Mundos em Guerra: e lá vamos nós de novo…
Se você compra os gibizinhos (por favor, nem vamos começar a discussão formatão versus formatinho, OK? Deixem-na para o Fórum...) de super-heróis da Abril, já deve ter percebido o início de mais uma daquelas macrosséries que envolvem todos os títulos e remodelam diversos personagens. Trata-se de "Mundos em Guerra", uma odisséia criada pelo roteirista Jeph Loeb que promete "mudar o mundo dos heróis como o conhecemos" (inédito, não?)
Bem, como ainda vai demorar um pouco paera a série ser concluída e fica difícil julgar uma obra por um capítulo, não vamos fazer aqui uma crítica completa, temos de esperar para ver o tamanho do estrago… mas algumas considerações já podem ser feitas:
A favor de Loeb, temos o fato de ele ter roteirizado o excelente Superman: Quatro Estações e o razoável Batman: O Longo Dia das Bruxas. Talvez isso seja o suficiente para esperarmos um bom roteiro da Mundos em Guerra, mas não há garantias e a se julgar pelo primeiro número especial (nas bancas por R$ 5,90), bem…
Pra começo de conversa, trata-se de uma guerra que vai afastar definitivamente o mundo fictício dos quadrinhos DC do real. O afastamento já havia começado com a eleição de Lex Luthor para presidente (antes dele, o presidente era Bill Clinton, o mesmo do mundo real). Este afastamento é de certa forma necessário, pois se os heróis ficam reais demais fica difícil acreditar que eles não puderam impedir o atentado de 11 de setembro nos EUA ou mesmo que não podem morrer. Mas este parece ser um dos únicos pontos positivos da saga.
Logo neste primeiro número especial, a Abril já estampa na capa: "A Morte dos Pais do Superman". De novo, pois os pais de Clark já morreram e foram recriados diversas vezes na cronologia do herói, sempre reformulada quando um roteirista tem uma idéia brilhante do tipo: "vamos matar os pais do Super-Homem? Isso dá leitura e nos possibilita uma série de histórias mexendo com o ‘psicológico'(sic) do herói". Uau…
Pra piorar, o vilão é um no estilo Baine/Apocalipse, ou seja, surge do nada a caminho do lugar nenhum, é uma criatura que ninguém havia falado antes (antes que algum leitor me corrija, começaram a incluir pistas no primeiro número da extinta Premium do Super, mas só para preparar caminho para esta saga).
Visualmente, a criatura – que, antes que eu me esqueça, tem o nome original de "Imperiex" – é ridiculamente anabolizada e desproporcional e tem um uniforme de dar inveja aos Thunderbolts da Marvel, com direito a um espanadorzinho na cabeça e tudo…
Por fim, mais uma vez a saga vai propor aquelas alianças manjadas entre heróis e vilões pelo bem da Terra. Só para se ter uma idéia, além de ter como aliados Mongul e Darkseid, Super-Homem vai lutar lado a lado com Apocalipse, o monstro que foi seu próprio assassino e que queria destruir a Terra, o que torna um pouco difícil entender porque a besta agora vai ajudar a salvá-la.
Bem, talvez com novos elementos a série fique melhor e eu venha a usar este espaço para me retratar, mas por enquanto "Mundos em Guerra" me parece mais uma daquelas macrosséries caça-níqueis, que matam alguns personagens para chamar a atenção e mudam todo o universo DC até que alguma pesquisa mostre que os leitores não gostaram do resultado e que é preciso reformular tudo de novo pra vender mais. Mas, é claro, se você quiser saber o que vai acontecer, tem de ficar ligado e não perder uma revistinha (nem uma revistona). Pobres leitores.
Comentar