Em 1987, o roteirista Kazuo Koike, criador do famoso mangá Lobo Solitário, uniu-se ao desenhista Ryoichi Ikegami para publicar um novo personagem. Assim, no traço de Ikegami, considerado um dos mais elegantes dos mangás atuais, surgiu Crying Freeman, publicado originalmente na revista japonesa Big Comic Spirits (Editora Shogakukan).
Com uma história cativante e belos desenhos, em contraste a muita violência e sexo, o herói conquistou o Japão e boa parte do mundo. Nos anos 1990, a história foi lançada no Brasil pela Nova Sampa (outras pequenas editoras também haviam lançado alguns números nos anos 1980), mas principalmente em decorrência do papel de má-qualidade e pouca propaganda, o herói não vingou por aqui.
Em 2006, a Panini editora relançou a série, desta vez completa, em dez números (até julho de 2007), em uma coleção com belas capas e direito a um mini-poster por edição – cada uma delas tinha em torno de 230 páginas e custava R$ 9,50.
Mas em outros países o personagem fez tanto sucesso que virou série de desenho animado. A animação foi lançada no Japão, Europa, Estados Unidos e chegou a ter seus direitos comprados pela Mundial Filmes para ser lançado em vídeo no Brasil – o que, ao que se saiba, acabou não acontecendo.
O personagem também ganhou versão para a telona em 1995, com direção Brian Yuzna (Querida, encolhi as crianças). Um detalhe que chama atenção em Crying Freeman são os vilões pitorescos, que dão à trama o tom exagerado que, aliado à violência exagerada, fazem a série ficar entre o cult e o trash.
Enredo
O jovem artista plástico Yo Hinomura descobre acidentalmente fotos de um assassinato escondidas em uma de suas obras, durante uma exposição de cerâmica em Nova York, e decide voltar ao Japão para entregá-las à Polícia.
No aeroporto, no entanto, Yo acaba sendo raptado pela quadrilha mafiosa dos ‘108 Dragões’, responsável pelo assassinato, que faz uma espécie de lavagem cerebral no rapaz. Por causa deste procedimento, a máfia passa a controlar Yo, como se ele fosse uma espécie de autômato, para realizar assassinatos de seus inimigos.
O rapaz só recupera o controle mental após os crimes, o que faz com que ele chore por suas vítimas. Percebendo o talento de Yo para os assassinatos, no entanto, a máfia decide adotá-lo e treiná-lo para ser um novo “dragão” e substituir o líder dos assassinos.
Após um duro treinamento e uma série de missões teste, Yo é aprovado, recebe uma série de tatuagens de dragão cobrindo seu corpo e o codinome de Crying Freeman (no original japonês o codinome significa algo como “o homem que chora e anseia por liberdade”).
Depois de várias brigas com a máfia italiana (que tenta matar seu mais forte concorrente) e a própria Yakuza (máfia japonesa), Yo tem um de seus assassinatos testemunhado por uma jovem japonesa, Emu Hino. Tempos depois, volta ao Japão para matá-la, mas acaba se apaixonando por ela.
A moça acaba se tornando consorte de Freeman e também uma perigosa matadora, que terá o tigre tatuado em todo o corpo. Como líder dos Dragões, Yo passa a ser conhecido como Long Tai Yang e abandona completamente sua identidade original. A esposa, Emu Hino, também muda o nome para Hu Ching Lan. Ambos comandarão os 108 dragões contra uma série de inimigos – e a maioria das mulheres da série, independentemente de se aliarem a Yo ou continuarem tentando matá-lo, também se transformará em amante do Cryiing Freeman.
O final da série é apoteótico, com os principais lutadores em uma batalha (literalmente) nua e crua, pra Tarantino nenhum botar defeito.
Personagens
Crying Freeman (Yo/Long Tai Yang) e sua esposa Emu (Hu Ching Lan) são os personagens centrais da trama. Além deles, se destacam entre outros:
Bai Ya Shan – Uma mulher gigantesca neta dos 108 dragões, ama Crying Freeman
Long Fu, o pai Dragão – ex-líder dos 108 dragões, saiu do cargo para ser substituído por Crying Freeman.
Hu Feng Ling, A tigresa – esposa do pai Dragão, é uma assassina perigosa que treinou Freeman e orienta seus passos. Pelada e com uma metralhadora na mão (ou mesmo sem ela), a velhinha é um perigo!
Huang de Yuan – Braço direito de Freeman quando ele assume a liderança dos 108 Dragões
Shudo Shimazaki – líder da Yakuza. Por pouco tempo.
Hiuji Hanada – líder da organização criminosa Hakushin… até dar de cara com Freeman.
Kimmie Hanada – viúva do yakuza Hiuji e inimiga de primeira chamada de Yo, torna-se também líder da organização cruiminosa Hakushinkai.
Sr. Nitta – Policial de moral duvidosa que tenta impedir a expansão da Yakuza no Japão, mas se envolve com Kimmie Hanada.
Professor Mikage – Ex-mestre de artes de Meu Hino na faculdade.
Dark Eye (Pagnag) – inicialmente inimiga de Yo, torna-se amante dele. É uma lutadora negra extremamente hábil e líder do grupo Presas da África.
Tougoku Oshu – lutador gigante e sem nenhuma moral.
Nina Heaven – Lutadora poderosa que combate com Yo no ringue e na cama.
Naiji – líder da seita Kumagakyo, se alia a Kimmie para tentar substituir Yo no comando dos 108 dragões
Romanov – um gigante da máfia Russa
Curiosidade: Erotismo até certo ponto
Todas as histórias de Crying Freeman têm um forte erotismo e é fato raro uma HQ do herói não mostrar, ao menos uma vez, uma mulher nua. O detalhe é que, apesar de terem seios e pernas perfeitas, há algumas versões do mangá em que as mulheres do mangá têm, literalmente, nada entre as pernas. O mesmo acontece com os homens, aliás. Isso porque algumas editoras que publicaram – ou republicaram – os quadrinhos optaram por censurar a obra nas versões que imprimiram. Por isso nestas versões, toda vez que uma cena de sexo é mostrada ou há um close em um órgão genital, ele é substituído por um vazio.
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