Loucura! Loucura! Loucura!

Liderando as bilheterias desde que foi lançado, Dr. Estranho no Multiverso da Loucura é sem dúvida uma ótima pedida para quem gosta do Universo Cinematográfico Marvel, apesar de não ser uma unanimidade. Não que tenha despertado tantas críticas assim, mas muita gente – mesmo gostando – achou que o mote do filme “veio do nada” e pode chegar ao lugar nenhum, em especial porque a personagem América Chavez, introduzida como parte fundamental  da linha condutora da história, parece sido colocada de maneira meio gratuita por ali.

Outros, por sua vez, acharam que o Multiverso da Loucura é muito mais da Feiticeira Escarlate do que de Estranho. E, neste caso, não estão tão errados assim, afinal Wanda rouba a cena diversas vezes e não há nada de errado nisso. Mas vamos por partes.

Dr. Estranho no Multiverso da Loucura é ótimo, vale a pena assistir. É verdade, contudo, que diversos fatores de fato causam uma certa, com o perdão do trocadilho, estranheza. Para começo de conversa, o diretor Sam Raimi fez um filme com uma pegada de terror (com muitas cenas na linha gore), de grotesco.

Isso se encaixa bastante nas HQs do personagem, mas tem pouco a ver com filmes tradicionais de super-herói. Além disso, depois de o mago ter aberto a porta do multiverso em Homem Aranha: sem volta para casa, boa parte das pessoas vai ao cinema esperando alguma ligação entre os dois e até – induzidas pelo que viram nos trailers –  achando que o vilão deste filme é uma versão multiverso do Dr. Estranho. Ambas as suposições acabam se mostrando equivocadas.

Sem entregar demais deste Dr. Estranho 2  (e tentando evitar spoilers), a aventura começa com uma versão do mago tentando impedir que uma personagem desconhecida, a garota América Chavez, tenha seus poderes absorvidos por uma criatura ameaçadora. As coisas não dão muito certo e a menina acaba aparecendo no, digamos, nosso universo, onde será salva pelo Dr. Estranho tradicional, com uma bela ajuda de Wong.

A partir daí, Stephen Strange vai em busca da ajuda da Feiticeira Escarlate (o que não vai sair exatamente do jeito que ele imagina) e viajará pelo Multiverso, graças ao poder de América, tentando evitar que o pior aconteça. O preço para isso será bastante alto, a ser pago não só por muitos dos magos de Kamar-Taj  como por outras versões dos heróis. Neste sentido, o filme tem grandes méritos.

A aparição de outros Dr. Estranho (quem espera referências à versão maligna da animação What If  e aos zumbis Marvel não vai se decepcionar) e até mesmo uma outra Wanda já eram previsíveis. Contudo, o surgimento dos Illuminatti – que nesta versão têm como membros Reed Sr. Fantástico Richards,  Mordo, a Capitã Marvel Maria Rambeau, Peggy “capitã” Carter, Raio Negro e Charles Xavier –  é uma boa surpresa.

 

E a sangrenta batalha entre os personagens (gore total) com certeza é inesquecível e mais inesperada ainda. Aliás, já teve até site ranqueando as mortes mais sangrentas que ocorrem no filme (atenção: obviamente há spoilers). Melhor não levar crianças pequenas ao cinema…

Para entender melhor Dr. Estranho no Multiverso da Loucura, em especial as motivações da ex-vingadora Wanda Maximoff, é uma boa assistir antes à ótima série Wanda Vision, no Disney+. Mas, caso você não tenha assistido ou não tenha como assistir, o importante é saber que a Wanda de Multiverso da Loucura não só perdeu o amado Visão, como já havia ficado claro nos filmes do cinema, como também os filhos que teve com ele no mundo que ela mesma criou na série. Isso tudo deixou a personagem amargurada, desesperada e à beira da loucura.

 

Com essa informação em mente, dá para entender o estado de espírito dela no filme atual. Já o Dr. Estranho, vale lembrar, não é mais o Mago Supremo – cargo que perdeu para o engraçado e competente Wong – e continua convicto de que pode e deve resolver tudo, a qualquer preço. Por sinal, os acontecimentos do filme irão mexer justamente com essa convicção de Strange, provocando um crescimento do personagem, não sem consequências.

As atuações de Benedict Cumberbatch como os diversos dr. Estranho e de Elizabeth Olsen como Wanda são mais uma vez impecáveis, e a linha de terror imposta ao Multiverso da Loucura por Sam Raimi, ainda que fora do comum (ou justamente por isso), caiu como uma luva para a aventura.

Ah, sim: a conexão estabelecida entre os sonhos e o multiverso é um achado, que vai fazer quem assiste ao filme pensar nos próprios sonhos de maneira diferente depois que sair do cinema…

Quanto a América Chavez e a preocupação “do nada ao lugar nenhum”, realmente a personagem parece meio sem nexo e deslocada no início do filme, mas tudo vai se explicando e o final leva a crer que ela veio para ficar. Nos quadrinhos, Miss América, como virá a ser conhecida, é uma heroína poderosa. Aparentemente ela caminhará na mesma linha dentro do MCU.

Por fim, muita atenção à primeira cena pós-crédito de Dr. Estranho. Afinal, ela introduz nos filmes uma personagem importante dos quadrinhos, Clea…Strange. Nas HQs, a moça – sobrinha do demônio Dormammu – começa como uma prisioneira salva pelo mago de uma dimensão maligna, vira sua discípula, namorada e finalmente esposa.

 

Diga-se de passagem, atualmente nos gibis americanos é ela a Maga Suprema, já que neles o Dr. Estranho morreu. Temporariamente, claro. Afinal, como alguém já disse acertadamente, na Marvel apenas o Tio Ben morreu em definitivo. E olhe lá.

De qualquer forma, a cena pós-crédito (literalmente) abre um portal para infinitas possibilidades no próximo filme do Dr. Estranho, além de aparentemente ser um caminho para que ele finalmente esqueça a paixão que nutre pela médica Christine Palmer.

Em tempo: há uma segunda cena pós-crédito. Se você tiver bom humor, vai gostar. Se não…espere por sua conta e risco.

 

 

NOTA DO CRÍTICO: Vale a pena

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