O adeus do verdadeiro Rolo, pai do Louco e do Bugu

Mundo HQ

 

 
 
 
O mundo dos quadrinhos teve um final de semana triste. Na madrugada de sábado, 18 de junho, faleceu Márcio Roberto Araújo de Sousa. Criador de dois dos personagens mais diferenciados e divertidos da turma da Mônica, Bugu e o Louco, além de ter sido a inspiração para outro dos mais divertidos, o Rolo, Márcio lutava contra o câncer.
 
 
Menos conhecido que o irmão Maurício, Márcio também foi o compositor das trilhas dos filmes da Turma da Mônica – além de ter composto mais de mil canções temas para os personagens – e um dos primeiros roteiristas das tiras e gibis da dentuça.
 
 
 
“Ele era o verdadeiro artista da família, o pai do som da Turma da Mônica, o criador de personagens incríveis. Nos deixou nesta madrugada. Em paz. O importante é que ele foi embora sem sofrimento”, diz Maurício.
 
 
A relação de Márcio com os quadrinhos começou de maneira indireta: Cebolinha e Cascão foram inspirados por amigos dele. Quando Maurício começou a fazer tiras em maior número, entre o final dos anos de 1950 e início dos 60, teve ajuda do irmão (bem como da irmã Maura e outros amigos e familiares) e Márcio também se tornou roteirista.
 
 
 
Em 1964, o visual barbudo do músico Márcio inspirou o irmão a criar o personagem Rolo. E foi no início dos anos de 1970 que o próprio Márcio deu vazão à veia criativa para não só roteirizar HQs de Maurício, mas criar seus próprios personagens.  
 
 
O cachorro em forma de ovo (e amarelo) Bugu surgiu de uma brincadeira entre os irmãos. Como Mauricio tinha iniciado a carreira com o cão Bidu, que de certa forma abriu as portas da fama para o cartunista, Márcio inventou o cachorrinho que queria aparecer mais que o cão zaul. “Como eu criei o Bidu, ele resolveu criar o Bugu. Aquilo de ‘aparecer pra mamãe’ do personagem era ele querendo aparecer para nossa mãe também", lembra Mauricio.
 
 
Márcio com o visual que inspirou Maurício a criar Rolo: mais de mil canções para os personagens da turma e trilhas sonoras dos filmes da Mônica
 
 
 
O Louco, por outro lado, trouxe mais surrealidade para as histórias do Cebolinha e refletia o “estilo solto e alegre de Marcio”, segundo Maurício. Nos últimos tempos, Márcio – paulistano nascido em 3 de novembro de 1946 – se dedicava à produção de clipes musicais e seleção de animações para um canal de vídeos da Turma da Mônica no YouTube. Recentemente, a Panini lançou um gibi oneshot especial com histórias do Louco.
 
 
 
Para homenagear Márcio, bem que a editora poderia fazer um especial com o enervante e divertidíssimo Bugu desde as primeiras histórias, possibilitando que o leitor  conheça mais a fundo – ou relembre – as histórias de um artista que foi muito mais do que o irmão do Maurício.
 
 
Os irmãos Maura, Márcio e Maurício: família unidade e de talento
 
 
 
(publicado em 19 de junho de 2011)
 

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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