Dublagem: Porchat adorou ser Olaf…mas também queria ser Sebastião e Scar!

A dublagem brasileira é uma das melhores do mundo e ser dublador(a) não é fácil. Exige toda uma formação específica, inúmeras horas de trabalho e muita dedicação ao ofício. Por definição, todo profissional da dublagem é também um ator/atriz profissional, uma vez que não basta dar voz aos personagens, mas interpretá-los. Porém, nem toda atriz ou ator é necessariamente um dublador.

Esta introdução é necessária porque a maioria das vozes que você escuta em filmes e desenhos dublados é feita por profissionais da área, porém muitas vezes os estúdios optam em convidar celebridades para fazerem a voz de um ou outro personagem, os chamados guest stars. Esse hábito de ter um artista convidado (ou estrela convidada/star talent) é muito comum nas animações da Disney, que procura ir em busca de personalidades para dar um peso a mais para os filmes.

E, claro, tem seus riscos. Às vezes, por exemplo, o resultado é a voz anasalada de um Luciano Huck fazendo às vezes de Flynn Rider em Enrolados (quando com certeza o dublador das canções do filme, Raphael Rossato, faria muito melhor). Mas, por outras, a estrela realmente brilha e dá de presente ao público uma interpretação inesquecível. Ou será que ao ouvir a canção “No verão”, em Frozen, alguém consegue imaginar uma voz diferente (ou melhor) para o boneco de neve Olaf do que a do comediante e ator Fábio Porchat?

“Quando fui convidado eu nunca tinha dublado.  É um trabalho difícil, você tem que coordenar a boca com o desenho, fazer voz que componha com aquilo… a dublagem brasileira é muito boa, melhor do mundo, e nós temos dubladores excelentes, então é uma responsabilidade muito grande. Eu não sou dublador, sou um metido a besta, só fui fazer aquilo com o apoio de muita gente legal”, conta Porchat.

O comediante – que em 2022 fez temporada de stand up em Campinas e falou sobre Olaf (e muito mais) em entrevista ao programa CBN Cultura –  conta que, entre as pessoas  nas quais buscou apoio para fazer um bom trabalho estava Mabel Cezar, fundadora e CEO da Sociedade Brasileira de Dublagem – e que já emprestou a voz a personagens como a princesa Leia Organa (de Star Wars), Jessie (Toy Story) e Minnie (em inúmeros desenhos do Mickey Mouse).  “A Mabel é uma dubladora que eu amo, quando fui fazer o Olaf pedi pra ela dar uma olhada pra ver se ficou legal, se eu não tinha destruído o filme”, conta Porchat.

Ele relembra como recebeu o convite para “se tornar” Olaf. “Me chamaram em 2013, quando o filme foi lançado. Nem a Disney imaginou que ia fazer tanto sucesso, iam lançar direto em DVD, nem iam lançar no cinema. Aí resolveram fazer isso e foi a maior bilheteria até então”, relata, lembrando que o filme saiu em novembro de 2013 – e até janeiro do ano seguinte sequer existiam brinquedos/produtos temáticos da aventura congelante sendo comercializados nos parques da Disney, uma demonstração clara de que as proporções que animação tomou não eram esperadas.

“Me chamaram de última hora, correndo, desesperados. Iam lançar o filme aqui no Brasil e tem essa coisa do star talent, quando chamam uma pessoa famosa pra dublar e estar junto na divulgação do filme. Me ligaram na semana: ‘Fábio, a gente queria você para dublar esse boneco, a gente não pode dizer o que é, não pode falar nada, tem que vir aqui e fazer um teste: você vem aqui, assiste aqui na hora, faz um teste na hora, a gente manda pra Disney na hora, se eles aprovarem na hora você continua dublando”, conta.

Porchat confessa que, compreensivelmente, ficou inseguro. “Fui pra lá, fiquei nervoso porque não sabia fazer. Estava tentando e queriam que eu fizesse uma voz específica, mas a Disney falou ‘não, não, fala pro Fábio fazer a voz como ele achar melhor’ e gostei muito de como ficou”, diz.

O comediante acrescenta que ficou emocionado quando o filme chegou aos cinemas. “Quando lançou virou esse acontecimento e fiquei muto feliz, porque a Disney faz parte da minha infância, adolescência e adultice. Sempre assisti muito Disney era um sonho dublar um personagem que fosse icônico, não só um personagem que passasse. E o Olaf é, porque não só é o alívio comigo do Frozen como todo mundo ama. Aí fiz Frozen 1, 2 , Frozen Lego, série, Especial de Natal… nesse personagem eu dou esse abraço quentinho e não largo mais”, brinca.

Porchat revela, porém, que antes de Olaf entrar na vida dele, já havia desejado ser a voz de outros personagens. “Meu sonho era dublar o Sebastião, dA Pequena Sereia, porque eu amava aquele personagem, e o Scar de O Rei Leão, porque eu o adorava, ele é mau, fazer vilão é bom demais. A gente não pode ser vilão na vida real, mas ali a gente gosta de ser”, brinca.

Apesar da carreira multifacetada em diversas áreas, Fábio Porchat conta que Olaf é um de seus trabalhos que mais dá retorno até hoje diante do público, em especial as crianças. “O que eu mais recebo é mensagem de gente dizendo que a sobrinha vai fazer aniversário e pedindo pra eu mandar uma mensagem com um abraço do Olaf, mando pelo menos uns três por semana”, diz.

Ele conclui contando uma das experiências bacanas que teve com a voz do boneco de neve.  “Estava no Peru e um casal brasileiro com duas crianças veio falar comigo e disseram que a filha de seis anos gostava muito de Frozen. Aí eu disse pra ela: ‘Mentira, sabe que eu conheço o Olaf?’ e ela abriu o olhão”, relembra.

Porchat então perguntou se a menina queria que ele pedisse a Olaf para mandar um beijo à garota. “Brinquei dizendo que não sabia se se ele estaria ocupado, peguei o número do telefone do pai dela, fui no banheiro e mandei uma mensagenzinha. Quando voltei para mesa ela estava numa euforia enorme: ‘ Ele mandou um beijo’… O Olaf é um personagem que deixa as crianças encantadas”, finaliza.

 

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