Série de tiras do cartunista DJota Carvalho faz crítica ao cenário eleitoral transformando candidatos e eleitos em animais antropomorfizados
O homem é um animal político, dizia o filósofo grego Aristóteles. Mas para o cartunista DJota Carvalho, os políticos é que são animais, e de uma maneira bastante literal. Aproveitando fatos reais do cenário de Campinas e do Brasil, DJota transformou políticos em animais antropomorfizados nas tiras “O Bosque das Campinas”, que publica na Internet.
“A ideia é brincar com os fatos que acontecem na política e na sociedade, um campo onde tem muitas piadas prontas, não só para que o leitor dê risada como também para cumprir o objetivo principal do humor: fazer com que o leitor reflita sobre determinadas situações”, diz DJota Carvalho, ou melhor, DJota Cavalo, já que o próprio autor também se colocou na situação de seus personagens.
A escolha dos animais nos quais transforma suas “vítimas”, por sinal, busca seguir o critério da identificação fonética entre sobrenomes e nomes dos bichos, algum traço estético comum entre animal e homenageado, ou ainda um bom trocadilho. “Deixo claro que não utilizo nenhum animal por causa de supostas qualidades atribuídas a eles. Ninguém seria um burro nas minhas tiras por falta de inteligência, até porque isso seria ofensivo. Ao burro, inclusive”, brinca.
Assim, surgem nas tiras candidatos a prefeito de Campinas como Pedro Carcarin, Jonas Periquete e Márcio Pókemon, prefeituráveis de São Paulo como Husky Omano, Tubarão-Serra e Hardy Ha-Haddad, e participações especiais de uma certa presidenta Buldoguilma. “Procuro brincar com os nomes como um bom fã de Disney, Carl Barks e Pogo faria. E em alguns casos há uma inspiração visual. Quando me deparei com uma foto de um gavião carcará e vi o topete da ave, logo identifiquei um parecido em um candidato e aí surgiu o Carcarin”, exemplifica.
Uma curiosidade das tiras é que parte de seus diálogos corresponde ipsis literis a frases ditas na vida real por alguns dos políticos retratados. “No caso do vereador Sapulitizador, por exemplo, ouvi e anotei o que ele disse em uma entrevista dada a uma rádio all news no início do ano e depois transpus para a tira”, conta.
Originalmente, o Bosque das Campinas surgiu em 2000, mas na época o projeto literalmente se perdeu. “Eu trabalhava como jornalista e não tinha muito tempo – nem experiência – para fazer as tiras. Ainda assim, desenhei umas vinte e cheguei a expor em um evento em um café da cidade. No entanto, quando acabou a exposição o curador não me devolveu os originais e, depois de alguma insistência minha, ele revelou que os perdeu. Como nem escanner eu tinha naquela época pra digitalizar, só sobraram as duas primeiras tiras em preto e branco”, relembra.
Este novo Bosque, porém, não só tem todas as tiras digitalizadas como pode ser conferido na Internet, tanto em uma fanpage específica do Facebook (http://www.facebook.com/bosquecampinas) quanto no blog do autor, http://djotices.wordpress.com/ . E DJota conta que pretende levar a tira além das eleições. “Posso estar errado, mas tenho a impressão muito forte de que a inspiração para as tiras está longe de acabar. Além do mais, ainda não tive a chance de apresentar personagens importantes, como o governador Au-Auckmin e a mosca Tsé-Tsé Dirceu”, diz.
E a reação do publico aos bichos do Bosque das Campinas, como anda? “A mais positiva possível. Se bem que os candidatos até agora não falaram nada, o que é compreensível, já que andam ocupados fazendo campanha. Reclamação mesmo só de um leitor, de achou que eu deixei alguns políticos muito fofinhos”, finaliza o cartunista.
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