Lobo Solitário (Kozure Ookami)

Em 1970, a dupla Kazuo Koike e Goseki Kojima revolucionou as histórias em quadrinhos com a criação de Kozure Ookami, um mangá como nunca tinha se visto até então. Kazuo, um argumentista de primeira linha que décadas depois criaria Crying Freeman, realizou extensa pesquisa sobre a época dos shoguns no Japão para apresentar, nos mínimos detalhes de contexto político e social, uma história sobre um samurai acusado de traição.

Além do excelente argumento, os desenhos de Kojima eram uma grande atração. A leveza e a beleza dos golpes de espada, ressaltadas por um traço poderoso, eram tão reais que as lutas dispensavam qualquer tipo de comentário e muitas vezes percorriam páginas e páginas sem nenhuma palavra, deixando o leitor em êxtase.

Lobo Solitário estourou no Japão na década de 1970 e vários filmes do personagem chegaram a ser produzidos – só no país de origem foram pelo menos seis, a maioria sob o comando do diretor Kenji Misumi.

Somente nos anos de 1980, no entanto, o Lobo ganhou o mundo, após ser lançado nos Estados Unidos (em 1987) com o título de Lone Wolf and Cub (Lobo Solitário e filhote).

No Brasil, a saga do Lobo Solitário começou a ser publicada no final dos anos 80 (em 1988, um ano depois que chegou aos Estados Unidos) pela editora Cedibra.

Foram lançados nove edições no formato americano, contendo uma história por edição.

A partir de 1990, a Editora Sampa começou a publicar o personagem em formato menor, com 128 páginas e duas histórias por edição. Nesta mesma época foram lançadas ainda três almanaques de republicações, de 260 páginas cada. A partir de 1993 a Editora Sampa zerou a numeração, continuando com o formato menor, só que agora com apenas uma história por edição. Esta nova série foi até o número cinco e parou. Nos anos 2000, porém, a Panini Comics lançou por aqui a obra na íntegra.

Enredo

Ito Ogami era o executor oficial do Shogun, usando sua habilidade com a espada para ceifar (literalmente) a vida dos senhores rebeldes que desafiavam o poder imperial. A destreza com a lâmina o tornou uma lenda, mas despertou a inveja do clã Yagyu – composto por assassinos também incumbidos de fazer valer a vontade do Shogun, mas que cobiçavam o cargo de Ogami.

Os membros forjam provas contra ele e matam a m esposa de Ito. Ele e o filho, Daygoro, escapam porque estavam rezando em um local próximo. Ao voltar para casa, Ogami jura perante o corpo da esposa e os olhos do pequeno filho que irá se vingar e matar todos os que tramaram contra ele, mesmo que para isso sacrifique a própria vida –e a de Daygoro.

Primeiro é preciso fugir, já que o shogun agora está contra ele. Ogami torna-se um fora-da-lei e, vagando pelas províncias do Japão feudal acompanhado do filho, espalha morte e justiça, aparentemente a esmo e muitas vezes oferecendo a astúcia e a espada como assassino contratado.

No final da série o leitor descobre que as matanças aparentemente randômicas faziam parte de um plano bem mais elaborado. A história atinge seu clímax na luta mortal entre Ito Ogami e o patriarca Yagiu, na qual um dos dois encontra o destino final e, curiosamente, o destino de Daygoro fica em aberto para a imaginação (e talvez a esperança) do leitor.

 Personagens: Os personagens fixos são o próprio Lobo Solitário e seu filho Daygoro. Além deles aparecem vários Daymios (espécies de administradores dos senhores feudais japoneses), samurais, guerreiros e habitantes das mais diversas vilas japonesas. O papel de antagonista principal cabe ao clã Yagiu e os assassinos contratados por eles.

Curiosidade: ídolo e inspiração de Frank Miller

O quadrinista e deus dos quadrinhos Frank Miller é um dos maiores fãs de Lobo Solitário. Tanto que desenhou todas as capas das edições norte-americanas (lançadas nos EUA a partir de 1987).

Miller também se inspirou no personagem para criar sua famosa série Ronin e também usou movimentos e táticas de artes marciais do personagens na criação do arco Elektra Assassina, ambos da década de 1980. 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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