Pernalonga (Bugs Bunny)

Em 1938, um certo animalzinho felpudo e amalucado chamou a atenção no desenho Porky´s Hare Hunt (A caçada de lebres do Gaguinho), dirigido por Ben “Bugs” Hardaway.  O pessoal da Leon Schlesinger Productions (que posteriormente se transformaria na Warner Bros Cartoons) viu potencial no bichinho e decidiu que poderia desenvolver a ideia de um coelho aloprado.

Coelhos similares continuaram aparecendo nos curtas seguintes. No terceiro desenho em que apareceu (Hare-um Scare-um, de 1939), que o coelho ganhou a cor cinza e, sem querer, um nome. Como tinha que ser identificado internamente em uma folha de rascunhos, na qual era mostrado de vários ângulos, foi escrito ali que ele era o “Bugs Bunny”, ou seja, o coelho do desenhista Bugs Hardway, aquele que dirigiu a animação em que o animalzinho apareceu pela primeira vez.

Mas se já tinha nome em 1939, o corpo do Pernalonga ainda era mais de coelho e menos antropomorfizado. Foi só no ano seguinte, pelas mãos dos animadores Tex Avery, Friz Freleng, Bob Clampett, Bob McKimson e Chuck Jones (criador do Gaguinho e boa parte dos Looney Tunes) que o coelho ganhou forma definitiva em A Wild Hare  – literalmente “uma lebre selvagem”, mas que no Brasil ganhou o nome de “Um coelho selvagem”. Por isso, agora com nome, cara e corpo definidos, Bugs Bunny nascia oficialmente em 1940. Aliás, vale lembrar que A Wild Hare foi nominado para o Oscar daquele ano.

Inicialmente, os desenhos de Pernalonga eram parte da série Merrie Melodies (e, depois, Looney Toones), da qual ele virou a estrela principal em apenas dois anos.  Em 1941, um ano após a estreia oficial nos desenhos animados, saiu o primeiro gibi do coelho.

Diferentemente de outros personagens, Pernalonga primeiro estreou em revistas de HQ (que foram lançadas de maneira contínua até 1983, e depois ainda ganharam republicações nos anos de 1990) e depois, em 1942, foi para as tiras de jornal. Com diferentes artistas, as tiras foram produzidas continuamente até 1979.

A popularidade de Pernalonga só cresceu e o personagem apareceu em filmes, séries de TV, musicas, videogames, animações em premiações diversas, brinquedos, comerciais, atrações de parques de diversão…

Segundo o Livro Guiness dos recordes, até 2011 Pernalonga é o nono personagem – de ficção ou real – que mais apareceu em filmes, e o único cartoon a ocupar o Top10. O coelho foi retratado em 229 películas, ficando atrás de Papai Noel (793), o Diabo (724), a Morte (396), Jesus Cristo (325), Deus (295), Hitler (286), Abraham Lincoln (247) e Sherlock Holmes (238). Encerra a lista dos dez mais, com três filmes a menos que Pernalonga, o conde Drácula.

Bugs Bunny também ganhou um Oscar por Knighty Knigth Bugs (de 1958), uma estrela na calçada da fama em Holywood, se tornou o mascote oficial da Warner Bros e é apontado como um dos ícones mais reconhecidos no planeta. E, não custa lembrar, ainda contracenou com Michael Jordan e outras grandes estrelas do Basquete – como Larry Bird, Charles Barkley e Patrick Ewing) em Space Jam (1996), repetindo o feito em 2021 com Space Jam 2 (desta feita, com LeBron James).

Pernalonga e companhia também ganharam versão “baby”, uma mania explorada por diversos desenhos de televisão, em Baby Looney Toones, lançado em 2001. Em tempo: no Brasil, o desenho de Pernalonga estreou na Rede Globo, na década de 1970.

Enredo

Pernalonga é um coelho (ou uma lebre, os produtores não fazem questão de especificar) amalucado, sarcástico e inteligente, que se vê nos mais variados tipos de aventuras cômicas. No início, o personagem se confrontava – e deixava malucos – tanto amigos (como Gaguinho) quanto inimigos (como o caçador Hortelino Troca-Letras). Com o passar do tempo, passou a infernizar mais os “vilões”, ainda que faça questão de zoar sempre que possível o invejoso e engraçado Patolino.

 

Personagens

Os principais personagens que contracenam com Pernalonga são:

Gaguinho (Porky Pig): o atrapalhado  –  e por vezes medroso e caxias – porquinho foi a primeira estrela dos desenhos da Warner e é um dos melhores amigos do coelho.

Patolino (Daffy Duck): se acha melhor do que todo mundo, muitas vezes é extremamente biruta e, ainda que seja amigo de Pernalonga, vive tentando provar que é melhor que ele em tudo.

 

Taz/Diabo da Tasmania (Tasmanian Devil)– Com um apetite incontrolável, nas primeiras histórias ele queria comer o coelho. Depois isso passou. Ou não.

 

Lolla Bunny – Criada para o filme Space Jam, desde então se tornou a namorada de Pernalonga, que em alguns desenhos antigos já foi casado (ele citava uma misteriosa “Mrs. Bugs Bunny” como esposa)

Marvin, o Marciano (Marvin The Martian): ele quer destruir a Terra, mas acaba sempre sendo enganado por Pernalonga.

 

Elmer Fudd (Hortelino Troca-Letras) – Na maioria das histórias, ele era o caçador que sempre se dava mal ao tentar pegar o coelho.

 

Eufrasino Puxa-Briga (Yosemite Sam) – Um cowboy bigodudo, esquentado e violento. Diferentemente de Hortelino, nunca caia duas vezes na mesma armadilha do Pernalonga, mas nem por isso se saía melhor que o colega careca.

Bruxa Hazel – Estreou em um desenho no qual Pernalonga salvava João e Maria das garras dela e se tornava a nova opção de prato principal. Desde então a personagem voltou inúmeras vezes a tentar pegar o coelho, até mesmo se transformando em uma coelhinha sedutora para isso

Curiosidade: O que é que há, velhinho? Ele ria como o Picapau

O primeiro dublador de Pernalonga foi Mel Blanc e, nos primeiros episódios do desenho, ele deu ao personagem uma risada meio louca e muito peculiar. Mel, porém, não gostou muito do resultado e acabou suspendendo o riso para o coelho. Algum tempo depois, Mel começou a utilizar a risada para outro personagem, no qual ela se encaixou como uma luva e virou marca registrada: o amalucado Picapau.

Se a risada não deu certo com o coelho, o mesmo não se pode dizer da frase que Mel Blanc colocou na boca de Pernalonga já no primeiro desenho, de 1940. A expressão “What´s up, doc?”, que no Brasil virou a inesquecível “O que é que há, velhinho?”, se tornou conhecida em todo o mundo e é uma marca eterna de Bugs Bunny.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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