Apesar de o mais conhecido ser dono de um visual arrojado, que inclui jaqueta de couro e crânio flamejante, o Motoqueiro Fantasma (no original, Ghost Rider) nunca foi muito mais que um personagem de segunda linha da Marvel. Aliás, um não: três.
O primeiro a ter o nome foi um cowboy do universo Marvel, criado em 1949, que depois teve o nome mudado para Night Rider e, posteriormente, Phantom Rider. A palavra “rider”, aqui, cabe como cavaleiro e não motoqueiro, já que se tratava de um vaqueiro que fingia ser fantasma.
Já em 1972, a Marvel lançou o primeiro Motoqueiro Fantasma: Johnny Blaze, um motoqueiro de circo que, para salvar seu mentor da morte, fez um trato com o demônio Mefisto, que uniu a alma do rapaz com a de um demônio de cabeça em forma de crânio flamejante e deu a ele uma moto em chamas.
Usando um temível “olhar de penitência”, o Motoqueiro mandava malfeitores para o inferno. Lá eles engrossariam as hordas do capeta para uma futura luta com o paraíso.
Em 1990, a Marvel lançou um terceiro Motoqueiro, Daniel Danny Ketch, um adolescente estadunidense que viu a irmã ser atacada por uma gangue de (acredite se quiser) ninjas. Fugindo em busca de ajuda, e também para se esconder, ele encontrou uma moto em um lixão e, ao tocar o estranho símbolo na motocicleta, incorporou o Motoqueiro.
Visualmente, o motoqueiro de Ketch e de Blaze eram praticamente idênticos, a exceção de alguns adereços. Posteriormente, a Marvel mudou a origem do personagem para que ambos pudessem incorporar o Motoqueiro: Ketch e Blaze passaram a ser irmãos – Blaze, o mais velho, sequer sabia da existência do caçula “perdido” – e ambos são descendentes do homem que pela primeira vez se tornou a criatura mística, um tal Noble Kale (saiba mais abaixo, em Enredo).
Blaze, inclusive, voltou inicialmente como figurante nas histórias do novo Motoqueiro em que também perseguia vilões e os manda para o inferno com seu “olhar de penitência” e, após o filme de 2007 e de reviravoltas nos roteiros do personagem, passou a se alternar com o irmão como receptor do espírito da vingança.
No Brasil, o personagem aparecia bastante em histórias do Almanaque Marvel e em HQs de outros heróis, como o Homem-Aranha. Também em 2007, aproveitando o lançamento do filme, a Panini lançou a versão “Max” do personagem na Marvel Max (originalmente criada como uma revista/selo para leitores adultos, muitas vezes com cenas que contêm mais violência, sexo e imagens obscenas, na qual diversos personagens ganharam uma versão exclusiva, diferente das cronologias aceitas como “oficiais”). O Motoqueiro também apareceu em inúmeros outros títulos – entre eles Hulk contra o Mundo (2009).
Um segundo filme do Motoqueiro foi lançado em 2012, mais uma vez com Nicolas Cage no papel principal. O personagem ganhou ainda destaque em games nas mais diversas plataformas.
Enredo
Motoqueiro Fantasma é uma mistura de demônio e espírito vingador, que vaga pela terra punindo malfeitores com seu olhar de penitência. Ele se originou de Noble Kale, filho de um pastor do século 18 que abusava do garoto quando criança e que secretamente mantinha pactos com o demônio Mephisto.
O garoto se apaixonou por uma menina negra, Madalena, algo impensável para o pai. Quando a menina descobriu a relação do pastor com o demônio, o religioso (?!) a matou e prendeu o filho no porão da igreja, torturando-o constantemente.
A menina, porém, jogou as Fúrias (entidades da mitologia grega) contra a aldeia e o pastor e, para impedi-la, este fez novo pacto com Mephisto: transformou seu filho no Espírito da Vingança para que ele derrotasse as Fúrias. Noble/Ghost Rider destruiu as Fúrias e, ato contínuo, teria que consumir carne humana em sacrifício.
O pastor ofereceu ao demônio/espírito da vingança um bebê: o filho do próprio Noble com Madalena (ETA paizão bonzinho esse pastor). Isso foi demais para Noble, que se consome em vez de matar a criança. A alma dele, então, é requerida por Mephisto, mas o arcanjo Uriel também diz que o céu tem direito a ela, já que Noble praticava o bem ao punir os maus e era vítima do pai.
Como não há acordo, o espírito vingador permanece entre os reinos, só podendo reaparecer quando no futuro por meio de uma mescla com um de seus descendentes. Aí entram Johnny Blaze e Danny Ketch…
Apesar de aparentemente um benfeitor, o Motoqueiro Fantasma é na realidade manipulado pelas forças o inferno, que se abastecem das almas dos malfeitores punidos por ele, bem como pelas do paraíso, que a querem de deu lado. Aliás, constantemente argumentos da guerra entre céu e inferno aparecem na série sobrepujando as histórias tradicionais de heróis e vilões.
O Motoqueiro Fantasma divide o corpo com o de seu hospedeiro humano, que mantém aparência normal. Quando se transforma, porém, sua cabeça assume o formato de um crânio flamejante e a motocicleta guiada por ele fica em chamas, além de ser capaz de fazer manobras e atingir velocidades impossíveis para qualquer outra, e lançar flamas do inferno. Nem sempre o hospedeiro se lembra do que fez como Motoqueiro, ou tem controle sobre o que foi feito.
Personagens
Além dos já citados Ketch, Blaze, Noble e Mephisto, aparecem na série algumas namoradas dos motoqueiros (a eterna de Danny chama-se Stacy), a Irma de Danny (Bárbara) e inúmeras criaturas do inferno e do céu, entre as quais os anjos/demônios Uriel, Zarathos, Wallow, Gressil, Abgor, Legião. Personagens como Blade, o caçador de vampiros, Dr. Estranho e Homem-Aranha também já contracenaram com o Motoqueiro em diversas histórias.
Curiosidade: Nick quis Johnny
Apesar de Danny Ketch ser o Motoqueiro Fantasma mais atual, a Marvel escolheu dar o nome de Johnny Blaze à primeira versão feita para os cinemas, em 2007, que em tese popularizaria mais o personagem.
A escolha é creditada por alguns ao fato de que assim leitores mais velhos seriam atraídos para ver o filme, bem como ao fato de o nome de Johnny ser mais cool do que seu predecessor. Nos bastidores, porém, corre a lenda de que Nicholas Cage, ator fanático por quadrinhos a ponto de ter adotado o sobrenome de um personagem da Marvel (Luke Cage) como pseudônimo, teria exigido que assim fosse como condição para estrelar o filme.
Isso porque Cage cresceu lendo as aventuras do motoqueiro estreladas por Johnny Blaze e, assim, se recusaria a interpretar outra versão. Em tempo: como o filme efetivamente popularizou o motoqueiro Johnny, as histórias em quadrinhos passaram a alternar – entre os irmãos – quem carrega o fardo de ser a caveira flamejante sobre rodas.
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