Tom Holland, Andrew Garfield e Tobey Maguire seria a resposta óbvia para justificar o título desta matéria e, com certeza, a presença dos três é uma das boas razões. Afinal, esse terceiro filma da franquia estrelada pelo aracnídeo mais novo – que já assinou contrato para mais uma trilogia – é sensacional e, sem dúvida alguma, a química ente os spiderbros é um dos maiores atrativos. Porém, nem de longe é o único.
Vamos por partes. Se você ainda não foi no cinema – e muita gente já foi, basta ver que em 12 dias desde a estreia o filme já arrecadou mais de US$ 1 bilhão – vale primeiro relembrar a história de Homem Aranha – Sem Volta pra Casa (Spiderman No Way Home).
Como já se sabia antes do tão aguardado lançamento, tudo o que acontece no filme tem como motivação a superexposição que Peter Parker, família e amigos passam a ter depois que Mystério revelou a identidade do garoto (no final do filme anterior, Homem Aranha Longe de Casa / Away From Home).
E cabe aqui um parêntese: sim, para aproveitar o filme você tem que ter assistido aos outros dois. E, para aproveitar ainda mais o filme, é bom que tenha assistido também a todos os demais estrelados por Tobey Maguire e Andrew Garfield.
De volta ao filme atual: Peter não tem mais um minuto de sossego, seja pelos ataques do “jornalista” JJ Jameson, pela polarização gerada em torno dele (muitos o idolatram e outros o odeiam), seja pelo – muito bem retratado – mundo atual das redes sociais onde toda e qualquer pessoa tira um celular do bolso para tirar uma foto ou filmá-lo onde quer que ele vá.
As coisas começam a ficar ainda mais insuportáveis quando o futuro dos amigos também é ameaçado pelo excesso de exposição e até por problemas com a lei (que colocam no filme um advogado para lá de especial para defender o herói nos tribunais…).
Peter vê apenas uma solução possível: apelar para que Stephen Strange (vulgo Dr. Estranho, interpretado por Benedict Cumberbatch) faça um feitiço para que todos esqueçam que ele é o Homem-Aranha.
Vale lembrar que nos quadrinhos isso aconteceu na série One More Day, lançada em 2008 pela Marvel, uma das piores histórias do herói de todos os tempos. Porém, no filme, não há nenhum trato com Mephisto (como chegou a se especular). E eis aqui primeira razão para ir assistir, o roteiro é ótimo e muito bem amarrado.
Entre outras coisas, é perfeitamente compreensível o porquê do pedido de Parker e o porquê de Estranho aceitar (e de quebra, o porquê do até então braço direito de Strange, o engraçado e mal humorado Wong, estar mandando no pedaço muito mais do que o mago, como já se antevia em Shang Shi e a lenda dos dez anéis). Também fica clara a razão de tudo dar terrivelmente errado (e, pra variar, o Aranha é sempre seu pior inimigo: ele consegue armar contra si mesmo como nenhum outro herói faz).
Multiverso
A principal consequência do tilt no feitiço é que o multiverso se abre e vilões de outros filmes, oops, outras realidades paralelas, são trazidos para Nova York e acabam enfrentando Tom Holland. E, eventualmente, também os outros Homem-Aranha acabam chegando para ajudar.
Apesar desse ter sido o segredo mais “viúva Porcina” de todos os tempos (foi sem nunca ter sido), em diversos cinemas a aparição do primeiro deles está gerando aplausos e assobios quase que na mesma intensidade de quando o Capitão América ergueu o martelo de Thor em Ultimato.
A segunda razão, então, está aí: a química do trio aracnídeo é maravilhosa. Holland, Garfield e Maguire ora agem como irmãos, ora se completam e até quando se estranham os espectadores deliram (há uma cena, inclusive correspondente ao famoso meme do Aranha em desenho animado).
E os vilões também se encaixam com perfeição no argumento e dão show – em especial dr. Octopus (Alfred Molina) e Duende Verde (William Dafoe), ainda que Jamie Foxx (Electro), Homem-Areia (Thomas Haden Church) e Rhys Ifans (Lagarto) não fiquem devendo.
Sobram piadinhas – em uma delas, fica (bem) aberto o caminho para o surgimento de Miles Morales, o Aranha negro, no futuro – e referências a situações anteriores, entre elas algumas que precisavam de conclusão para o(s) herói(s).
Há, inclusive, uma cena entre Andrew Garfield e MJ (Zendaya) que emociona a plateia. Em especial, pela ótima interpretação de Garfield, tido por muitos como o melhor Homem-Aranha nos considerados piores filmes do herói.
Retcon
Por fim, o terceiro motivo é que este filme acaba fazendo um chamado elogiável retcon – como são chamadas as “continuidade retroativa” (retroactive continuity), uma alteração de fatos previamente estabelecidos na continuidade de uma obra ficcional. Muitos fãs do Homem Aranha reclamavam que desde que Tom Holland assumiu a máscara do herói, alguns elementos do cabeça-de-teia das HQs ficaram de fora.
Faltava ao Peter Parker Holland o sofrimento por amor, as dificuldades financeiras, uma dependência maior dos próprios poderes (e menos dos uniformes tecnológicos desenvolvidos por Tony Stark) e até mesmo uma noção mais real do lema maior do Aranha: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. De forma inteligente, tudo isso é “corrigido” neste filme para a próxima sequência.
Em tempo: fã da Marvel sabe que sempre há cena pós crédito após o filme e este Aranha3 não é exceção. São duas: não saia do cinema antes delas!
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