Moya e a primeira exposição de HQs do mundo

Mundo HQ

Os pioneiros

Quem fez a primeira HQ do mundo ninguém sabe, mas a primeira exposição internacional de quadrinhos do mundo é brasileiríssima e ninguém tasca. Em junho de 1951, o quadrinista Álvaro de Moya e outros pioneiros realizaram a dita cuja, em São Paulo, e não foi fácil. Na época, quadrinhos eram tachados de subliteratura, destruidores culturais e havia até mesmo um dossiê elaborado por pedagogos do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep) em 1944 que garantia: "quadrinhos causam preguiça mental nas crianças e as deseducam para a leitura de livros". E mais, no Congresso Nacional, um deputado (Armando Leite) tentava aprovar um projeto para censurar as HQs no país. Pois foi bem em meio a este preconceituoso festival de besteiras que Moya, Miguel Penteado, Jayme Cortez e Syllas Roberg organizaram a "Primeira Exposição Didática Internacional de Histórias em Quadrinhos", que teve direito a exibição de originais de desenhistas como Alex Raymond (Flash Gordon), Milton Cannif (Steve Canyon) e All Capp (Ferdinando), entre outras feras.
Para comemorar os cinquenta anos, Moya (que aparece nesta página desenhando a primeira versão da Mônica) acaba de lançar o livro "Anos 50, 50 anos" que fala sobre… bem, que tal deixarmos a palavra com o próprio mestre? Antes, apenas um destaque: o livro (traremos informações de preço e venda assim que forem divulgadas) tem prefácio de Will Eisner, autor de The Spirit, e Jerry Robinson, que criou personagens como Robin e Coringa. Agora, com a palavra, Álvaro de Moya:

"Neste ano comemoramos 50 anos da 1ª Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos. O Brasil foi o primeiro país do mundo a realizar uma exposição de histórias em quadrinhos. Ela aconteceu no dia 18 de junho de 1951. Foi aqui em São Paulo, no bairro judeu do Bom Retiro, Rua José Paulino, 64, no Centro Cultura e Progresso. Ela foi organizada por um grupo de jovens desenhistas Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e por mim, Álvaro de Moya. Entramos em contato com os artistas norte-americanos e receberam originais para expor. Não se tratava, porém, de uma simples exibição de desenhos valiosos artisticamente. Era uma antevisão das teorias futuras de comunicação de massa. Relacionava-se alí os quadrinhos com a literatura e o cinema. Analisava o que, mais tarde, seria considerada a linguagem dos quadrinhos. Ressaltava o texto e a imagem e sua inter-relação. Repetia o termo expressão e expressionismo. Esse evento é considerado pelos europeus e norte-americanos como o pioneiro no gênero. Realizou-se onze anos antes dos europeus "descobrirem" os comics. Somente em 1965, a Itália, em Bordighera fez sua primeira expo. Teve grande repercussão na imprensa à época, inclusive na recém inaugurada PRF-3 TV Tupi que começara suas transmissões no ano anterior, dia 18 de setembro. Antes vou falar um pouco sobre o que acontecia naquele período. Em 1950, nos Estados Unidos, em pleno período da Guerra Fria havia a perseguição aos comunistas, esquerdistas e simpatizantes – uma caça às bruxas -, e as histórias em quadrinhos também foram estigmatizadas. Um psiquiatra Frederic Wertham acusou os comics de incentivarem o crime. O Senado instituiu um sistema de ‘hearings’. Diversas revistas e editoras fecharam. As ‘majors’ DC e Marvel adotaram um código de ética. Jack Cole foi obrigado a parar de fazer Plastic Man (Homem de Borracha), depois foi trabalhar na revista Playboy e acabou se suicidando. Joe Simon também não pôde mais fazer quadrinhos porque exigia para ele o direitos do seu Capitão América. Joe Shuster e Jerome Siegel, que tinham criado o Superman , foram para a lista negra e lutaram até o fim da vida até obter parte dos direitos autorais. Os maiores visados foram os artistas de Hollywood, como Charles Chaplin, Ben Hecht, Adrian Scott e outros. Enfim, roteiristas como Dalton Trumbo, Michael Wilson, Waldo Salt, Ring Lardner Jr., Alvah Bessie, Howard Koch,e o cantor negro Paul Robeson. Escritores também estavam na mira: Ernst Hemingway, Howard Fast, Michael Gold, Richard Wright. Houve uma perseguição muito grande na área das artes, a obra completa de Shakespeare foi aprendida pois fora ilustrada por um suspeito Rockwell Kent. Muitos filmes como The Front com Woody Allen contam a história dessa época. O escritor Dalton Trumbo, foi preso como roteirista mais perigoso de Hollywood, e quando estava na cadeia recebeu como colega de prisão J. Parnell Thomas, que era a autoridade nomeada pelo Senado para perseguir as pessoas …. Ele era inquisidor, mas depois descobriram que desviava dinheiro e o colocaram na cadeia junto com os pró-comunistas. Aqui no Brasil, a coisa era muito difícil para os quadrinhos.. Os padres, os pais, os professores ou seja, a Igreja, as escolas, todos eram contra a história em quadrinhos. Achavam que quadrinhos era uma coisa que criança não deveria ler. Os professores pegavam as revistinhas que as crianças levavam e no recreio as queimavam – um típico "Fahrenheit 451" dos gibis. Eles usavam um desenho de um menino lendo gibi e em seguida uma imagem de um delinqüente, sugerindo o que acontecia a quem lesse gibis. Portanto houve uma perseguição à HQ aqui no Brasil e também de autores infantis. Havia críticas contra Monteiro Lobato, dizendo que ele jamais tinha citado Deus em suas histórias e que ele era comunista, pois defendia nosso petróleo. Enfim, a campanha era implacável. Nessa época eu era um moleque. Comecei a desenhar graças a pessoas mais velhas que conheci em Santana, como o desenhista João Gitahy o escritor Syllas Roberg e depois o Jayme Cortez, que tinha vindo de Portugal em 1947, Reinaldo de Oliveira que trabalhava na Editora La Selva e o Miguel Penteado, que era operário gráfico. Foi quando formamos uma turma. Concordávamos que a HQ tinha muito a ver com literatura. Nós líamos muito. O Syllas era o único entre nós que estava empregado – ele era bancário. Então no dia em que recebia o salário, nós ficávamos na porta do banco. Dali íamos para a livraria e gastávamos tudo em livros. A gente ia para o estúdio e ficava lá lendo. Quando terminávamos os livros, vinha a pergunta: e agora, como é que ele ia sobreviver sem o salário? Então eu, que era o mais moleque e o mais atrevido da turma, corria para as editoras e arrumava trabalho pro Cortez, pra mim, pra todos (ilustrando Curso de Inglês, etc.) na Editora do Brasil para comparar nossos livros e assim poder continuar nossos estudos. Eu, praticamente, lia muito e de tudo. Gostávamos de ir ao cinema. Então percebemos que HQ era parecida com a Sétima Arte. As enquadrações, os cortes, as fusões, os movimentos de câmera, o tempo, etc. Líamos as críticas de cinema de Rubem Biáfora, B.J. Duarte, Alex Viany para acompanhar os bons filmes. Um dia eu estava ouvindo rádio – uma crítica de cinema do Walter George Durst – dizendo: "o filme ‘O Rastro da Bruxa Vermelha’, com o John Wayne, que está no Art Palácio, é um filme muito ruim; parece uma história em quadrinhos, mas não uma história em quadrinhos linda do Alex Raymond como o Flash Gordon nem uma satírica e genial de Al Capp como o Li’l Abner, Ferdinando!". Então pensei: Puxa, nunca ouvi ninguém falar de história em quadrinhos neste país!!! – e, na hora, telefonei para a Rádio Tupi. Quem atendeu foi o próprio Walter. Ao telefone ele tinha uma voz fininha e no rádio um vozeirão, então achei que era truque. (Depois soube que quem lia o texto era o Dionísio Azevedo). Mas mesmo assim falei: "Olha, eu sou desenhista de histórias em quadrinhos! Você não quer vir aqui conhecer nosso estúdio?". Ele falou: "Vou sim!". Mas no fim mancou. Ficamos esperando e ele não apareceu. Sempre atrevido, falei: "Vamos lá!". Syllas e eu tomamos um bonde em Santana e fomos até o centro da cidade onde pegamos um ônibus para o bairro do Sumaré. Assim ficamos conhecendo o Walter George Durst, o Cassiano Gabus Mendes, Lima Duarte, Dionisio Azevedo, Dermival Costalima e todo pessoal da rádio que começava a fazer tevê. A televisão ia ser inaugurada em 18 de setembro de 1950 e o Walter me indicou que fizesse os letreiros para o show de inauguração da TV Tupi. Falei com o Cassiano Gabus Mendes e o Costalima e pedi um dinheirão. Eles aprovaram. Então o técnico me explicou que eu tinha de fazer um cartaz na estante de música. A imagem seria captada por uma câmera. Ele me mostrou onde uma das três câmeras ia enquadrar e onde eu teria de fazer o desenho naquele formato, sem fundo branco. Aí pedi socorro para o Jayme Cortez, pois não ia dar tempo de fazer tudo. Ficamos desenhado. O Syllas, que não era desenhista, pegou um pincel e ficou enchendo os espaços de preto. Nesse dia eles colocaram a estante no local onde iam cantar Lolita La Salerosa – não tinha casado com o Aytron Rodrigues ainda – Hebe Camargo, Vilma Bentivegna, Walter Forster, Vida Alves, Yara Lins, Lima Duarte, Dionisio Azevedo, Fuzarca e Torresmo, enfim toda aquela gente boa, artistas da época. E eu, na onda, entrei na lista de um dos pioneiros da televisão brasileira. Convidaram-me para ser o desenhista oficial da TV, mas declinei, pois não gostava de fazer letrinhas e tinha a ilusão de fazer quadrinhos. Na época sempre indicado pelo Durst que fazia a crítica de cinema, comecei a colaborar no jornal O Tempo, em julho de 1950. Então, eu tive uma idéia – talvez por ser o mais moleque – "Escuta, e se nós escrevêssemos para o Alex Raymond, Hal Foster, Milton Caniff, Al Capp, Will Eisner., para eles mandarem uns originais. Aí a gente vai ver como é que eles fazem, qual é o papel que usam, se é pena ou pincel, a tinta e tudo mais.". Na carta, para justificar esse nosso interesse por eles, aleguei que queríamos os originais para montar uma exposição no Brasil. Um deles respondeu primeiro, acho que foi Hal Foster, depois vieram cartas do Milton Caniff, Will Eisner e do Alex Raymond. Todos diziam que levavam muito a sério os comics. Um deles disse que era primeira vez que alguém pedia seus originais para uma exposição. Daí pensamos: "Puxa vida, nunca ninguém fez uma exposição de histórias em quadrinhos no mundo, nós somos os primeiros!". De repente, chega pelo correio aquele material maravilhoso: páginas originais do Flash Gordon de um metro de altura, do Príncipe Valente, Krazy Kat , Steve Canyon, Rip Kirby, arte-final lindíssima, papel Schoeller, traços a pincel, retoques a guache e a gilete. Papel "craf-tint" nos desenhos de Roy Crane. Encantados, fomos mostrar para o professor Pietro Maria Bardi, alegando que queríamos fazer a exposição no MASP. O secretário dele, cujo nome não me lembro, depois que olhou os originais disse: "História em quadrinhos? Não, não interessa isso!". Aí ficamos num dilema. Estávamos com o material e tínhamos que fazer a exposição. Onde? Um amigo nosso Maurício Kus, juntamente com nossa amiga Liba Fridman disseram que havia um lugar no Centro de Cultura e Progresso na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, e que podíamos fazer a exposição lá. Eu, Jayme Cortez e a turma passamos dias montando os painéis. As letrinhas eram todas feitas pelo Cortez. O texto era do Syllas e brigávamos muito pois ele era um grande escritor, tinha estilo, seus escritos eram elaborados e intelectuais e nós achávamos que as legendas deveriam ser mais didáticas e menos provocativas. No dia 18 de junho de 1951 nós inauguramos a exposição. A TV Tupi levou cinegrafistas, saiu em tudo quanto é jornal. Nossa relação com a imprensa era muito boa e obtivemos grande cobertura. Foi uma onda incrível. No livro de presença tinha pouca gente, mas o agito que fizemos na imprensa foi arrasadora. Porém, todo mundo era contra a história em quadrinhos e de repente vem um bando de loucos elogiando isso! Então aconteceu o pior! No dia da estréia da exposição ficamos sabendo que ali era o centro da juventude judia comunista de São Paulo. Eles nos criticaram por promover os comics imperialistas americanos. O editor Enio Silveira, na revista Radar escreveu que nós éramos inocentes úteis do decadente imperialismo ianque! Tentamos explicar a importância da arte, etc., mas não deu certo. Explicamos que era importante que os jornais e as revistas brasileiras publicassem histórias em quadrinhos com a nossa cultura. Mas isso não ficou claro na nossa exposição, alegaram os diretores do Centro – os autores eram estrangeiros. Então o Syllas escreveu um texto baseado nesse argumento, o Cortez ilustrou o painel e acrescentamos na expo. Pra que? A direita caiu de pau em cima de nós. Os jornais acharam que queríamos tirar os quadrinhos americanos e colocar os brasileiros. As editoras acharam que queríamos botar pra fora o Walt Disney, etc. Então ficamos mal com os comunistas, mal com a direita, mal com o professores, com a imprensa e com todo mundo. Todos ficaram contra nós. Daí começaram a acontecer coisas incríveis. Eu tinha ilustrado um livro para a Editora Melhoramentos. Quando fui à livraria e peguei um exemplar pra ver, eu fiquei branco! Eram outras ilustrações, não as minhas! Corri lá na Melhoramentos e perguntei: "O que aconteceu com os meus desenhos, vocês perderam?". E eles responderam: "Não, nós jogamos no lixo! Por que você é muito influenciado por histórias em quadrinhos e nós não queremos isso aqui!". Bom, eles me pagaram, claro, mas me jogaram isso na cara. Certa vez fomos convidados para um debate sobre histórias em quadrinhos na Rádio Cultura (era do Fontoura) e ficava ali na avenida São João. O apresentador J. Alvise Assunção tinha um programa Chamado "Desafio aos catedráticos". Foram convidados dois professores, o Reinaldo de Oliveira e eu. No meio da conversa um professor disse: "Eu nunca li uma história em quadrinho!". Então, o Reinaldo de Oliveira interferiu: "Poxa, se o senhor nunca leu história em quadrinhos não devia estar aqui nesta mesa redonda pra falar sobre isso. Primeiro leia depois venha discutir!". O cara respondeu: "Mas eu sou um professor!". E o Reinaldo replicou: "Sim, professor de Geografia, de História, mas de quadrinhos não!". Na verdade ele não deixava o homem falar. Então o Assunção disse: "Olha Reinaldo, fui eu quem convidou o ilustre professor para vir aqui!". De pronto, o Reinaldo respondeu: "Então convidou mal! Pois se ele não entende de história em quadrinhos, não devia estar aqui!". Um dia eu estava com o Syllas na Rua Boa Vista e o Walter George Durst passou e disse que fora convidado a escrever textos publicitários para a J.Walter Thompson. Chegando lá, o diretor que nos atendeu começou a me reptar a dizer se eu lia livros, quantos por semana?, cismou comigo – acho que tinha ouvido falar da expo- e mal conversou com o Durst, que perdeu a chance de ganhar um dinheiro extra na publicidade. Muito estranho. Na exposição, tínhamos colocado os desenhos do J.U. Campos e do Augustus, que ilustravam para a Editora Brasiliense, perto dos desenhos do Príncipe Valente para mostrar que eram plágios. Então dizíamos: "Esses caras são contra histórias em quadrinhos, mas ficam copiando autores de HQ!". Botamos uma tarja preta nos nomes dos desenhistas, por cuidado e ética e o Caio Prado Jr., dono da Brasiliense foi à exposição e viu que os desenhos eram copiados. Trocou de artistas, optando por André Le Blanc. Nessa noite da visita, sua filha Yolanda Prado foi com ele. Hoje, ela é a dona da Brasiliense. A Melhoramentos me cortou como colaborador por causa dessas provocações. A exposição tinha um painel assim: "Wilhelm Bush – 1867, (e ao lado): Editora melhoramentos – 1950. Algumas editoras se dizem contra as histórias em quadrinhos, mas na verdade estão meio século atrasadas." Pietro Maria Bardi avisou que iria à exposição. Adiamos o fechamento da mostra por um dia, para recebê-lo. No dia, Pietro ficou no centro da exposição olhando para o teto, mas sua mulher, Lina Bo Bardi, acompanhou todos os passos dos painéis, atentamente… Só em 1970 – 20 anos depois – quando o Palais du Louvre (*), fez uma exposição de bandes dessinées na França, é que o Pietro resolveu importar essa exposição para o MASP e apresentá-la no Brasil, sob os auspícios da Escola Panamericana de Arte. Enfim, nossa turma saiu em busca de outras fontes. O Jayme Cortez teve uma carreira na ilustração e na publicidade e foi produzir como sócio para a editora e gráfica do Miguel Penteado, incentivando o quadrinho brasileiro e lançando artistas nacionais, inclusive Maurício de Sousa, o Syllas Roberg foi para a televisão, o Reinaldo de Oliveira dedicou-se à produção gráfica. Eu fiz carreira na TV. Todos abandonamos a história em quadrinhos, mas nossa passagem tumultuou tanto o ambiente, ou seja, mexeu com a televisão, a imprensa e o rádio que abriu caminho para que uma nova geração como Maurício, Ziraldo e outros encontrassem pessoas aceitando a história em quadrinhos e acreditando que artistas brasileiros pudessem produzir HQ. Em 1965, a Bienal de S.Paulo trouxe a exposição de Bordighera e pediu nossa colaboração. A vinda do prof. Romano Calisi da Universidade de Roma propiciou um convite para irmos a Lucca, na Itália. Cortez, Maurício, Sergio Lima e eu lá fomos e iniciamos um contato até hoje com os eventos no mundo todo sobre comics, historietas, tebeos, fumetti, bandes dessinées, mangás, etc. Jacó Guinsburg, um dos diretores do Centro Cultura e Progresso, nos anos 70 editor da Perspectiva, organizando a coleção Debates, me convidou para escrever um livro, "Shazam!". Levei as provas da gráfica antes do livro ser publicado para Syllas ver. Estava entravado na cama, apenas movimentava os olhos argutos. Mostrei para ele as provas: "Veja, você era o escritor da turma e, no fim, quem escreve um livro, injustamente, sou eu…" Parti, sem saber que tinha entendido ou não o que eu falara. Mais tarde se foi o grande mestre das novas gerações, Jayme Cortez, deixando uma lacuna aberta para sempre. Ninguém, jamais será o líder despojado e sem interesses pecuniários ao ajudar os jovens da nova geração. Finalmente Reinaldo de Oliveira também partiu. Miguel Penteado e eu, os sobreviventes, prestam esta homenagem a estes três abnegados lutadores pela arte a e a cultura brasileira. Porém, na época, não tínhamos a noção de que um resultado amplo assim pudesse ocorrer. Nós fizemos isso apenas para poder pegar um desenho do Alex Raymond e ver como é que era! E deu tudo isso. Então, agora em 18 de junho de 2001 completam-se 50 anos da 1ª exposição de quadrinhos do mundo. Hoje a França reconhece que o Brasil foi o primeiro país do mundo a fazer uma exposição de comics, em 1951. Vejam, só em 1965 é que Bordighera fez a primeira (segunda) exposição de fumetti. Nessa época todo mundo já falava de HQ e foi mais fácil. Por outro lado, a famosa Semana de Arte Moderna de 22 era uma cópia do que Picabiá, René Clair, Cézanne fizeram em Paris. Nós nos antecipamos a Paris em doze anos! Espero que vocês, como brasileiros, se orgulhem desse feito nacional. Obrigado! "

(*) Exposição "Bande Dessinée et Figuration Narrative", de 1967, pela Societé Civile D’Etudes et Recherches des Literatures Dessinée (Socerlid), Paris.

** Agradecimentos efusivos ao amigo Moretti, por ter enviado o texto do professor de Moya

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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