Bad Boy e Juiz Dredd

Mundo HQ

Politicamente incorretos.
Por quê, vai encarar?

 

Bad Boy e Juiz Dredd usam da violência e do politicamente incorreto para fazer quadrinhos inteligentes e de humor – nesta ordem…





Quadrinhos zombando o "politicamente correto" e a sociedade moderna não são novidade nem nos Estados Unidos – com todo o seu movimento underground que produziu nomes como Crumb e Jules Pfeiffer – muito menos no Brasil dos Skrotinhos de Angeli. Ainda assim, quando o genial Frank Miller (Sin CityBatman,Cavaleiro das Trevas) se une a Simon Bisley (Sláine, o Deus Guerreiro e Lobo) para explorar essa área das HQs, o resultado só poderia ser inédito e explosivo. Assim é Bad Boy, obra dos dois estadunidenses (afinal, canadense também é norte-americano…) que chega às bancas brasileiras nesta [primeira quinzena de novembro.


Na definição dada nos releases da editora, Bad Boy é o que aconteceria se o filme 
“Laranja Mecânica” fosse produzido por Walt Disney e dirigido pelos irmãos Wachowski… Mas como quase ninguém assistiu Laranja Mecânica e pouca gente se lembra que irmãos supra-citados são os atuais reis do besteirol no cinema americano, é bom a gente explicar melhor.


Bad Boy é uma crítica bem-humorada de Müller e Bisley ao moralismo da sociedade dos Estados Unidos. O garoto Jason – que é o "menino mau" do título – vive em um 
mundo perfeito, onde a violência, o crime e até mesmo os maus modos infantis foram erradicados, as famílias vivem em constante harmonia e todas as crianças são felizes. Bem, na verdade nãp são todas:Jason descobriu que existe algo muito errado com o mundo em que vive.


Ele desconfia que haja algo errado só porque, sempre que sai da linha, ele é perseguido por robôs assassinos. Além disso,o garoto que vive sob a constante impressão de que os dois adultos que dizem ser seus pais não o são. Para completar, sempre revive os mesmos momentos de sua vida, está transtornado com a imagem de uma mulher seminua e o único disposto a ajudá-lo é um gato. Falante, claro.


Usando todos esses elementos estranhos, Miller e Bisley fazem uma declaração de guerra ao conformismo e aos falsos moralismos que a sociedade tenta impor ao homem moderno, fazendo com que tudo o que não é “politicamente correto” seja visto com maus olhos.


Bad Boy é garantia de boas risadas, desde que lida com mente aberta e espírito crítico. A HQ, por sinal, é o primeiro material da editora independente Oni Press a ser lançado no Brasil e marca a estréia do título Pandora Books Apresenta. Nesta nova revista, a editora trará aos leitores brasileiros, regularmente, edições especiais com histórias completas – o próximo número do selo, também programado para Novembro, trará o Dia de Los Muertos, do cartunista 
Sergio Aragonés
Bad Boy tem 
40 Páginas coloridas, é publicado em formato 16,9 cm X 25,9 cm e custa R$ 5,90.



Enquanto isso, em Megacity…

Vísceras, sangue e muita pancada. Não, não se trata de um novo game da série Mortal Kombat nem mesmo do lançamento em vídeo do filmeGladiador. Estamos falando do número 2 de Juiz Dredd, que também chega às bancas na primeira quinzena de novembro.


Apesar de bem menos sutil que Bad Boy, Dredd também chega cehio de situações politicamente incorretas e humor de gosto duvidoso ( a imagem do rapaz no vaso nesta página não dá nem para aperitivo…)
Seguindo o mesmo humor pancadaria que agrada os fãs de Lobo, outro psicopata que faz um sucesso imenso na HQ-porrada, 
o Juiz Dredd está de volta em três aventuras no mínimo inusitadas que misturam ação, humor britânico (parafraseando Obelix: esses britânicos são loucos!!!) e pancadaria.


Na primeira história, “Campo Demento”, Dredd lidera uma equipe de cadetes em treinamento através da desolada Terra Amaldiçoada. Mas o que seria uma missão simples se transforma numa aventura mortal quando os juízes encontram uma colônia de férias cheia de crianças armadas até os dentes. 


Em “Rebosteio” (êta tituluzinho revelador), o carrancudo Juiz entra numa lanchonete para usar o banheiro, sem saber que uma gangue local está ali planejando um assalto às redondezas. E, é claro, os criminosos ficam convencidos de que Dredd não está lá por acaso, mas sim para prendê-los. Só podia dar m…
Por fim, 
em “Bimba”, Dredd usa um transportador interdimensional para perseguir o perigoso Zippidy, um criminoso meio estranho. Os dois chegam a um mundo cheio de animais fofinhos, do tipo que os leitores deste estilo de HQ odeiam e, claro, quem sai perdendo são os animaizinhos. Toda essa odisséia está em 32 páginas coloridas. O gibi custa R$ 4,90 e, se você gosta do gênero, não vai se arrepender. Se não gosta, é bom nem folhear, porque espirra sangue…

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

Comentar

Follow us

Don't be shy, get in touch. We love meeting interesting people and making new friends.

Most popular

Most discussed

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade.