Quem assistia nunca se esqueceu da música tema de abertura do mais famoso anime de corridas de todos os tempos. Speed Racer – que por aqui era chamado de Speedy (ispídi) – era o desenho favorito de milhares de meninos que sonhavam em pilotar o Match 5 e de meninas que queriam ser audaciosas e aventureiras como Trixie, a namorada de Speed.
Criada no Japão com o nome de MachGoGoGo, pelo autor Tatsuo Yoshida, a história do piloto -chamado Go Mifune no original – surgiu primeiro nos mangás, em 1966. Houve quem dissesse que o autor teria se inspirado em Elvis Presley para criar o protagonista, mais especificamente no filme Viva Las Vegas (de 1964), onde o personagem do cantor pilota carros de corrida. Essa “inspiração”, porém, nunca foi confirmada.
Independentemente disso, o mangá agradou ao público japonês e, como é comum naquele país, o sucesso nos quadrinhos rapidamente fez com que a obra fosse transformada em desenho animado, já em 1967. E, no mesmo ano, foi para os Estados Unidos onde tanto o desenho quanto próprio piloto ganharam o nome de “Speed Racer.”
No Brasil, a animação chegaria um pouco depois, em meados de 1968, na TV Globo. Curiosamente, porém, desenho e piloto foram mais uma vez rebatizados, desta feita como “Capitão Meteoro.” A prática de renomear desenhos animados e histórias em quadrinhos com nomes em português era muito usual por aqui, mas não se sabe exatamente o porquê da nova alcunha.
Talvez porque o nome “Meteoro” remetesse à velocidade e ao “M” do capacete do piloto e do carro, o Match 5 (no original, o M se refere ao sobrenome do piloto, Mifune). Além disso, super-heróis com nome de “capitão” eram bastante populares.
E havia ainda um personagem de ficção bastante famoso na chamado Jet Jetson, o Comandante Meteoro (no original, chamado inicialmente de Captain Midnight e depois de Jet Jetson Flying Commando). Esse herói se originou no rádio estadunidense no final dos anos de 1930, virou seriado televisivo nos anos de 1950 e no Brasil teve até histórias em quadrinhos nos idos de 1960.
Qualquer que seja o motivo, o desenho se iniciou como Capitão Meteoro na Globo, mas já era Speed Racer quando migrou para a TV Tupi em 1975 e passou a ser exibido – e se tornou sucesso – em todo o Brasil.
Vale-tudo
Ao todo, Speed Racer teve 52 episódios onde o piloto corria nas pistas mais fantásticas e perigosas de um “campeonato mundial de corridas.” Nele o jovem Speed, um piloto de apenas 18 anos, enfrentava não só o relevo e traçados sinuosos como adversários que faziam de tudo para vencer.
Utilizavam, inclusive, veículos “especiais” modificados e cheios de recursos pouco usuais – entre eles se destacavam o gigantesco “Carro Mamute” e a Equipe Acrobática, comandada pelo “Capitão Terror”.
Speed, por sua vez, pilotava um carro desenvolvido pelo pai, Pops (no original, Daisuke Mifume), e contava com a ajuda mãe Mom Racer (Aya Mifume); da namorada, a ex-jornalista Trixie (Michi Shimura); do mecânico Sparky (Sabu) e do irmão mais novo, Gorducho (Spritle, na versão em inglês ou Kurio Mifune na japonesa). Este último vivia se metendo em encrencas junto com o chimpanzé Zequinha (Chim Chim), com quem costumava se esconder no porta-malas do Match 5.
Entre os concorrentes de Speed estava ainda outro integrante da família: o Corredor X, que, sem que o protagonista soubesse, era o irmão mais velho dele, Rex Racer. Apesar de ser um ótimo piloto, o carro do Corredor X – batizado de Estrela Cadente – não era tão bom quanto o de Speed.
Aliás, nenhum carro era. O Match 5, além de design arrojado e motor poderosíssimo, tinha uma série de botões mais que especiais na direção, que iam de A a G.
‘A’ ativava propulsão a jato e um ‘elevador’ do veículo; ‘B’, pneus especiais para terrenos difíceis; ‘C’ fazia com que serras saíssem da frente do carro, cortando obstáculos (e às vezes carros de concorrentes); ‘D’ ativava um parabrisa anti-balas; ‘E’ ligava luzes especiais superfortes; ‘F’ ativava um sistema que possibilitava que o carro andasse embaixo da água; e ‘G’ soltava um pássaro robô que servia para mandar mensagens de socorro, entre outras coisas.
Reboots do anime
Em 1993, uma nova série – As Novas Aventuras de Speed Racer – foi feita pela Fred Wolf Films (a mesma dAs Tartarugas Ninja), mas o desenho não chegou nem aos pés do original e acabou sendo cancelado na primeira temporada, de 13 episódios.
Em 1997 foi a vez de Shin MachGoGoGo, ou Speed Racer X. Com traço atualizado e mudanças pequenas em nomes dos personagens e alguns detalhes, basicamente o novo anime seguia a mesma linha da série original.
Em 2008, a Nickelodeon levou ao ar Speed Racer: a nova geração, uma espécie de continuação do desenho original. Com um traço bem diferente, a série teve duas temporadas de 26 episódios cada (a primeira foi exibida de 2008 a 2009 e a segunda, de 2011 a 2013). O protagonista deste desenho era Speed, um órfão adolescente que sonha em ser um grande piloto como o xará famoso.
Ele acaba conseguindo entrar na Academia de Corridas Racer, dirigida por Spritle “Gorducho” Racer e terá que enfrentar o melhor aluno/corredor do local, ninguém menos que X Racer, filho mais velho do Speed original. E logo no início (surpresa!) o novo Speed descobre que também é filho do famoso piloto e X é o irmão mais velho dele…
Live-action
Nas telas, Speed Racer ganhou vida em 2008 em filme criado e dirigido pelas irmãs Wachowski. O longa, protagonizado por Emile Hirsch, fracassou nas bilheterias (as corridas, em especial, ficaram com cara de propaganda de Hot Wheels), mas é considerado por muita gente como um cult. Atualmente, pode ser encontrado nos streamings Max e Prime Video.
EM 2023, foi anunciado que o diretor e produtor JJ Abrams seria o responsável por uma série de Speed Racer para a Apple TV, mas por enquanto não há novidades a respeito.
Novos Quadrinhos
Depois da série original, em 1990 uma seleção dos melhores capítulos do mangá foram lançados em coletâneas pela Now Comics, que as batizou de Speed Racer Classics (posteriormente a Wildstorm relançou as coletâneas com o nome Speed Racer: The Original Manga). A Wildstorm também lançou em 1999 uma minissérie em três edições com o piloto, que foi publicada no Brasil pela Editora Abril no ano 2000.
Em 2008, a Digital Manga Publishing republicou integralmente o mangá integral nos EUA (no Brasil, a editora NewPop lançou um box “de colecionador” com o mangá em 2017). Ainda em 2008 a IDW Publishing lançou outra série em quadrinhos, Speed Racer: Chronicles Of The Racer, em quatro capítulos.
Por fim, agora em 2025, a Tatsunoko Production e o Mad Cave Studios lançaram um novo quadrinho de Speed Racer, por enquanto inédito no Brasil. A edição zero em inglês está disponível para kindle na Amazon e dá pra conferir uma amostra da história no link de venda.
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