Princesa Bean, Hermione, Merida, Docinho, Astrid, Estelar… Luisa Palomanes, a mulher de muitas vozes

O que têm em comum as bruxas Herminone (de Harry Potter) e Alex Russo (de Feiticeiros de Weaverly Place), a superpoderosa Docinho, a princesa Disney Merida e a não tão Disney princesa Bean , a  viking  Astrid (de Como Adestrar seu Dragão) e a titã Estelar? Quem respondeu “a voz” acertou. Não, as vozes de todas elas não são iguais, mas pertencem à mesma pessoa: a dubladora Luísa Palomanes.

Nascida em 13 de agosto de1986 c comais de 20 anos de carreira, ela já dublou mais de 60 personagens femininas. A impressionante lista inclui ainda, entre outros, Carly Shay de iCarly, April em Vampire Diaries, Evelynn em League of Leagends, Katara em Avatar The Last Airbender,  Megan em Drake & Josh, Shimmer em Barbie Moda e Magia, Yuna de Águia em Cavaleiros do Zodíaco e Tracer em Overwatch.  Mas para Luísa, a mais marcante é Docinho (Buttercup), das Meninas Superpoderosas.

“A Docinho é minha xodó, eu comecei a dublar com 12 anos fazendo a voz dela e foi ali que a ficha caiu ali: gente, minha voz está na televisão”, conta. Mais marcante, mas não a favorita, é bom deixar claro.  “Não dá pra escolher. A Hermione me levou para eventos, é carro chefe destes eventos. A princesa do Desenchantment, a Bean, é muito legal, eu me amarrei nela. Amo a Merida também e a Estelar, que também fiz no Titãs em Ação. É impossível  ter uma favorita.”

Apesar de Luísa não escolher, a maioria do público parece se fixar mais em Hermione que, como a dubladora mesmo admite, a tornou estrela em eventos geek como o Mega Campinas Anime Fest, no qual ela concedeu esta entrevista em agosto de 2018.  Tanto que a frase que mais pedem para ela repetir é a famosa “É leviÔsa e não levioSÁ”, dita no primeiro filme pela bruxinha.

“Comecei a dublar Hermione com 14 anos e a gente cresceu junto, a Emma (Watson, atriz do filme) e eu. Prisioneiro de Askaban é meu favorito e em o Cálice de Fogo, naquele momento em que ela fica esperando Ron convidá-la, minha vontade era dizer ‘sai dessa vida amiga’. Ele é muito esquisito, sei que as pessoas querem me matar quando digo isso, porque acham os dois um casal super legal. Até perguntaram se eu namorava o Charles, que é o dublador do Ronny. Nada a ver, gente, sai disso”, brinca.

Fazer diferentes vozes para cada personagem, conta Luísa, é um desafio para o qual o dublador conta com um aliado fundamental, o diretor de dublagem. “O diretor te orienta, dá dicas, fala que você podia fazer mais assim ou assado, aí você coloca o seu feeling até sair uma coisa mais legal”, conta, acrescentando que tem agora uma nova meta: especializar-se mais em cantar para abrir ainda mais o leque das personagens que dubla.

“Quero investir em canto porque há personagens que cantam. A Emma Watson na Bela e a Fera, por exemplo. As canções eram muito complexas e não pude fazer por não saber cantar. Então tem coisa que eu acabo perdendo porque não sei cantar. Algumas canções menos complexas, como as dA Princesa de Fogo, da hora da aventura, já fiz com um diretor específico de canção, que ajuda. A gente fica ali apanhando a vida inteira para fazer uma frase, quem olha no ar acha lindo, parece que eu cantei de primeira, mas tava lá suando e morrendo. .. por isso quero fazer e quem sabe um dia dublar um musical da Disney. Seria maravilhoso! Seria não, será”, afirma.

Nascida no Rio de Janeiro, Luísa iniciou a carreira fazendo teatro e também tem passagens como atriz pela TV. “Pra ser dublador precisa ser ator, mas eu me achei tanto na dublagem que me dediquei a isso. Até gosto de teatro, mas TV não é minha praia: pode não parecer, mas sou tímida quando se trata de público”, afirma ela, que finaliza dando dicas para quem quer entrar – ou fazer sucesso – na arte da dublagem.

“Basicamente tem que ser ator. Se você começou cedo, até os 16 aos pode juntar os trabalhos e conseguir tirar registro. Agora, se for depois desta idade tem que fazer faculdade de Artes Cênicas ou curso de Teatro profissionalizante para tirar o DRT, que é seu registro profissional. Depois tem que fazer curso de dublagem, que no Rio pelo menos dura uns seis meses, para pegar técnica, sync, como se comportar no estúdio, lidar com texto, áudio, script. Parece muita coisa, mas é como quando você entra no carro pela primeira vez e tem que se preocupar com acelerar, frear, por marcha, olhar no retrovisor tudo ao mesmo tempo: com prática, você pega e fica automática a parte técnica. Porém, o amor você põe naquilo é o que faz a diferença, pois você está dando um pedaço da sua alma para o personagem.”

Publicado originalmente em 27/8/2018

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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