Yellow Kid

Richard Felton Outcault, um americano descendente de alemães, começou a carreira como cartunista no início da década de 1890. Em 1894 ele passou a trabalhar com o New York World, do jornalista Joseph Pulitzer, e foi nas páginas do World que surgiu pela primeira vez The Yellow Kid, ou O Garoto Amarelo.

A primeira aparição foi em 17 de fevereiro de 1895 na tira Hogan’s Alley, que se tornou semanal assim que foi lançada. Em 5 de maio do mesmo ano, veio a primeira tira colorida. Detalhe: a camiseta do garoto era azul.

Somente em janeiro de 1896 o camisolão do personagem ficou amarelo e, em março daquele mesmo ano, o garoto “disse” suas primeiras palavras (até então, só apareciam frases sarcásticas na camisa).

Quando Outcault saiu do jornal em que trabalhava para ser empregado do principal concorrente de Pulitzer, William Hearst, o ex-patrão contratou outro quadrinista, George Luks, para fazer as tiras.  Por um problema de direitos autorais, a Justiça definiu que o personagem pertencia tanto a Pulitzer quanto à Outcault, por isso os dois poderiam dar continuidade às tiras.

Assim, em 1896, Outcault relançava o mesmo personagem agora com a tira já nomeada The Yellow Kid, mas desta vez o autor fez uma história sequenciada cômica e utilizou balões. Daí surgiram dois termos usados ainda hoje nos Estados Unidos e (pelo menos um deles) no resto do mundo: “comics”, para se referir aos quadrinhos publicados nos jornais de domingo, e “yellow journalism” (jornalismo amarelo) para se referir ao jornalismo sensacionalista (em virtude da briga de baixo nível dos grandes jornais pelo  Garoto Amarelo e a vulgaridade do próprio personagem).

Por ser o primeiro personagem fixo semanal, em historinhas com balões e sequenciais publicadas por um grande veículo de comunicação de massa, o Garoto Amarelo acabou sendo considerado mundialmente como o marco de “nascimento” dos quadrinhos, ainda que tenham existido (várias) tiras e histórias antes dele vale lembrar, inclusive, que a primeira HQ do Brasil foi publicada 26 anos antes do Yellow Kid, por Angelo Agostini.

Em decorrência da vulgaridade dos temas abordados na série, Outcalt começou a ser censurado e abandonou The Yellow Kid em 1898, apesar de ainda ter colocado o personagem em aparições ocasionais de outra de suas HQs, Buster Brown (no Brasil, Chiquinho). Buster fez mais sucesso que o Menino Amarelo e não foi perseguido pelos censores. Na opinião de alguns especialistas, como o professor brasileiro Álvaro de Moya, isso ocorreu por puro preconceito, já que Chiquinho tinha um comportamento pior que o Menino Amarelo, mas ao contrário de seu antecessor era rico e bonito.

Outcault morreu no dia 25 de setembro de 1928, aos 65 anos de idade. Importante registrar que The Yellow Kid teve uma série de produtos de merchandising lançados na época, em especial bonecos de gosto duvidoso, além de canecas e relógios.

Ele também foi homenageado pela Marvel Comics comum personagem que aparece em HQ dos Runaways, como um integrante do grupo Street Arabs.

 
Enredo
O Menino Amarelo mostra as aventuras e desventuras de um garoto de orelhas grandes, careca e que usa um camisão enorme. Vivendo em um beco, ele vive aprontando com outras crianças e adultos, faz brincadeiras que hoje seriam consideradas violentas e, na época, eram pelo menos vulgares.
O camisolão do garoto era geralmente usado para colocar frases sarcásticas muitas planfetárias e ironizando situações políticas e candidatos da época, e em geral a ação era “muda” (os balões só apareceram em 1896 ). O Menino Amarelo era o personagem principal e de destaque da tira, sendo que nenhum outro personagem desta história chamou a atenção o suficiente para ter o nome registrado para a posteridade.

Curiosidade: Ele tem nome sim

Muita gente, estudiosos inclusive, não sabe, mas o Menino Amarelo tinha um nome sim: Mickey Dugan. Contudo o apelido dado em decorrência do camisolão ficou tão popular que às vezes até mesmo R.F. Outcault se esquecia.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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