era obter publicidade, ele marcou um gol de placa).
O diretor – que também está fazendo a pós-produção de outros filmes como “A Árvore de Natal Demoníaca” – diz que está terminando “Sangue e Mel” o mais rápido possível. O enredo (?) é o seguinte: Christopher Robin foi para a faculdade, abandonando Pooh e Leitão. Sem receber a comida até então providenciada pelo garoto, os dois acabam se animalizando, tornando-se verdadeiras feras – o visual de Leitão, por sinal, parece mais um javali mutante do que um porquinho.
“Eles voltam para suas raízes animais, não são mais mansos: se tornaram um urso e um porco perversos, que saem a procura de vítimas”, diz Watersfield. As filmagens ocorreram num período de dez dias, em locação próxima à Ashdown Forest, que teria inspirado o Bosque dos Cem Acres criado por Milne para a história original do Ursinho Pooh.
Segundo o diretor, o grande desafio foi equilibrar terror e comédia no filme. “Quando você faz um filme assim, com conceitos malucos, é fácil seguir um caminho em que as coisas deixam de ser assustadoras e acabam sendo ridículas, até estúpidas. Queremos ficar entre as duas coisas.”
Waterfiled deu um exemplo deste “equilíbrio” para a revista Variety: “Há uma cena em que uma garota está relaxando em um jacuzzi, e Pooh e Leitão aparecem por trás dela, a drogam com clorofórmio e depois meio que passam com um carro sobre a cabeça dela. É assustador mas também engraçado porque há imagens de Pooh no carro e você vê aquelas orelhinhas atrás do volante até o ponto em que ele a atropela.” Realmente, o diretor parece ter razão quando diz que algumas coisas facilmente saem da linha do medo para a estupidez…
Em tempo, Watersfield confessa ter um temor de que a Disney conteste algo em relação ao Poohorror. Por isso, garante, foi extremamente cuidadoso ao basear os personagens no livro de 1926 e trocou a camisa vermelha do urso por uma roupa de lenhador (ainda que circule na internet um vídeo com referências claras à versão disneyniana). “Quando as pessoas vêm as imagens do filme, não tem como confundir com uma obra para crianças”, garante.
Tigrão ficou fora! Por enquanto
Para alívio da maioria dos fãs, um dos personagens mais queridos da turma de Pooh, o engraçado Tigrão, não foi escalado para o filme. Não que Watersfield não quisesse: é que p tigre só apareceu no livro The House at Pooh Corner, de 1928, o que significa que só cairá em domínio público em 2024.
Portanto, se houver uma continuação de Sangue e Mel (sabe Deus porque isso ocorreria), talvez ele não escape! Porém, quem não escapou mesmo foi o burro Ió – que os mais velhos conhecem com o nome de Bisonho.
Em uma cena do filme de terror aparece um túmulo com o nome dele (Eeyore, no original). O pobre animal foi uma das primeiras vítimas da fome dos perversos Pooh e Leitão. Como ele mesmo diria: “Obrigado pela consideração.”
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