Wolverine deve ser o personagem que mais tem origens de todo o universo Marvel. Afinal, desde que foi criado em 1974, parece que a cada ano que passa o baixinho mutante descobre que suas memórias até então eram falsas (pobre leitor que acreditou nelas…) e uma nova origem é “descoberta”. A mais recente, em edição de luxo dividida em três partes, acaba de chegar às bancas e lojas especializadas.
Ao contrário das anteriores, porém, Origem (Origin) é uma HQ que vale a pena – mesmo que alguém decida mudar de novo esta origem no ano que vem, o que Joe Quesada, o chefão da Marvel, garante que não vai ocorrer. Mesmo porque desta vez não se trata da origem dos implantes de Wolvie ou de suas habilidades de luta (ou seja, nada de passado na Segunda Guerra, agência de espionagem e baboseiras do gênero) e sim da infância/adolescência do personagem.
E tudo amarrado em um bom roteiro (de Paul Jenkins) e com uma arte caprichada de Andy Kubert, reforçada lindamente pela pintura digital de Richard Isanove. A história é contada (mais ou menos) pelo ponto de vista de uma garota chamada Rose, que vai morar em um casarão de um rico fazendeiro (quase um senhor feudal) após a morte de seus pais.
Onde? Quando? A HQ não diz, espertamente deixando a data e o local em aberto para o leitor. A julgar por algumas roupas (a la Huckeberry Finn) e estilo arquitetônico dos desenhos, porém, é possível dizer que a história se passa por meados de 1800, talvez início de 1900…
No primeiro capítulo (O Despertar da Fera), o leitor fica sabendo que sir John, o dono da propriedade, é um jovem bonachão que trata muito bem seus empregados, para desgosto de seu pai, um lorde da antiga que acha que tudo deve ser punido na base do chicote. Completa a família a mulher de Sir John, reclusa em um quarto, aparentemente vítima de algum tipo de insanidade.
Rose é levada ao casarão para fazer companhia para James, o filho doente de Sir John, mas também faz amizade com um garoto apelidado de “cão”. O menino é filho de um empregado alcoólatra chamado Logan – que é a cara de Wolverine… Os dois meninos e a menina ficam amigos, e passam parte do tempo brincando. Até que o garoto doente cai na água e quase se afoga.
O “cão” é punido duramente pelo pai, que o aconselha a não misturar-se com outra classe social e ainda, depois da surra, inicia o moleque na “arte” da bebida. No segundo capítulo, intitulado “A Criança Anterior” (os dois capítulos estão na parte I de Origem), o “cão” já é adolescente e a briga de classes piora até levar a um final trágico – e ao aparecimento dos poderes de Wolverine.
Mas quem é Wolvie na história? Bem, essa é uma das surpresas de Origem, que por sinal não é uma HQ muito previsível. Por isso mesmo, não vamos revelar aqui e estragar a surpresa.
Em tempo: Rose, que obviamente se torna uma figura importante na vida do menino Wolverine (independentemente de qual dos dois ele é) tem cabelos bem ruivos como uma certa X-Men por quem o mutante canadense arrasta um caminhão. Freud explica…
A parte I de Origem custa R$ 4,50 e a minissérie é mensal. Mesmo quem não é leitor de X-Men pode comprar a história sem receios, porque ela vale a pena.
Se esta é ou não é a origem definitiva de Wolvie só o tempo dirá. Mas que é a melhor já feita até agora, disso não há dúvida.
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