Djota Carvalho
Round 1: História/Argumentos – Um acha que está certo quando está errado, usa seus poderes sem medir consequências, tem um jeito de falar peculiar e às vezes apresenta um comportamento infantilizado e cheio de birras, tem um jeito de pensar que foge à lógica básica e é acusado de causar inúmeras mortes em virtude de suas ações. O outro também. Criado em 1958 em uma história do Superboy pelo argumentista Otto Binder, Bizarro era inicialmente uma espécie de monstro – com algumas similaridades com Frankenstein – com todos os poderes do jovem herói. Depois daquela história em si, só voltaria a aparecer já adulto nas tiras de jornal do Superman, antes de ser incorporado de vez não apenas às HQs como aos desenhos animados e séries de TV – entre elas As Aventuras do Superboy (1988/1992), Lois & Clark: as aventuras do Superman (1993-1997) e Smallville (2001-2011). Durante todo este período, o personagem teve diversas origens diferentes, que incluem de ser um clone defeituoso do Superman a líder de um planeta bizarro, onde todos os conceitos são ao contrário dos da Terra, sem mencionar ter sido parte de um exército de clones do general kryptoniano Zod. De maneira geral, porém, o aspecto comum a Bizarro costuma ser o fato de ser uma espécie de “espelho” do Superman, ou seja, uma versão contrária ou deturpada do herói, extremamente poderosa, mas constantemente apresentada como intelectualmente limitada, com noções distorcidas de bem e mal e, por vezes, com problemas de degeneração celular que a levarão à morte.
Apesar de ter sido deputado federal de 1991 a 2019, o ex-militar Jair Messias Bolsonaro só entrou no radar dos profissionais do traço definitivamente quando se tornou o trigésimo oitavo presidente do Brasil (2019-2022). Foi retratado em especial em cartuns, charges e caricaturas em especial como vilão, ainda que existam diversos desenhos que o mostrem também como herói. Na maioria esmagadora deles, porém, não só é alvo de críticas como aparece como presidente mesmo, raramente sendo retratado de outra forma (diferentemente de seu sucessor, que na última batalha aqui do MundoKombat enfrentou Lula Molusco). Ainda que haja pontos em comum, portanto, os argumentos e histórias do antagonista do Superman são muito mais amplos e variados. Vitória de Bizarro#1.
Round 2: Visual. Apesar de ter sido retratado mais focado nos desenhos por apenas quatro anos, enquanto o rival já ultrapassa seis décadas de traço, o ex-presidente bizarro tem uma quantidade enorme de traços, já que foi retratado por diversos artistas diferentes neste período. Contudo, há poucas variações de “uniforme”: o padrão é terno e faixa presidencial, ainda que eventualmente apareça em trajes menos formais ou até como paciente em cama de hospital. O visual de Bizarro, porém, já variou muito mais. Não só no traço de inúmeros artistas como nas versões para desenho animado e live-actions. Bizarro venceR mais uma.
Round 3: Popularidade/Merchã – Agora a batalha endureceu. Sim, Bizarro é adorado por muitos fãs, tem linha de brinquedos (inclusive Funko Pop), participação em games, seriados de TV, memorabília, mas ainda assim costuma ser mais cult que pop. Não é sequer o primeiro vilão de Superman a ser lembrado pelos leitores – Lex Luthor ganha essa fácil. Por outro lado, o ex-presidente bizarro tem têm milhões de fãs ardorosos (e outros milhões de haters apaixonados), também já virou bonequinhos e tem até loja na Internet vendendo calendário e bugigangas. Um empate bizarro, talkey?
Round 4: Fight – Essa é fácil. Bolsonaro tem treinamento militar de paraquedista e prega o uso de armas (mas aparentemente não as usa muito, já que há episódio registrado de não ter destravado arma em clube de tiro). Porém mesmo que fosse armado, Bizarro é virtualmente invulnerável, é superforte, voa e tem superpoderes como “visão ártica”, “hálito de fogo”, “sopro de vácuo” e vários outros. Bizzaro arrebenta a concorrência.
Placar final: em duelo de bizarrices, vitória para o original! Bizarro vence ex-presidente bizarro
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