That´s all,folks! A despedida do pai dos Looney Toones

No início da década de 30, qualquer pessoa que passasse pela Olvera Street, em Los Angeles, podia encomendar um retrato ao jovem Charles Jones por um único dólar. Hoje, um quadrinho pequeno com um desenho de um coelho feito por ele custa no mínimo US$ 2.000,00. Claro que não se trata de um coelho qualquer e sim do filho mais famoso de Charles “Chuck” Jones: o Pernalonga (Bugs Bunny). Jones, que na verdade não foi o único criador do coelho surgido em 1940 – mas reconhecidamente foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento dele e ainda criou incontáveis personagens de sucesso – faleceu no último dia 22 de fevereiro de 2002, vítima de insuficiência cardíaca, ao 89 anos.

Chuck Jones nasceu em 21 de setembro de 1912, na cidade de Spokane, no Estado de Washington, região Oeste dos Estados Unidos, mas cresceu em Hollywood, na California. Durante a infância, seguiu de perto as carreiras de Charles Chaplin e Buster Keaton, tendo chegado a fazer pontas em comédias mudas do diretor Mac Sennet.

No final dos anos 20 formou-se em arte na Chouinard Art Institute in Los Angeles (atual Instituto de Artes da Califórnia) e no início dos anos 30 podia ser visto nas ruas de Los Angeles fazendo os já citados retratos de vendidos a um dólar.

Em 32, no entanto, a vida de Chuck começou a dar uma guinada. Ele foi contratado pelo estúdio do animador Ub Iwerks, ninguém menos que o melhor amigo de Walt Disney e o verdadeiro criador da imagem de Mickey Mouse. Nos estúdios de Iwerks, Chuck Jones conheceu Dorothy Webster, com quem se casaria. E também lá, em 1935, Jones criou e animou seu primeiro personagem da série que serie chamada de Looney Toones (algo como “desenhos lunáticos”): o simpático porco Gaguinho (Porky Pig).


Em 1936, Jones foi contratado por Friz Freleng como animador pelo Leon Schlesinger Studio (que mais tarde seria incorporado à Warner Bros). A partir daquele ano, Chuck se transformaria em uma máquina de desenhos de sucesso. Vieram o aloprado Patolino (Daffy Duck) em 1937, Hortelino Troca Letras (Elmer Fudd) e Pernalonga em 1940, Piu-Piu (Tweety Bird) em 42.

Jones também criou Papá-Léguas e o Coiote (Road Runner and Wille E. Coyote), Pepe le Gambá e vários outros.Em 60 anos de carreira, ele fez mais 300 filmes de animação, ganhou quatro Oscars (três como diretor de animação e um por sua carreira) e dezenas de outros prêmios e homenagens, entre os quais o título de membro pela vida do Directors Guild of America.

 


Chuck também trabalhou para os Estúdios Disney e MGM. Neste último, criou uma série de novos desenhos de Tom e Jerry e fez o desenho animado que se tornaria cultuado pelas crianças e adultos americanos: “Como o Grinch roubou o Natal”, dando vida ao famoso personagem criado por Dr. Seuss e que ganhou versão para a telona com o careteiro Jim Carrey no papel principal.

Jones fundou sua própria companhia em 1962 – a direção passou para a filha dele, Linda, quando o autor ficou mais velho – e até o final da vida, mesmo bastante doente, fazia questão de participar de eventos e distribuir autógrafos e desenhos ao fãs. Ele morreu em sua casa em Corona Del Mar, na Califórnia, tendo ao lado filhos, netos e a segunda esposa Marian Dern, com quem casou após a morte da primeira mulher e permaneceu junto por 20 anos.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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