Em 6 de março de 1917, nascia em Nova York aquele que se tornaria um dos maiores – se não o maior – quadrinista de todos os tempos: William Erwin Eisner, ou simplesmente Will Eisner. Por essa razão, inúmeras exposições e atividades são realizadas em todo o planeta no mês de março para comemorar a obra e a vida do renomado artista, que morreu há vinte anos em virtude de complicações de uma cirurgia cardíaca. Em Campinas, desde o dia 1º está ocorrendo a expo Will Eisner 4 Weeks, na Biblioteca Pública Municipal “Professor Ernesto Manoel Zink” (Avenida Benjamin Constant, 1633, Centro)
“O evento faz parte da celebração anual e mundial em homenagem a Eisner e é uma oportunidade única para os fãs de quadrinhos e o público em geral explorarem a obra de Eisner, conhecerem mais sobre a vida e carreira dele, e participarem de eventos que destacam a importância da contribuição dele para o mundo das histórias em quadrinhos”, diz Márcio José Andrade da Silva, curador da Will Eisner 4 Weeks.
Ele destaca que, além do material gráfico que pode ser conferido das 9 às17 horas de segunda a sexta-feira na biblioteca (que inclui acesso ao acervo Eisner da gibiteca), haverá programação especial no dia 26 de março.
“Às 14h30 vai ocorrer uma Oficina de Quadrinhos e Arte Sequencial gratuita com o artista Lipe Diaz, da LDZ Escola de Arte (RJ), que responsável pela Will Eisner Week no Rio de Janeiro.Ele irá guiar os participantes em um mergulho prático e inspirador na arte sequencial, ideal para estudantes, profissionais e entusiastas. Depois, às 18 horas, haverá uma Roda de Conversa com o tema ‘Will Eisner, o artista’, com Lipe e o jornalista Dario DJota Carvalho, fundador do site MundoHQ e que entrevistou Eisner quando ele lançou no Brasil a Graphic Novel No Coração da Tempestade”, diz.
Quem foi Will Eisner?
Will Eisner é conhecido como o homem que mudou os conceitos da chamada nona arte e o personagem The Spirit, criado por ele em1940, foi inúmeras vezes descrito como “o Cidadão Kane das HQs”. Se artistas como Walt Disney foram bem mais populares, Eisner deu contribuições muito mais profundas à arte do desenho, estático ou animado.
O primeiro personagem de sucesso veio em 1937: Sheena, a Rainha das Selvas, uma versão feminina e loira de Tarzan que publicava sob o pseudônimo de William Thomas.
Três anos depois e já assinando como “Will Eisner”, começou a se tornar conhecido internacionalmente com aquele que se tornou sua maior criação: The Spirit.
O personagem revolucionou os quadrinhos na forma e no conteúdo. Nos desenhos, Eisner utilizou conceitos até então inéditos nas HQs: fusões, cortes, ângulos insólitos e uso de sombras. Era um mestre do branco e preto, criando noções de profundidade e claro e escuro com maestria.
Spirit também era inovador em seu conteúdo: um detetive que usava máscara, mas não tinha superpoderes, em cujas histórias o personagem principal era o comportamento humano.
Spirit, por vezes, sequer aparecia na HQ a não ser nos últimos quadrinhos, para fazer um comentário sarcástico/filosófico que resumia o espírito humano. “É importante dizer que não fiz o Spirit para se transformar em super-herói. No Spirit, o que realmente contava era o espírito das pessoas na época e eu estava mais interessado em histórias curtas”, dizia o autor.
Vale lembrar que o maior prêmio mundial dado anualmente a artistas gráficos de todo o planeta leva o nome dele: The Will Eisner Comic Industry Awards ou Eisner Awards.
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