Escola de Sacis

Mundo HQ

Se você acha que magia é coisa para bruxo inglês,
então está na hora de você voltar para a escola…

 

 

Saci, todo mundo sabe, é aquele molequinho negro de uma perna só, com gorro vermelho na cabeça e cachimbo na boca, que adora aprontar travessuras. Bem, pelo menos era isso que Samanta pensava até que, no seu 13o aniversário, ela descobriu que era uma saci. E então foi levada a uma escola para aprender tudo sobre teleporte, invisibilidade, poções e monstros como o temível boitatá.

No incrível mundo dos sacis, no qual feiticeiras trabalham como fiscais de escola onde até mesmo a Cuca e o ET (ou seriam ETs?) de Varginha arrumaram emprego, Samanta descobrirá que quase tudo que ela pensa ser lenda realmente existe e ainda terá que enfrentar um vilão misterioso.


Uma aventura de fantasia e muito bom humor que vai mudar para sempre seu jeito de ver as lendas do folclore brasileiro. E que já há quem classifique como uma mistura de JK Rowling (Harry Potter), Terry Pratchett (Disc World) e, claro, Monteiro Lobato (Sítio do Picapau Amarelo).

“Esta comparação me agrada muito, pois sou eu mesmo um leitor e admirador destes três autores. Na verdade, a idéia de Escola de Sacis surgiu realmente quando eu estava pensando no sucesso de séries como Harry Potter junto às crianças brasileiras e no fato de que, por causa dele, elas atualmente conhecem mais o folclore e a mitologia européia, com seus magos e dragões, do que sacis, bois-tatá e mulas-sem-cabeça”, conta Djota Carvalho, autor do livro de fantasia.

Ao mesmo tempo, acrescenta o autor, ele percebeu que os livros de fantasia no mercado são praticamente todos estrangeiros. “Assim, comecei a pensar como seria uma aventura deste estilo com elementos mais próximos do Brasil. E foi aí que veio a idéia de Escola de Sacis”, revela. O maior diferencial brasileiro, provavelmente, é o bom-humor que permeia o livro, em especial nas notas de rodapés “técnicas” que dão ao leitor mais informações sobre o fictício mundo dos sacis.

Para compor as notas, DJota não só criou livros de autores fictícios (ou nem tanto…) – como o gênio do marketing e curupira Duda Mão-de-Onça – , como também se apoderou de fatos reais que dão graça e verossimilhança à história. Desta forma, entre outras coisas, o leitor fica sabendo que os sacis têm a ver com a existência de água em Marte, o famoso acidente de Rosswell e até mesmo o gol tomado por Barbosa, o goleiro da seleção brasileira de 1950. E a protagonista Samanta, uma saci em formação, descobre a certa altura que pode ter sido responsável pelos ciclones que atingiram Criciúma (SC) e Indaiatuba (SP), por exemplo.

Ao longo de 26 capítulos, DJota Carvalho cria um mundo de fantasia próprio que o coloca na linha direta dos livros de Monteiro Lobato e companhia, e que promete despertar o interesse não só de crianças e jovens como também de adultos, que se identificarão bastante com o humor do que, ele promete, será uma série de livros. “Não sei dizer quantas aventuras, pois não dá pra programar a inspiração. Mas a segunda, O Curupira, já está praticamente pronta”.

 

Comentários da mídia

 

 

"Djota Carvalho desconstrói a figura lendária do Saci-pererê e, numa bela ficção, atribui novos sentidos aos personagens lendários da nossa cultura popular ao passo que reconstitui os seus primeiros sentidos de origem. Um mérito imediato da obra é o de retirar os personagens lendários de seu estado de dicionário, ampliando a sua rede de atributos (…)
Carta Maior, março de 2007

 

“Uma mistura de Harry Potter, Disc World e Sítio do Picapau Amarelo”
O Estado de S.Paulo – Caderno Estadinho, novembro de 2006

 

“ Inteligente e divertido (…) Obra independente que prima pela qualidade editorial (…) um possível futuro clássico da literatura infanto-juvenil brasileira”
Correio Popular, outubro de 2006

 

“Djota revive lenda nacional; obra relaciona
fantasia com realidade e valoriza cultura”

Diário de Marília, novembro de 2006

 

“Um verdadeiro deleite para quem curte
aventuras repletas de humor e magia”

Wizmania, novembro de 2006

 

"Obra conta a história de uma menina de 13 anos que
descobre que é uma saci, e aborda de forma
bem humorada a magia e o folclore brasileiro"
CBN Campinas, outubro de 2006

 

"A obra é uma mistura de JK Rowling (Harry Potter), Terry Pratchett (Disc World) e Monteiro Lobato (Sítio do Picapau Amarelo)"
Universo HQ, Novembro de 2006

 

"Uma história divertida, cheia de magia e aventura"
EPTV, outubro de 2006

 

"Divertido e muito criativo"
Programa Boa Leitura,
TVB, Outubro de 2006

 

"A história resgata personagens míticos da cultura brasileira ao
narrar a experiência de Samanta, uma menina que ao
completar 13 anos descobre que é um saci"

EPTV.com, outubro de 2006

 

 

Leia um trecho

 

 

 

 

 

– Acontece – e agora Samanta falava com a segurança de quem estudara Literatura Brasileira com afinco no colégio – que um saci, como qualquer idiota sabe, é um garotinho negro de toca e sunga vermelhas, cachimbo e uma perna só! Não precisa nem ter lido Monteiro Lobato pra saber disso, basta assistir o Sítio do Pica-Pau Amarelo na TV ou até ler um gibizinho! E a dupla de patetas aí parada é branca, um loiro e um moreno, vestida dos pés a cabeça e, oh, ambos têm as duas pernas!

– Dito, Dito, Maldito Dito! – os dois meninos falaram ao mesmo tempo, com uma entonação que lembrava uma mistura de canto e xingamento.


– O que é isso, agora? Mais coisa de saci, é? – perguntou Samanta, zombeteira.


– Na verdade, é sim. Trata-se de uma tradição de mais de 50 anos – respondeu Vítor, com aquele arzinho superior que começava a irritar Samanta. E, naturalmente, a atraí-la também… – Quase todas essas informações que você e os seres humanos acreditam saber sobre os sacis são a mais pura bobagem. E o responsável pela disseminação dessa bobagem é justamente o saci que nós acabamos de amaldiçoar: Dito Babosa!

– Dito, Dito, maldito Dito! – repetiu Zé Augusto.

– A história é a seguinte: os sacis, assim como outras criaturas não-humanas, estão na Terra há muito tempo. Sempre fomos, porém, os mais discretos entre todos. Ninguém sabia o que fazíamos, quem éramos, enfim, estávamos a salvo da curiosidade dos humanos e assim podíamos agir com mais liberdade. Até um fatídico verão de 1920. Sabe, quando chegam ao último nível na escola, antes de receberem o diploma de sacis graduados, alguns de nossa raça decidem comemorar e acabam exagerando um pouco. E, naquele ano, para azar de toda a comunidade sacizal, um dos que decidiu comemorar chamava-se Dito Babosa…


– Dito, Dito, mal…

– Ela já entendeu, Cabeção! Sossega!

"Dito Babosa" – contou Vítor – "era de uma das mais ricas e tradicionais famílias de sacis. Não apenas isso, os Babosa destacavam-se nos estudos das ciências e das artes. O bisavô, inclusive, havia entrado para a história ao descobrir como obter um poderoso elixir curador, misturando-se um perigoso ácido com folhas de algumas plantas. Durante a experiência, chegara a furar as palmas das próprias mãos, mas fazia questão de dizer que os buracos redondos que permitiam ver claramente o que havia do outro lado eram uma medalha por seus serviços, um preço pequeno a se pagar por tamanho avanço. Preço que, por um desses mistérios da natureza, transmitiu geneticamente a todos os seus descendentes, distinguindo-os entre os demais sacis. Um desses descendentes era Dito, que, no início da década de 20, estava terminando seus estudos de formação na arte de ser saci. Ao contrário da maior parte dos integrantes da família, porém, nunca havia feito nada de excepcional. Resolveu, então, que faria uma comemoração excepcional para marcar sua formatura. Junto com alguns colegas, bebeu a noite inteira antes da cerimônia. Mas, ao contrário deles, não dormiu até a tarde do dia seguinte, após encher a cara de pinga-com-mel (uma bebida tradicional entre os estudantes sacis, que, nesta área em particular, não são lá muito famosos por sua criatividade e muito menos pela disposição para gastar dinheiro). Decidiu, então, sair atrás de mais bebida… humana. E a achou dentro da garrafa de um senhor que pescava tranqüilamente na beira de um rio, em seu sítio na região de Taubaté. Rendido pelo homem ao tentar levar a garrafa, Dito acabou revelando a existência dos sacis e o pescador – que, descobriu-se depois, era também escritor e atendia pelo nome de José Bento Monteiro Lobato – publicou no ano seguinte um relato romanceado do encontro dos dois, em um livro chamado "O Saci". Só que ele achou que todos os sacis eram como o Dito e daí toda a confusão.

Então – perguntou Samanta, sem ter certeza se deveria rir ou não da história – não é verdade que todos os Sacis são negros?

– Há um grande número de sacis negros, assim como há brancos, amarelos, vermelhos. A cor da pele dos sacis varia como a dos humanos.

– E o gorro vermelho?

– O nome é carapuça, mas a cor varia de acordo com o nível de aprendizado do saci. No primeiro nível, ela é branca, no segundo é preta, no terceiro é amarela, no quarto é azul, no quinto é marrom, no sexto é cor-de-burro-quando-foge e no sétimo é vermelha. Sacis formados usam carapuças verdes, que variam de tonalidade de acordo com a profissão: professores usam verde-musgo, publicitários verde-limão, agentes do governo e autoridades, verde-oliva, e assim por diante.

– E a história de ter uma perna só?

– Bem, apesar de embriagado, o Dito sabia que deveria se esconder dos humanos, por isso usou de invisibilidade, uma capacidade que os sacis têm. Acontece que, mesmo sóbrio, ele já era um aluno medíocre. Bêbado, então… acabou deixando invisível só uma perna, além das roupas. Delas só não apagou a cuequinha vermelha, que combinava com a carapuça. Ele era meio estranho, sabe?

– O furo nas mãos, e o cachimbo?

– O furo era herança genética, já expliquei. Quanto ao cachimbo, acho que já deu pra perceber que ele era chegado em alguns viciozinhos, né ?

– Tá, mas e todas aquelas coisas que o saci faz e que se faz pra pegar saci, por exemplo? Saci anda mesmo em redemoinho ?

– Redemoinho, ciclone, tornado, furacão… mas só se passar no exame da auto-escola.

– E a peneira com cruz pra pegar saci ?

– Nem com cruz, nem com estrela de David, nem com pentagrama. Balela de bêbado.

– E prender saci em garrafa ?

– Dependendo do conteúdo da garrafa e da sede do Saci, até funciona.

– Dar nó em crina de cavalo ?

– O Dito queria ser cabeleireiro e estava treinando. Eu já disse que ele era meio estranho?

(…)

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

Comentar

Follow us

Don't be shy, get in touch. We love meeting interesting people and making new friends.

Most popular

Most discussed

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade.