Singularidade…duplicada! Danilo Beyruth faz bonito mais uma vez com o Astronauta

Singularidade é a característica daquilo que é único, singular. Neste sentido, o título da última Graphic MSP de 2014 – lançada em dezembro – está equivocada. Afinal, este é a segunda aventura do personagem Astronauta assinada por Danilo Beyruth e, assim como fez da primeira vez (com Magnetar), o autor presenteia os leitores com uma HQ fantástica e repleta de aventura em clima de ficção científica.

Aliás nem tanta ficção assim, já que (como na primeira incursão de Beyruth com o Astronauta) a linha condutora da história é toda embasada em ciência e em teorias existentes. A começar pela tal singularidade que, apesar do trocadilho inicial deste texto, obviamente não se refere à HQ ser a única do gênero ou do autor e sim a uma questão astronômica.

“Singularidade gravitacional” é um conceito cosmológico que se refere a uma curvatura infinita no continuum espaço-tempo e abrange eventos como o próprio Big Bang e buracos negros. Assim como em Astronauta Magnetar, Beyruth trabalha este e outros conceitos de astronomia de maneira leve e palatável, aproximando a história da ciência real sem deixar que o leitor se perca dentro dela.

Astronauta Singularidade é, sim, uma continuação de Magnetar. Contudo, trata-se de uma aventura fechada e quem não leu o primeiro (está esperando o quê?) não terá nenhum problema em acompanhar este, já que as informações relevantes do “episódio 1” para esta aventura são trazidas à baila pelos personagens.

Na Terra após a missão mal sucedida nos confins do espaço, Astronauta se vê às voltas com a desconfiança de sua própria agência ( a Brasa – Brasileiros Astronautas), que não está certa de sua sanidade. Por esta razão, o herói é obrigado a fazer terapia com uma psicóloga da própria agência e, quando surge uma missão importante ao espaço, é obrigado a levá-la junto. Aliás, não só ela: um misterioso major também vai junto, afinal o país dele ajudou a resgatar Astro do espaço quando o herói estava a deriva e tem informações fundamentais sobre a tal singularidade.

Para quem está acostumado a singrar sozinho pelo espaço, ainda mais após uma experiência de quase morte, três é demais, no entanto Astronauta não pode escolher. Desde o início, fica claro que o cosmonauta estrangeiro tem uma agenda paralela, assim como o fato de que em algum momento o romance que está no ar entre a psicóloga e Astronauta (mais por parte dela do que dele, é bom notar, pois Beyruth foi fiel a Maurício neste ponto: o herói continua apaixonado e assombrado por sua eterna Ritinha).

Desde o início foca claro para Astronauta que há algo errado com os interesses do tal Major, mas, questiona a psicóloga, será isso mesmo ou ainda um resquício das paranoias adquiridas anteriormente e das quais ela tenta tratá-lo. Aliás, cabe aqui um curioso parêntese: o personagem principal, como sabem os fãs de Maurício de Sousa, chama-se Astronauta Pereira (isso mesmo, “Astronauta” é o primeiro nome dele e ao mesmo tempo sua profissão).

Talvez brincando com o fato, Beyruth optou por não dar nomes próprios a nenhum dos demais personagens: quando estão dialogando e não se chamam por você ou ele, são apenas “Chefe”, “Doutora” e “Major”. Impossível não se lembrar aqui de Bill Watterson respondendo a leitores sobre o porquê dos pais de seu personagem mais famoso, Calvin, não terem nomes e sim serem chamados meramente de “pai”e “mãe”. Basicamente, afirmou Watterson, porque isso não importa, tudo o que importa para a tira é que eles são o pai e a mãe de Calvin. Logo, chefe, doutora, major…

Além do argumento bem amarrado, Singularidade mais uma vez traz elementos no desenho que já se mostraram efetivos em Magnetar: os painéis grandes a La Moebius, ocupando mais praticamente páginas inteiras e reforçando a grandeza do universo (lindos de ver, mas difíceis de escanear para colocar em sites…heh, heh, heh); os vários trajes diferentes para ocasiões distintas e referências a histórias antigas do personagem original.

Neste último quesito, destaque para a famosa HQ dos homens-geléia, que com certeza marcou a infância de muitos leitores hoje adultos e potenciais leitores desta Graphic MSP.

Por fim, é preciso dar méritos a Cris Peter, que coloriu magnificamente os desenhos de Beyruth. Astronauta Singularidade tem 80 páginas e é encontrada nas versões de capa cartonada (R$ 19,90) e capa dura (R$ 29,90).

 

NOTA DO CRÍTICO: Esse é bom

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