Nascido na cidade de Bebedouro, em 1974, Walmir Americo Orlandeli é cartunista e ilustrador formado no curso de Publicidade e Propaganda da faculdade Unilago, em São José do Rio Preto. É também um dos poucos artistas de quadrinhos capazes de merecer o titulo de antropólogo do traço, afinal, seja com o humor mais escrachado de Grump ou com a mordacidade de (SIC) – dois de seus principais trabalhos – Orlandeli consegue desvendar a natureza humana e provocar risos no leitor ao fazer isso.
Como muitos dos mestres da arte, o autor é apaixonado por quadrinhos desde a infância, já tendo declarado em diversas entrevistas que não se recorda de nenhum período da vida em que não estivesse lendo gibis. Além de ler, foi deles que começou a copiar desenhos enquanto descobria seu próprio traço.
Na escola era o rei dos cadernos desenhados, rabiscava em todo papel que via pela frente e ali surgiram os primeiros personagens: o violento investigador Jeka Bond, o mosquito afetado pela radiação de Césio137 (em Goiânia) chamado Skroton e a tia “ratos”.
Fã de Mauricio de Sousa, resolveu ser cartunista depois de conhecer o trabalho do trio Angeli, Laerte e Glauco. Como não havia faculdade específica para isso, foi cursar publicidade.
Começou a atuar com cartum e ilustração em 1994 e inicialmente teve seu traço comparado a outro de seus maiores influenciadores: Henfil, cujo trabalho só conheceu depois de ler sobre a morte do pai de Graúna e companhia. “Vi na capa do jornal ‘Morre o maior cartunista do Brasil’ e pensei: ‘putz’, o cara era considerado o maior cartunista do Brasil e eu mal conheço o trabalho dele. Fui atrás e através de um amigo consegui várias tiras recortadas do Estadão.”
Em 1995, criou seu personagem mais famoso, o divertido Grump, publicado inicialmente no Diário da Região (de São José do Rio Preto) e que teve até revista pela Escala editora. É organizador e coautor do livro Central de Tiras, da Via Lettera, e teve trabalhos publicados em vários veículos de comunicação de massa (entre outros, as revistas Mundo Estranho, Men´s Health, Saúde, Superinteressante, Época e Jornal Folha de São Paulo).
Também foi colaborador do livro Front (Via Lettera), publicou no jornal O Pasquim 21 , na revista Bundas e na revista Look , distribuída no Japão. Nos anos 2000, colecionou prêmios diversos: foi ganhador do Troféu HQ Mix como melhor revista de Humor de 2002 (Grump), 3º lugar no Salão de Humor Gráfico da Espanha (2004), 3º lugar do Salão de Porto de Galinhas (2005), 1º lugar no Salão de Humor de Paraguaçu Paulista 2005 (tiras), 2º lugar no Salão de Humor de Paraguaçu Paulista – 2005 (cartum), 3º lugar do XVII Salão Carioca de Humor 2006 (caricatura) e 1º lugar FIHQ (Festival Internacional de Humor e Quadrinhos) 2006 (cartum).
Em 2008, inscreveu um novo projeto chamado (SIC) para concorrer no 35º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Levou o primeiro lugar. Concorreu com (SIC) também no ProAC (Programa de Ação Cultural) do governo do estado de São Paulo e venceu novamente. Como prêmio, pode publicar uma coletânea das tiras em livro lançado pela Conrad Editora, em 2010. Outras duas coletâneas – (SIC) Olhando assim faz sentido e (SIC) Sim, eu posso ver…eu acho – sairiam em 2016.
Em 2013 foi convidado pelos Estúdios Mauricio de Sousa a participar da obra “Monica´s” (quatro anos antes Orlandeli já tinha feito uma engraçada releitura do Capitão Feio no livro MSP50, que reuniu vários autores para homenagear os 50 anos de carreira de Mauricio). Ainda publicou o oneshot Eu matei o Libório, de forma independente. Em 2014, lançou a compilação de tiras “Grump – Naqueles Tempos, 20 anos de histórias” em comemoração `s duas décadas de vida do personagem.
Sempre criando sem parar, em 2015 Orlandeli lançou pela Internet O mundo de Yang. Com histórias publicadas semanalmente e pitadas de simbologia oriental, a webcomic trazia as aventuras hilárias do garoto Yang, com pitadas de filosofia (às vezes confusa, às vezes surpreendentemente profunda) distribuídas por outro personagem, mestre Loh . No mesmo ano a série, que assim como SIC gerava tanto risadas como reflexões por parte dos leitores, ganhou versão impressa.
Em 2016, Orlandeli lançou a graphic novel Daruma, mais uma obra contempladas pelo Proac, e a coletânea Grump – Um dia eu chego lá (além dos já citados dois novos volumes de (SIC)). Em 2017 veio o álbum O Sinal, que lhe rendeu uma merecida indicação ao prêmio Jabuti de literatura e, no mesmo ano, veio uma das obras mais emocionantes do autor.
Ao ser convidado para participar do selo Graphic MSP, onde autores podem fazer histórias próprias (roteiro e arte) usando o personagem que quiserem de Mauricio de Sousa, ele escolheu o caipira Chico Bento.
O resultado foi o brilhante Chico Bento – Arvorada, HQ com arte deslumbrante e roteiro que leva o leitor às lágrimas. Não à toa, o gibi foi vencedor do troféu HQMIX e ganhou duas sequências: Chico Bento – Verdade (2021) e Chico Bento – Viola, que será lançada em 2025.
Em 2019, Orlandeli – que vale registrar, é um sujeito humilde e simpático, que atende todo mundo com um sorriso no rosto – publicou a Os olhos de Barthô e O mundo de Yang – Rumo ao Sul. Em 2021 veio mais um episódio da saga dO mundo de Yang, Dois Cortes. E, em 2022, A Coisa, e Depois que eu matei o Libório.
O quadrinista também ilustrou obras de outros autores, como Os meus monstros e os seus, escrito por Ricardo Benevides (2023); e Na caverna, de Tino Freitas (2025). E, enquanto você lia esse texto, pode ter certeza que Orlandeli estava pensando ou fazendo uma nova HQ, afinal o o antropólogo do traço ainda tem muito a relatar.
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