Em um diálogo ao melhor estilo Tony Stark (ou seria Robert Downey Junior?), Homem de Ferro diz que não sabe atuar em grupo, despertando uma resposta irada do quadrado Capitão América: “Grande homem de armadura. Tire isso fora e o que sobra?” A resposta arranca risos não apenas de Thor como de toda a audiência: “Ah, um gênio, playboy bilionário e filantropo.” A cena resume bem um fato inegável do filme Os Vingadores (The Avengers), que estreia em todo o Brasil nesta sexta (26): como já dizia a música do desenho animado dos anos 70, Tony Stark tira onda… o tempo todo.
Não que o filme não seja muito bom em vários sentidos: a ação é de tirar o fôlego, com direito a sequência de meia hora ininterrupta de correria e batalhas na parte final. Os efeitos especiais são excelentes, a música bem elaborada, o roteiro é bom. Mas o humor e as tiradas do filme são fundamentais e, neste quesito, mais uma vez Downey Jr rouba a cena com o cinismo irretocável de seu Tony Stark/Homem de Ferro.
Nos quadrinhos,os Vingadores surgiram nos anos de 1960. Stan Lee e Jack Kirby haviam criado diversos personagens de sucesso e a ideia de reuni-los para lutar contra um mal maior era tão óbvia quanto certeira. Não que tenha sido fácil unir os personagens, afinal o Hulk não era exatamente um sucesso em relacionamentos sociais.
Já a ideia do filme foi trabalhada com carinho desde o primeiro filme do Homem-de-Ferro, em 2008, no qual foi gravada uma cena na qual aparecia Nick Fury (o capo da Shield que acaba sendo o responsável por unir o grupo). No filme do Hulk, no mesmo ano, havia uma cena do general Ross e Tony Stark conversando, com Fury ao fundo.
Homem de Ferro ganhou um segundo filme (em 2010), Capitão América e Thor também foram para os cinemas (em 2011). Com todos os heróis Marvel de peso já lançados na telona, uni-los, mais uma vez, era uma ideia óbvia e certeira.
O roteiro do filme (assim como a maioria das idéias dos filmes solo dos heróis, diga-se) é baseado na linha Ultimate/Millenium, releitura moderna que a Marvel fez dos personagens (ainda que o diretor Joss Whedin se declare fãs das histórias dos anos de 1960).
Aliás, uma observação: a linha Ultimate (lançada aqui inicialmente como Millenium) foi tão boa que desbancou a linha clássica da Marvel junto a milhares de leitores e gerou bastante ciúme, a ponto de ter sido estragada pela própria editora por meio de um “massacre”. O que era bom acabou aproveitado nas histórias da linha “normal” – e em filmes – e o que restou após o apocalipse foi continuado sem o mesmo sucesso e as boas sacadas.
De volta ao filme, Loki – o deus das mentiras, irmão bastardo de Thor – resolve fazer uma coisa nada diferente do que todos os vilões fazem em todas as histórias: dominar o mundo. O sujeito, porém, é bem mais inteligente e ardiloso do que a maioria e a única chance de salvar planeta é reunir os maiores heróis e transformá-los em uma super equipe em defesa da Terra.
No entanto, antes de derrotarem o deus nórdico da mentira – muito bem interpretado por Tom Hiddleston, por sinal – os heróis terão que derrotar seus próprios egos e aprenderem a conviver e a lutar juntos. OK, você já sabe o resultado. Final feliz, bem vence o mal (espanta o temporal), planeta salvo e gancho para uma continuação. Mas antes dos créditos subirem, muita aventura, cenas de ação e diversão garantida.
Além de Hiddleston e Downey Jr., estão no elenco Samuel L. Jackson (Nick Fury), a bela Scalett Johanson (Viúva Negra), Chris Evans (Capitão América), Chris Hemsworth (Thor), Mark Ruffalo (Hulk) e Jeremy Renner (Gavião Arqueiro).
(publicado em 25/04/2012)
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