Mister Mxyzptl

Em 1944, na edição de número 30 do Super-Homem, um estranho vilão roubou a cena do Homem-de-Aço. Vestindo roupas de tons de laranja e roxo, sem mencionar um chapéu coco também roxo e cabelos prateados, a estranha criatura se identificava como um ser mágico da quinta dimensão.

Dono de um senso de humor peculiar, o duendezinho possuía poderes incríveis capazes de dar vida a manequins, mudar estados da matéria, criar gigantes a partir de simples brinquedos e, para complicar ainda mais a vida do Homem-de-Aço, ele sabia a dupla identidade de Clark Kent.

Ainda nesta primeira HQ, o estranho vilãozinho explica que seu nome é impronunciável pelos seres humanos e resolve adotar um nome para ser chamado na Terra. Materializando uma máquina de escrever gigante de dentro um outdoor, a criatura bate em teclas aleatórias e resolve adotar o “nome” que surge delas: Mxyzptlk.

Ou melhor, Mister (senhor) Mxyzptlk. O nome, que por sinal também não é nada pronunciável (soa como Micsispitlic ou coisa que o valha) logo se tornaria quase tão famoso como o do Super-Homem.

As histórias de mr. Mxy, como os fãs passaram a chamá-lo para ficar mais fácil, eram as preferidas, apesar de obrigatoriamente serem publicadas com intervalos regulares entre si. Isso porque cada vez que o Super-Homem o enviava para a quinta dimensão – o homenzinho era obrigado a voltar se dissesse o próprio ao contrário – Mxyzptlk tinha que permanecer por lá 90 dias até que um novo vórtice dimensional pudesse ser criado.

Para os leitores, o chamado “imp” (palavra em inglês que significa diabinho ou moleque levado) dava às HQs do Homem-de-Aço um tom humorístico, pois o homem da quinta dimensão podia criar qualquer coisa e, apesar de saber qual era o segredo da identidade do Super-Homem, se divertia mais em ameaçar Clark Kent e pregar as mais absurdas peças do que em efetivamente cumprir suas ameaças.

O clímax da popularidade chegou na década de 1970, no auge do psicodelismo, do qual Mxy – com suas roupas coloridas e magias absurdas – era um símbolo perfeito.

Tanto que a empresa Mego (1971/1983), responsável pela maioria dos bonecos articulados na época, escolheu Mxy para ser o único vilão lançado em sua linha de brinquedos. E teve que fazer duas versões, porque a primeira (abaixo), foi considerada assustadora demais para crianças.

O próprio Mxy, nas décadas de 80 e 90, chegou a assumir um ar mais cruel e perigoso em algumas HQs (em especial algumas criadas por Alan Moore). Em uma chegou inclusive a assumir uma aparência monstruosa e a matar amigos de Clark Kent – esta e a maioria das HQs mais pesadas de Mxyzptlk, porém, foi colocada fora da cronologia do Super-Homem, em histórias do tipo “elseworlds” (mundos paralelos, túnel do tempo, o que aconteceria se… etc, etc).


No final dos anos 90 Mxy voltou ao estilo mais humorístico, que pôde ser conferido recentemente nos EUA em um crossover da DC com Pernalonga e o pássaro Dodô. Também em uma edição mais recente (prevista para chegar aqui no Brasil em meados de 2002) Mxy resolveu entender a morte e para isso desafiou para um duelo ninguém menos que Apocalypse, o vilão que matou o Super-Homem. A história, que tem como capa uma paródia da edição da morte do herói, é engraçadíssima. Vale ressaltar que Mxyzptlk continua a ser um personagem secundário e não tem revista própria (como a maioria dos vilões), apesar de aparecer em destaque em várias edições especiais.

Enredo

Mxyzptlk é uma criatura da quinta dimensão que tem poderes fantásticos. Apenas com a força do pensamento ele é capaz de, por exemplo, rearranjar as moléculas de qualquer coisa (viva ou não) e transformá-la no que quiser.

No entanto, o sr. Mxy prefere usar seu tempo para pregar peças e brincadeiras nos seres de outros planetas. Seu escolhido deste século (e do passado) é o Super-Homem, de quem Mxy já chegou inclusive a tirar os poderes em uma determinada ocasião, quando criou a kryptonita vermelha.

A cada noventa dias o diabinho consegue passar para a nossa dimensão e apronta com o herói. Nessas ocasiões, a única forma de derrotá-lo é fazê-lo dizer em voz alta o seu nome ao contrário.

Mxyzptlk não se considera um vilão e sim um sujeito engraçado. Na verdade ele adora os joguinhos com o Super-Homem, por quem chega a nutrir até mesmo um certo carinho, mas as pegadinhas que ele aplica sempre representam um perigo mortal para o herói e, em geral, para o resto da humanidade.

Personagens

São os mesmos de Super-Homem, em especial o herói (tanto de uniforme como na pele de Clark Kent), Lois Lane, Jimmy Olsen e Lex Luthor. Em histórias mais antigas já chegaram a ser criados outras criaturas da quinta dimensão, no entanto a maioria delas permanece esquecida no limbo (para a sorte dos leitores, diga-se de passagem).

Uma exceção é o Batmirim (Batmite). Criado  em 1959 para ser uma espécie de senhor Mxy nas HQs do Batman, ele virou uma espécie de adversário do personagem mais velho, com quem normalmente se envolve em disputas para provar que o herói de Gotham é melhor que o de Metrópolis.

Os dois até já ganharam um edição especial na qual levam à disputa às últimas consequências – Os Piores do Mundo – e que foi lançada no Brasil pela Opera Graphica Editora.

Curiosidade: Plástica para TV

Mxyzptlk também conquistou os telespectadores que curtem o desenho animado do Super-Homem criado por Paul Dini (Super-Man Animated Series). No entanto, para entrar no desenho, o vilão teve seu visual completamente remodelado, lembrando mais Hortelino Troca-Letras (Elmer Fudge), do desenho do Pernalonga, do que o original das HQs.

Na telinha ele é mais gordinho, cabeçudo e tem até mesmo um ar abobado. As roupas também são mais normais e de outras cores. Mxy ganhou até mesmo uma namorada na animação. Como ele, ela tem um nome impronunciável (Gsptlsnz), mas assume uma aparência que lembra mais Jessica Rabbit.

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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