Operação Cartum

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Operação Cartum
Livro-reportagem conta a evolução da profissão desenhista no Brasil

Uma história que, literalmente, não está no gibi… mas conta tudo sobre os profissionais que tornaram possível a existência das histórias em quadrinhos. Assim é Operação Cartum, livro-reportagem de Michela Yaeko Brandt Yoshimura que será apresentado ao público -e a uma banca de professores de Jornal – nesta segunda-feira, dia 28 de novembro. Em 98 páginas muito bem ilustradas, Michela traça um panorama da profissão desenhista no Brasil, com direito a depoimentos de gente graúda como Ziraldo, Laerte, Adão Iturrusgarai, Ota, Dálcio Machado e vários outros. Em tempo: o prefácio é de Fernando Gonsales, "pai" do Níquel Náusea.

"Quis mostrar uma profissão que ainda é muito desvalorizada e sobre a qual as pessoas em geral sabem muito pouco, ainda que quase todo mundo goste de tiras, charges, cartuns e HQs", conta Michela. O livro-reportagem foi realizado como projeto experimental para a conclusão do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), sob orientação do professor Dario Carvalho Júnior, o DJota – que além de jornalista especializado em quadrinhos é ele mesmo um cartunista, autor das tiras Só Dando Gizada, publicadas no Caderno C.

"O resultado do trabalho ficou muito bacana, pois não só faz um resgate histórico da profissão desenhista no Brasil, como mostra os campos de atuação, as formas e dificuldades para entrar no mercado e muito mais", diz DJota. Operação Cartum começa falando sobre como uma jovem promessa de Campinas, o cartunista Leandro Batista de Oliveira, encontrou um caminho para se desenvolver na profissão. Por meio da história de Leandro, o leitor fica sabendo mais sobre o estigma de ser desenhista, as escolas de desenho, o mercado brasileiro e internacional.

A partir daí, o livro leva os leitores a uma viagem no tempo na qual são apresentados os pioneiros da arte no Brasil, como Ângelo Agostini (considerado o criador das HQs no país), e, nos capítulos subseqüentes, vai apresentando os mais diversas entradas para a profissão – do desenho sindical aos grandes estúdios -, sempre alternando dados históricos com a situação atual daquele campo de trabalho.

Destaque especial para o capítulo 6, no qual a autora fala sobre as produções underground e relembra a história do funcionário público Alcides Caminha, o homem que, sob o pseudônimo de "Carlos Zéfiro", seduziu milhares de adolescentes brasileiros com seus gibizinhos pornográficos conhecidos como "catecismos". Por sinal, algumas ilustrações de Zéfiro são reproduzidas no livro, que traz também reproduções de – entre outros – Maurício de Sousa, Laerte, Dálcio e Bira Dantas, que também assina a arte da capa.

Vale ressaltar ainda que a autora reuniu, no capítulo final, uma série de dicas de cartunistas reconhecidos para as pessoas que querem fazer sucesso na carreira. São conselhos dos mais diversos tipos, dos mais sérios até aqueles mais-bem humorados, como o do quadrinista e ilustrador Rogério Vilela: "Tire a bunda da cadeira e vá bater na porta das editoras com seus desenhos embaixo do braço. Se não conseguir, tente de novo. Se ainda assim não conseguir, monte um grupo de pagode."

Por enquanto, Michela Yoshimura imprimiu apenas 100 cópias do livro, ainda sem editora. "Vários editores de quadrinhos que entrevistei mostraram interesse em publicá-lo e espero que isso aconteça em breve", diz. Os interessados em saber mais sobre a obra podem assistir à apresentação na segunda às 10h30, na PUC-Campinas, ou entrar em contato com a autora pelo e-mail michelayaeko@uol.com.br .

Alunos apresentam mais de 60 projetos

Mais de 60 projetos experimentais foram produzidos pelos alunos de jornalismo da PUC-Campinas neste ano e podem ser conferidos de perto pelo grande público. As apresentações dos projetos – que incluem livros reportagens, vídeos documentários, exposições de foto, trabalhos em rádio e em multimídia – são abertas ao público e ocorrem nos dias 28 de novembro e 5,6,7,12,13,14 e 15 de dezembro, sempre nas salas 800 e 801 do prédio do Centro de Linguagem e Comunicação, no campus I da universidade.

Os trabalhos são apresentados nestas datas em dois períodos, matutino e noturno, que se iniciam respectivamente às 8 horas e às 19h20. No período matutino, além de Operação Cartum, há diversos trabalhos interessantes como os vídeo-documentários "Gravações que Viraram Notícia" (sobre a atuação do perito Ricardo Molina em diversos escândalos políticos) e "Profissão Árbitro" (que aborda a vida dos juízes de futebol); bem como os livros-reportagem "Os vikings descobrem a América do Sul" (que fala da imigração sueca para o Brasil) e "Além do Túnel, uma Vila"(sobre a Vila Industrial de Campinas).

No período noturno, destaque para os livros-reportagem "Memórias de Velhas Prostitutas", que registra a memória de prostitutas idosas (algumas com mais de 60 anos) que ainda trabalham ativamente na rua Costa Aguiar, e "Ora, Copas", que mostra os bastidores da cobertura jornalística brasileira nas Copas do Mundo de Futebol.

Mais informações sobre as apresentações e os projetos podem ser conferidas no site www.puc-campinas.edu.br/clc .

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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