Courtney Crumrin

Em 2002, o cartunista Ted Naifeh apresentou para o mundo uma personagem diferente: uma menina rude, mal-humorada e que, basicamente, não gosta das pessoas. Criada por pais que só querem saber de subir na vida e nem ligam para ela e obrigada a se mudar para uma escola cheia de crianças esnobes, Courtney Crumrin definitivamente foge aos estereótipos de personagem infantil.
Talvez justamente por isso, com histórias que mesclam magia e terror, a personagem rapidamente conquistou um grande público e até mesmo rendeu ao autor duas indicações para o prêmio Eisner de melhor série infantil. E, em 2007, a compra dos direitos para filmagem pela Dreanmworks, de Steven Spielberg,.
Os desenhos de Ted são muito bacanas, usando um pouco do traço mangá (em especial na personagem principal) e, ao mesmo tempo, detalhando bem  monstros e cenários. Tudo em branco e preto, o que ressalta o uso de luzes e sombras.

Do lançamento inicial até 2024, Courtney – uma bruxinha sarcástica e constantemente de mal humor, mas extremamente sincera e estranhamente adorável – já estrelou 14 livros. Courtney Crumrin and the Night Things, porém, foi o único lançado no Brasil, pela Devir editora, com o nome de Courtney Crumrin e as Criaturas da Noite ((128 páginas, R$ 20,90).

Enredo
Courtney Crumrin é uma menina extremamente mal-humorada, o que  só piora quando os pais – um casal de alpinistas sociais que a ignora solenemente – a obrigam a se mudar com eles para o casarão de um tio esquisito, Aloysius.
Para completar, os alunos da nova escola só querem saber de esnobá-la ou tirar o (pouco) dinheiro que ela tem.
Com uma vida dessas, não é à toa que Courtney sente-se bem mais à vontade com os monstros e estranhas criaturas que encontra morando na mansão do tio e nos bosques em volta dela.

Courtney descobre que Aloysius é muito mais do que aparenta e irá começar a aprender tudo sobre magia. Mas ao contrário das séries de TV em que avisam a “bruxa aprendiz” quais cuidados ela deve tomar e o que deve ou não fazer, a garota terá que se virar (quase) sem ajuda de ninguém, e vai ter que conviver  com seus erros e decisões.

Nem sempre o final será feliz para todos. É aí que entra o lado um pouco sombrio da HQ: as coisas as vezes dão errado e não há como consertar. Ainda assim, a vida continua. É como diz tio Aloysius quando Courtney tenta (e não consegue) salvar o bebê de uma família esnobe de ser vendido no mercado das fadas: “Sua preocupação me comove. Mas essas coisas acontecem, Courtney”.
Personagens
Além de Courtney, se destacam:

Aloysius Crumrin – Tio da menina,é um homem velho que vive isolado. Foi um bruxo poderoso e ama Courtney profundamente.
Os pais de Courtney – Um casal que só pensa em entrar na alta sociedade e que jamais deveria ter tido uma filha.
Calpurnia Crisp – É a professora de Courtney na escola. E também é bem mais que isso, como a menina irá descobrir..
Butterworm – Um goblin que vive na mata ao lado da casa de Courtney. Ele ajuda a garota porque é obrigado, mas não tem nada de bonzinho.
Butterbug – Irmãozinho de Butterworm. Não consegue falar direito porque tem a língua grande demais.
Boo & Quick – Dois gatos falantes que são ainda mais céticos que Courtney.
Tobermory – Um gato grande e cheio de cicatrizes que era o líder dos gatos da vizinhança.
Curiosidade: mais uma menina
Ted Naifeh também é o pai de outra personagem feminina que faz sucesso nos Estados Unidos: Polly Pringle, uma garota que vive uma vidinha típica até ser tirada de sua ótima escola por um grupo de piratas que insiste que ela é herdeira da rainha pirata Meg Malloy.
A história, batizada de Polly e os Piratas,  tem um tom de fantasia e aventura um pouco diferente dos trabalhos mais sombrios do autor – além de Courtney Crunrin, o autor tem no currículo o monstrinho Death Junior, o gótico Gloom Cookie (em parceria com Serena Valentino) e o proibido para menores How Loathsome (graphic novel sobre o submundo de San Francisco em co-autoria com Tristan Crane).
Há um ponto em comum, porém, entre Polly e Courtney: por mais que tenham personalidades diferentes, ambas são personagens fortes e sinceras dentro de histórias bem argumentadas, com quem o publico infanto-juvenil e o adulto se identificam.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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