Adão Iturrusgarai nasceu em 1965, na cidade de Cachoeira do Sul (no Rio Grande do Sul) e desde pequeno já começou a desenhar. Aos 17 anos, publicou os primeiros quadrinhos no Jornal do Povo, principal veículo de mídia impressa da cidade natal. Um ano depois, mudou para Porto Alegre, onde foi cursar Artes Plásticas e Publicidade e Propaganda.
Em 84 chegou a ocupar o cargo de diretor de arte de agências de publicidade em Porto Alegre, mas acabou abandonando ambos os cursos universitários em 1987, quando decidiu viver só dos desenhos que fazia. “Editei a revista Magazine e publiquei alguns cartuns no jornal Pasquim Sul, mas não deu muito certo”, relembra Adão.
Talvez por isso, Adão aceitou um cargo na assessoria de imprensa na prefeitura da capital gaúcha em 1988. Em 89, porém, as coisas começaram a mudar. Naquele ano, Adão – que já começava a ser conhecido como um dos precursores da escola gaúcha chamada de “Quadrinho Chinelão” (maiores explicações só junto aos próprios gaúchos) – venceu o Salão Internacional de Humor de Piracicaba e começou a editar a revista Dumdum.
A revista fez sucesso e chegou a ser publicada no Japão. Ao mesmo tempo, Adão foi processado por motivos políticos graças a “escritos obscenos” (o autor ganhou a causa, para a sorte dos leitores brasileiros).
Em 1990/1991, Adão resolveu tentar a sorte no Exterior e mudou-se para Paris. Na cidade luz, publicou nas revistas Flag e Chacal Puant. Em 1992, voltou para São Paulo. Nesta época, começou a publicar personagens que o tornariam mais conhecido frente ao público paulista e dos demais estados brasileiros – os primeiros a atingirem a fama, com a revista Big Bang Bang, foram os cowboys gays Rocky & Hudson, batizados em homenagem ao grande ator (enrustido) Rock Hudson, que chegaram a virar desenho animado em 1994.
Na mesma época da Big Bang Bang, publicou trabalhos diversos em revistas como Chiclete com Banana, Mil Perigos, Bundas e até Capricho. Adão também acabou sendo “adotado” pelos “três amigos” Laerte, Angeli e Glauco: tornou-se o “Cuarto Amigo” na tira criada pelos então já famosos quadrinistas. Também nos anos 90, com as bençãos de Laerte, Adão escreveu para TV (TV Colosso e Casseta e Planeta Urgente!).
Em 1994 o autor criou Aline e seus dois namorados, que viria a se tornar o maior sucesso, especialmente depois que a tira começou a ser publicada na Folha de São Paulo, em 1996.
Espécie de Rê Bordosa teen – título rejeitado por Adão, já que Aline nem de perto bebe tanto quanto a falecida personagem de Angeli -, Aline é uma mulher liberada, agitada, ousada e sexualmente bem ativa. Mora com os dois namorados, Pedro e Otto, mas constantemente se aventura além deles.
Além das tiras e de histórias publicadas em jornais, revistas e na Internet, Adão também já publicou várias coletâneas de Aline: Aline e seus dois namorados (L&PM), Aline – Fantasias Urbanas (Devir), Aline, Cama, Mesa e Banho (Devir), entre outras. Aline também ganhou desenho animado (cinco episódios produzidos pela Cartoon em 2005) .
O multimídia Adão também já fez chinelas havaianas temáticas e recebeu prêmios HQMix, o oscar brasileiro dos quadrinhos. Diga-se de passagem, em um dia de entrega Adão esqueceu a história de “quadrinho chinelão” e compareceu à premiação a bordo de lindíssimos tênis vermelhos…
Adão já tem várias de suas histórias traduzidas para o inglês e também diversificou sua atuação nos quadrinhos: já organizou uma exposição do compadre Angeli, sobre a qual declarou com seu humor peculiar: “E eu que sempre achei que ser curador era coisa de viado, afinal um negócio que começa com ‘cu’ ‘e termina com ‘dor'”.
Atualmente o cartunista mora com a esposa e as filhas em Córdoba, na Argentina e é bastante ativo no Instagram. Além disso, lá mesmo ele avisa: “Publico no O Globo, Correio Elegante Um Brasil e Piauí. Além disso, escrevo e pinto telas. Contatos somente via e-mail: iturrusgarai@gmail.com”
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