Grump

Criação

Em 1995, o cartunista Orlandeli  começou a publicar uma tira no Diário da Região, em São José do Rio Preto, chamada “Violência Gratuita”. A tira não tinha personagem fixo, mas aos poucos um deles começou a chamar a atenção dos leitores: um sujeito baixinho e atarracado, com poucos fios de cabelo e às vezes bastante sem noção, inicialmente sem nome.

As poucos, o sujeitinho começou a aparecer com mais frequência do que os outros e a fazer sucesso, tomando conta da tira. O traço inicialmente lembrava algo de Henfil e o humor muitas vezes cáustico do personagem o tornavam uma espécie de sucessor do fradim Baixinho, mas Grump ia além.

Com uma personalidade instável que o colocava às vezes como uma criatura tosca vítima do cotidiano e das gozações alheias (inclusive do próprio cachorro) e em outras como um crítico afiado e sarcástico dos demais, Grump já nasceu um personagem extremamente divertido e  chegou a ter até mesmo revista própria (da editora Escala), que lhe rendeu um merecido troféu HQMix em 2002. Também já passou pelas páginas da edição brasileira da revista MAD.

Grump chegou a ser publicado em tiras diárias em três jornais – Diário da Região, Folha da Região e A Cidade – e em tiras no site oficial e no blog do autor. Também foi lançada pelo menos uma coletânea (Um Dia eu Chego Lá), pela Sesi Editora. Grump é sem dúvida uma das melhores tiras brasileiras de humor e crítica social já publicadas.

Enredo

Como toda boa tira, as histórias de Grump são pautadas por questões cotidianas. Assim, as desventuras do personagem passam por grandes temas em pauta no período em que são publicadas – ele já se viu às voltas com a reforma ortográfica, as eleições, modeletes com mania de culto ao corpo e a Copa do Mundo, por exemplo – bem como pelo dia a dia de um ser humano comum, que envolve namoro, amizades, trabalho e por aí afora.

Não há um cenário definido: as histórias se passam na casa/apartamento do personagem, nas ruas, em diversos ambientes em sua maioria urbanos.

Personagens principais

Grump – Um carinha meio estranho, atarracado, baixinho e com pele de coloração pouco saudável. Nas palavras do autor. “possui personalidade instável, muda de opinião como quem troca de cueca e,com seu jeito desastrado e azarão, passa pelas mais inusitadas situações.”

Vândalo – É o cachorro e  uma espécie de consciência crítica do personagem principal. Se Grump fosse Calvin, Vândalo seria Haroldo, com a diferença que o animal não fala diretamente com o dono, apesar de seus olhares –em especial os de incredulidade e enjôo – dizerem muita coisa.

 

 

Palhaço Cosquinha – Ex-metalúrgico que virou um palhaço extremamente mau-humorado e cáustico.

 

Fido – Cachorro amigo de Vândalo, segue a linha olhar pidão.

Aparecem ainda personagens como Sábio do Prédio, velho Salú, Dona Gerô e eventuais – hilários – como o vizinho argentino de Grump, muito popular entre os leitores  em épocas de Copa do Mundo.

Curiosidade: no começo, era Krumb

Quando surgiu na tira Violência Gratuita, Grump não tinha nome. Antes de ser batizado em definitivo, porém, foi chamado por Orlandeli de “Krumb”, uma homenagem ao cartunista underground que é uma das maiores influências em quadrinhos que criticam o cotidiano (no caso, o American Way of Life) em todo o mundo, Robert Crumb.  “Rebatizei anos mais tarde por achar a referência ao R. Crumb forçada demais”, conta Orlandeli. Será? Que julguem os leitores.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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