Mickey Mouse

“Tudo começou com um ratinho”, costumava dizer Walter Elias Disney, mais conhecido como Walt Disney, em suas centenas de entrevistas. Mas na verdade, tudo começou mesmo com um coelhinho. E com uma menina chamada Alice. Por volta de 1920, o ilustrador comercial Walt Disney e um desenhista de origem holandesa de quem ficara amigo no Kansas, Ub Iwerks, decidiram fundar uma produtora (batizada de Laugh-O-Gram Films) e criaram uma série batizada de Alice Comedies.

Misturando filme com animação (as imagens de uma menininha chamada Alice misturadas com a de ursos de desenho animado), o piloto da série chamou atenção, mas a distribuidora dos filmes faliu e Disney decidiu mudar-se para Hollywood. Na meca do cinema, Walt enfrentou dois meses de desemprego antes de assinar contrato com um distribuidor de Nova York que acreditou em Alice.

O sucesso da série foi o esperado e, em 1925, os lucros possibilitaram que Disney comprasse um pequeno lote em Hollywood e fundasse, com o irmão Roy e o amigo Iwerks, o Disney Bros. Studios (que mais tarde se tornaria o Walt Disney Studios).

Em 1927, Alice já não era um sucesso tão grande e Disney criou, então, um personagem que era garantia de sucesso: Oswald, o coelho. O problema é que Disney não era ainda o gênio empresarial que viria a se tornar e, em virtude de um contrato mal assinado, acabou perdendo os direitos do personagem.

A briga ocorreu porque Charles Mintz, o distribuidor dos desenhos, quis abaixar os custos dos filmes e Walt Disney não concordou. E, graças a um contrato não lido com atenção, Oswald passou para as mãos de Mintz.

Desolado, Disney tomou o trem para voltar de nova York a Hollywood e então, conta a lenda, sua vida mudou. “Sinto-me um rato”, teria dito Walt à esposa. Disney lembrou-se, então, de um camundongo que havia em seu antigo estúdio, com o qual brincava com a ponta do lápis e que chegou até mesmo a batizar: Mortimer. Mas a esposa, Lilian, achou o nome muito pretensioso e sugeriu “Mickey”.

O desenho do novo personagem foi encomendado a Ub Iwerks, que não teve grandes problemas para criar o bichinho: o corpo era idêntico ao do Gato Félix, que já fazia sucesso na época. A cabeça era a do coelho Oswaldo, mas as orelhas pontudas do coelho foram trocadas pelas orelhas que Iwerks desenhava nos ursos que contracenavam com a menina Alice. Assim nasceu Mickey Mouse.

Logo de cara, Disney produziu dois desenhos: Plane Crazy, baseado nas aventuras do aviador Charles Lindbergh na qual já aparecia a ratinha Minnie, e Gallopin Gaucho, onde Mickey contracenava com o vilão João Bafo-de-Onça (originalmente, Petleg Pete).

Mas os distribuidores de ova York não se interessaram pelo desenho. Mas, na mesma época, a Warner Bros. Introduziu o cinema falado/musicado, com o cantor Al Jolson. Disney, rápido no gatilho, resolveu entrar na jogada e criou a galope o desenho Steamboat Willie, estrelado por Mickey.

No dia 18 de novembro de 1928, Steamboat Willie foi apresentado pela primeira vez no Colony Theather, em Nova York. O sucesso foi tanto que, imediatamente, a equipe musicou os outros dois desenhos que já estavam prontos, juntou em uma só fita e lançou Barn Dance. Ninguém mais conseguiria segurar Mickey Mouse.

Em 1929, Disney começou a diversificar. Por força da crise na bolsa nova-iorquina, o empresário criou outros produtos – como relógios e brinquedos – para gerar verbas que possibilitassem colorir seus desenhos.

Apenas na década de 30, a média de desenhos curta-metragem de Disney atingiu 18 por ano. Em 32, Walt abocanhou seu primeiro Oscar pela criação de Mickey.

Em 1933, o primeiro gibi do personagem foi lançado, trazendo novos personagens, entre os quais um cachorro desengonçado chamado Dippy Dawg (rebatizado mais tarde como Goofy ou Pateta).

Em 1934, o desenho The Wise Little Hen apresentaria ao mundo um pato granador chamado Donald. Logo depois apareciam Os Três Porquinhos e a canção “Quem tem medo do Lobo Mau”, que se tornaria o hino do New Deal do presidente Roosevelt – Mickey e Donald também seriam usados a partir de 1942 em cartazes e desenhos de propaganda do governo, desta vez contra um monstro maior do que a crise: a Segunda Guerra Mundial. O nome “Mickey Mouse” foi, inclusive, usado como código para o desembarque de tropas americanas nas costas da Normandia, no famoso “Dia D”.

Disney, por sua vez, crescia cada vez mais com longa-metragens como Branca de Neve e os Sete Anões (1937), O Patinho Feio (1939), Pinóquio e Fantasia (1940). E em 1955, Disney criou um gigantesco parque temático na Califórnia: a Disneylândia.

Em 24 de dezembro de 1966, a revista Paris Match trazia em sua capa uma ilustração de Mickey chorando. Walt Disney, que há um mês atrás havia sofrido uma delicada cirurgia, morrera no dia 15 de dezembro, vítima de um colapso circulatório. Com a morte do pai, o camundongo nunca foi o mesmo.

O sucesso ainda perdurou um pouco na TV, por meio do Clube do Mickey nas décadas de 60 e 70, mas Mickey não conseguia emplacar mais nenhum filme – Mickey’s Christmas Carol (1983) e Runaway Brain (1995) foram um fiasco. Get a Horse!, curta de 2013, já obteve um pouco mais de sucesso.

Mas estar longe de grandes sucessos na telona parece não ter afetado tanto o camundongo: somente em 1997, a exploração comercial do personagem rendeu à companhia Disney um total de US$ 23 milhões (US$ 700 mil destes no Brasil).

Se na telona o camundongo não se deu bem nos últimos filmes, na TV foram vários sucessos seguidos, com as séries Mickey Mouse Works (1999-2000), House of Mouse (2001 a 2003, onde ele era uma espécie de host de um clube noturno) e A Casa do Mickey Mouse (este voltado para crianças menores, no ar de 2006 a 2016). Além disso, Mickey também estrelou alguns “filmes para a TV”, como “Os três mosqueteiros.”

Em 2013, voltou ao ar no Disney Channel com a série de TV Mickey Mouse, composta por diversos desenhos curta metragem onde os personagens exibem um visual mais clássico e um humor bastante escrachado e pastelão. E de 2017 a 2021 o ratinho foi protagonista de Mickey Mouse: Mix de Aventuras, voltada para o público infantil e apontada como sucessora dA Casa do Mickey Mouse – a série de desenhos também foram chamados de Mickey: Aventura sobre Rodas.

Enredo
Mickey Mouse é um cidadão exemplar da cidade de Patópolis, onde vive em uma casa com seu cachorro e, eventualmente, seus sobrinhos. Geralmente envolvido em aventuras detetivescas ao lado do amigo pateta e do Coronel Cintra, Mickey é um boa-praça certinho que também se aventura às vezes como jornalista e até como desbravador espacial, quer seja em patrulha ao lado do amigo Pateta e de um robô ultramoderno ou ao lado de seu amigo espacial Esquálidus e do estranho cão espacial Pfiff.
Às vezes Mickey também participa de aventuras no estilo Sherlock Holmes, fazendo o papel de Watson para o atrapalhado detetive Sir Lock Holmes. É ainda o líder moral e cívico de Patópolis e, se nos quadrinhos não contracena muito com Donald, nos desenhos vive agüentando o ciúme e os desastres do pato. Nos desenhos e quadrinhos mais antigos, por sinal, Mickey é mais divertido, aventureiro e razoavelmente inconseqüente, algo impensável nas aventuras mais novas.
Personagens
Além de Mickey, destacam-se o atrapalhado amigo Pateta, a namorada Minnie, os sobrinhos endiabrados Chiquinho e Francisquinho, os também amigos Horácio e Clarabela, o viajante de outra dimensão Esquálidus e seu cachorro Pfiff, o diligente Coronel Cintra e o engraçado cachorro Pluto. Mickey tem ainda um antagonista nas HQs chamado Ranulfo, que sempre que aparece tenta conquistar o coração de Minnie. Demais cidadãos de Patópolis também participam dos quadrinhos do camundongo às vezes.
Já entre os principais inimigos do herói estão o vilão Mancha Negra e Bafo-de-Onça (que no desenho da casa do Mickey virou um amigo que faz coisas erradas às vezes) e quando Mickey está ao lado de Sir Lock Holmes, o engraçado Professor Nefárius e os alunos da academia do crime.
Curiosidade: o Ratinho Curioso e sua namorada, Ivette 
Quando foi lançado no Brasil no início da década de 30, pela revista Tico-Tico, Mickey Mouse apareceu com o nome de O Ratinho Curioso. Pouco tempo depois, ganhou o nome Michei. Pateta manteve o nome “Dippy” por um bom tempo e Minnie foi “abrasileirada” para Ivette em algumas tiras.
Mickey hoje é famoso no mundo inteiro, mas ainda tem versões de seu nome em outros países onde é publicado, como por exemplo na China (onde é chamado de Mio Lao Shu), na Itália (Topolino), na Indonésia (Miki Tikus) e nas Ilhas Feroe (Mikkjal Mus).

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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