Lanterna Verde (Green Lantern)

Lanterna Verde é o nome não de um, mas de diversos personagens da DC Comics que vem sendo criados desde o ano de 1940 e que agem como super-heróis utilizando esse nome – por vezes, simultâneamente. Cada período teve um Lanterna marcante e o(s) personagem(s) tem grande popularidade não apenas nos quadrinhos, mas em desenhos animados, videogame, séries e memorabília – são particularmente  procuradas camisas com o símbolo da lanterna e,claro,anéis.

Um filme com Ryan Reynolds foi lançado em 2011, mas teve péssima recepção  e inúmeras críticas por parte de público e mídia. Para 2025 está previsto um novo filme. Tropa dos Lanternas Verdes, e para 2026, a HBO prevê o lançamento do seriado Lanterns.

Enredo e Personagens
Em 1940, o desenhista Martin Nodell (falecido em dezembro de 2006), estava no metrô quando viu um funcionário da manutenção se aproximando pelo túnel, carregando uma lanterna. Foi aquela imagem que inspirou, contaria Nodell anos mais tarde, a criação do Lanterna Verde.
Alan Scott, um bonitão loiro de caráter forte e um tanto moralista, acha uma lanterna mágica feita com um meteoro que caiu na China.
A lanterna tinha poderes mágicos que podiam ser utilizados por quem a possuísse e, assim, vestindo um uniforme com blusa vermelha e capa amarela, Scott se torna o primeiro Lanterna Verde dos quadrinhos.
Muito querido pelos leitores, Scott permaneceu nos gibis até 1949, quando o personagem foi cancelado.
Em 1959, o roteirista John Broome e o desenhista Gil Kane reformularam o personagem e surgiu então o mais famoso e querido de todos os lanternas: Hal Jordan (aliás, considerado por muita gente como O Lanterna Verde e ponto final).
 Piloto de testes arrojado da força aérea americana, Jordan encontra uma nave alienígena no deserto, durante um voo teste com um avião. Ele se aproxima do alienígena agonizante que pilotava a nave e ele revela se chamar Abin Sur.
O estranho ser diz a ele que é um Lanterna Verde, espécie de policial da galáxia. Os lanternas ganham seu poder de um bando de anõezinhos azuis chamados Guardiões. estes, por sua vez, habitam o planeta OA e de lá escolhem representantes em todos os setores do universo para zelarem pelo bem.
Sur dá seu anel, fonte de poder dos lanternas, para Hal Jordan, e morre. Jordan vira então um Lanterna Verde, guardião da galáxia – e protetor da Terra, em especial. Com o anel, ele pode criar praticamente qualquer coisa que sua imaginação permitir. A única limitação é a cor amarela: qualquer coisa desta cor impede a ação do anel do lanterna. Ah, sim, e o anel tem de ser recarregado esporadicamente na tal Lanterna (igualzinha à de Alan Scott).

O sucesso de Jordan foi tremendo e a característica espacial do personagem possibilitava os mais diversos argumentos. Ora na Terra, contra vilões, digamos, mais ordinários, e ora no espaço sideral, enfrentando situações e criaturas inusitadas (como o arquivilão Sinestro, que tinha um anel amarelo com poderes similares ao dos lanternas).

Ah, sim, também foram mostrados os Guardiões (anõezinhos a la mestre Yoda, mas azuis e de cabelos brancos) e diversos lanternas de outros setores, cada um mais estranho que o anterior.

As histórias de Jordan marcaram época, em especial na década de 70, quando a dupla Dennis O’Neil e Neal Adams uniram o personagem ao Arqueiro Verde em uma viagem pelos Estados Unidos.

Na aventura, o conservador Jordan e o reacionário Arqueiro (Oliver Queen) descobrem as diferentes nuances dos Estados Unidos e seu povo. essa minissérie, por sinal, foi lançada pela Panini no Brasil, em dois exemplares (Clássicos DC) vendidos a R$ 25,00 cada.

Várias vezes Jordan se ausentava da Terra nas histórias e, com essa justificativa, os editores viram a chance de fazer um teste de mercado e tentar criar um novo Lanterna “para defender o planeta nas ausências do titular”, sem afastar definitivamente o primeiro.

Em 1968, Guy Gardner (criado por John Broome e Gil Kane) recebe o anel. Filho de um pai alcoólatra e abusivo, Gardner era um assistente social que trabalhava com presidiários, cargo que abandona porque trazia à tona tendências violentas.

Gardner passa a trabalhar com crianças quando é abordado para ser um Lanterna. Nesta primeira aparição o personagem não chamava muita atenção do público e, após três anos, a Marvel idealizou um acidente de carro para tirar Gardner de cena (ele bateu quando não estava com o anel e ficou gravemente ferido).

Com Gardner fora, era hora de outro Lanterna. Em 1971, John Stewart, um homem negro (para desespero de muita gente preconceituosa da época), foi escolhido como substituto. Ele era um arquiteto que constantemente questionava autoridades que entendia estarem abusando do poder, algo que inclusive fez com que Hal Jordan questionasse a escolha, mas John acaba se provando um ótimo Lanterna.

O personagem foi criado por Denny O’Neil e Neal Adams e, dizem, teve o visual inspirado no ator Sidney Poitier. Interessante notar que Stewart é o Lanterna Verde dos desenhos da Liga da Justiça, por diversas razões, mas ao menos uma delas óbvia, a de conquistar o público infanto-juvenil negro.

Em especial após o realinhamento dos personagens DC promovido nos anos 80 – com Crise nas Infinitas Terras, em 1985 -, todos os lanternas Verdes passam a conviver no mesmo espaço (e na maior parte do tempo).

Nos anos de 1980 e 1990 , Guy Gardner teve a personalidade mudada, passando a ser mal-humorado e machão, ganhando destaque ainda em decorrência da violência que empregava com os vilões. Ele assume (por autoproclamação nas HQs) como “Lanterna titular.”

Eventualmente, Jordan voltou e retoma o título de Lanterna das mãos de Gardner após um emocionante duelo. Gardner, por sinal, descobre ser um alienígena e tornasse temporariamente o Warrior (guerreiro), outro herói com estranhos poderes, em uma série hilária com o não menos violento personagem Lobo.
Porém, em 1994, a DC armou uma reviravolta para o Lanterna (ou GL, para os íntimos). Hal Jordan, deprimido pela morte de toda a população de sua cidade em eventos concomitantes à Morte do Super-Homem, enlouquece.
O até então melhor dos Lanternas Verdes torna-se o vilão Parallax e a Terra precisa de um novo herói. Um anel é dado então pelo último sobrevivente dos guardiões, Ganthet, ao jovem desenhista Kyle Rayner que se torna o novo Lanterna, com direito a uniforme redesenhado e tudo o mais.
As aventuras de Kyle, muito bem escritas (em especial pelo fato de que ele comete muitos erros para se tornar o herói e é rejeitado por muitos colegas, como o Flash), conquistaram uma boa parte da nova geração de leitores.
Por um período, Kyle chega até mesmo a ter o poder de um deus e se autonomeia Íon, mas abandona voluntariamente o poder por achar que não é digno dele (uau).
Mas a DC não queria deixar Jordan morto, afinal, ele era O Lanterna Verde. Assim, primeiro colocou a alma do herói unida ao Espectro, para que ele purgasse seus pecados ajudando necessitados. Então, na minissérie “Renascimento”, a alma de Jordan é reconduzida ao corpo do herói, que havia sido muito bem guardado.
Jordan volta até mais moço e, para justificar tudo o que ele havia feito como Parallax, os roteiristas inventaram posteriormente que Parallax era uma entidade maligna que habitava a bateria central de energia de OA (e que era responsável pela fraqueza dos Lanterna frente à cor amarela – que, por sinal, não existe mais).
Junto com Kyle Rayner, John Stewart e Guy Gardner, Jordan luta contra Parallax e o aprisiona mais uma vez em OA. E, como no fim das contas não foi ele o responsável pela matança promovida por Parallax, o herói é absolvido e volta à ativa (ai, ai, ai…).
Os Lanternas também já enfrentaram uma poderosa ameaça, capitaneada por… Sinestro. Em uma grande batalha contra uma força de antilanternas, muitos Lanternas Verdes do espaço morreram, mas os integrantes principais GL Corps continuam vivos, ativos e juntos. Ao menos por enquanto (ênfase no “ por enquanto”).

 

Em novembro de 2019 surgiu uma nova Lanterna Verde:  Sojourner “Jo” Mullein. Mulher negra e filha de pai divorciados, ela resolveu entrar para o Exército depois dos ataques terroristas de 9 de setembro que destruíram as Torres Gêmeas em Nova York e, posteriormente, se tornou policial.

Jo testemunhou espancar um suspeito quase até a morte e queria denunciá-lo, mas antes de ter chance para fazer isso, foi misteriosamente demitida após ter o nome marcado anonimamente em uma postagem do movimento Black Lives Matter no Facebook. Logo após a demissão ela é abordada por um Guardião, que lhe entrega um anel de Lanterna lançando um desafio: “Um ano para você fazer a diferença.”

Quem, então, é o Lanterna Verde atual da Terra?  Todos. Jordan, Kyle, Gardner, Stewart são a Tropa Lanterna Verde (“Green Lantern Corps”) – que também conta com inúmeros outros alienígenas. O velho Alan Scott também é Lanterna, mas em geral aparece em HQs da sociedade da Justiça.

 Curiosidade: o juramento mais famoso do mundo
Fã de quadrinhos que se preza sabe –e adora – o juramento do Lanterna. Mais do que as camisas com o símbolo do anel amplamente vendidas, é fácil reconhecer um fã falando as duas primeiras linhas do tradicional juramento…ele completará o resto.
É claro, ao longo do tempo houve pequenas mudanças no texto e dependendo da tradução ele pode variar, mas a versão mais conhecida você confere abaixo:
“No dia mais claro,
Na noite mais densa,
O mal sucumbirá ante
a minha presença
Quem comete o mal
tudo perde
perante o poder
do Lanterna Verde!”

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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