Não que o filme não seja bom, mas o principal principal comentário feito pela galera que vai assistir ao Motoqueiro Fantasma (a maioria dos quais jovens do sexo masculino) é exatamente esse. Afinal, entre os efeitos especiais pra lá de legais utilizados no filme, os que fazem da moto do personagem um verdadeiro inferno sobre rodas deixam qualquer (desculpem não resistir ao trocadilho) Hell Angel com água na boca.
E é muito bom que a maioria dos espectadores seja composta por jovens do sexo masculino, porque o filme é exatamente para este público. Nas mãos do diretor Mark Steven Johnson (o mesmo que detonou outro ícone da Marvel, Demolidor, quando fez a versão para o cinema), o Motoqueiro é aventura pura, daquelas em que não há muito o que pensar, e com direito a frases engraçadinhas (de sempre) trocadas entre personagens.
OK, é preciso admitir que Motoqueiro Fantasma (no original, Ghost Rider) nunca foi mais que um personagem de segunda linha da Marvel. Aliás, um não: três. O primeiro personagem a ter o nome foi um cowboy do universo Marvel, criado em 1949, que depois teve o nome mudado para Night Rider e, posteriormente, Phantom Rider.
Os motoqueiros só vieram depois, a partir de 1972, com Johnny Blaze, um motoqueiro de circo que, para salvar seu mentor da morte, faz um trato com o demônio Mephisto e se transforma em um demônio de cabeça em forma de crânio flamejante, com uma moto em chamas.
Usando um temível “olhar de penitência”, o Motoqueiro manda malfeitores para o inferno. Lá eles engrossarão as hordas do capeta para uma futura luta com o paraíso. Em 1990, a Marvel lançou ainda um terceiro Motoqueiro, Danny Ketch, mas é a versão Johnny Blaze que ganhou as telonas, com Nicolas Cage no papel principal.
No roteiro, o diretor Johnson e sua equipe mudaram um pouco a história original: Blaze faz o pacto para salvar o pai e (claro, ou não seria Hollywood) uma garota por quem é apaixonado. Além disso, a luta de é contra o filho de Mephisto, um demônio rebelde.
Aliás, vale citar (para quem tem um pouco mais de cultura cinematográfica), que Mephisto é interpretado por Peter Fonda, que ficou famoso em outro filme sobre motos: Easy Rider. Por sinal, pena que não pegaram mais deste antigo filme. Se Nick Cage aparecesse ao som de Born to be wild, de Steppen Wolf, o filme já ia melhorar 50%…
Mais uma vez: não é que o filme seja ruim, mas é que, em tempos de Batman Begins, Homem-Aranha e X-Men (pra não mencionar 300 e Sin City), os espectadores ficaram acostumados a adaptações mais inteligentes, com mais conteúdo. E a saída encontrada por Johnson foi a mais fácil: apostar nma aventura e no visual bacana do Motoqueiro e sua máquina dos infernos.
Ainda assim, Nic Cage consegue arrebanhar uma certa simpatia no personagem, com seu estilo cool de sempre…
Um fã dos quadrinhos
Nicolas Cage é um fã ardoroso e declarado de quadrinhos, motivo pelo qual sempre quis interpretar um heróis das HQs na telona. Para se ter uma idéia da paixão de Cage, o ator é fanático por gibis e adotou o sobrenome de um outro herói de segunda linha da Marvel. Nicolas Kim Copola, seu verdadeiro nome, não queria usar o sobrenome famoso em seu início de carreira, por isso se rebatizou em homenagem a “Luke Cage, herói de aluguel”, um de seus personagens favoritos da editora americana.
Por sinal, um dos principais fatos que levou Nicolas a se divorciar de Lisa Presley foi a exigência dela de que ele se livrasse de sua imensa coleção de quadrinhos. Nick o fez, mas se arrependeu depois. Se tivesse o olhar de penitência do Motoqueiro Fantasma, com certeza teria corrido atrás da moça para puní-la por este pecado imperdoável.
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