Ubiratan Libânio Dantas de Araújo, mais conhecido como Bira Dantas, é desenhista dos bons e trabalha com charges, ilustrações e caricaturas desde 1979. Muito ativo na área sindical, nas quais produz não só charges críticas como ilustra diversos manuais de orientação, Bira é extremamente multifacetado.
É caricaturista dos bons e se destaca nesta área ao aliar o talento do traço com o gosto musical, sendo provavelmente o único do hemisfério sul a ter produzido caricaturas de todos os grandes mestres do Blues e do Jazz (e alguns do bom e velho Rock´n´roll também). É um sujeito de eterno bom humor (a não ser quando está indignado com injustiças), belíssimo traço, detalhista, tocador de gaita e um daqueles amigos com quem se pode contar.
Bira também adora falar sobre as paixões dele (que não são poucas) e ganhou de alguns amigos o apelido de “homem Windows”, pela capacidade de abordar vários tópicos ao mesmo tempo, como se abrisse os assuntos em diferentes “janelas”. Também é militante ativo dos quadrinhos, tendo produzido documentário sobre Angelo Agostini e inúmeros trabalhos para a Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo, da qual é integrante.
É um dos únicos quadrinistas brasileiros a ter integrado o Segundo Encontro Internacional de Cartum para Imprensa na França, em Ville de Carquefou, e representou o Brasil no Encontro Mundial de Quadrinhos na Coréia do Sul, em 2006. Também ganhou diversos prêmios , entre os quais o Salão Internacional de Chipre (2002), prêmios Angelo Agostini como melhor cartunista (entre eles os de 2003, 2004 e 2006), HQMix em 2009 e outro Angelo Agostini como de grande mestre dos quadrinhos em 2011.
Nascido em 1963 em São Paulo, Bira sonhava em trabalhar como desenhista desde pequeno. Dedicado, desenvolveu bom traço e começou a fazer carreira. Na capital, estagiou nos Estúdios de Mauricio de Sousa e Ely Barbosa, onde desenhou páginas do gibi “Os Trapalhões”. Fez charges pro Sindicato dos Químicos e chegou até a intercalar desenho animado no Estúdio Briquet, em 85.
Em 1988 mudou-se para Campinas e adotou a cidade como sua. Dono de uma visão crítica peculiar, o “campineiro” Bira produziu charges inesquecíveis como a do governador Mário Covas vestido de Exterminador do Futuro, que circulou o país em cartazes criticando a atuação do tucano frente à Educação no Estado, ou a do ex-prefeito de Campinas, Chico Amaral, travestido como Nero e colocando fogo na cidade.
Durante os muitos anos que morou em Campinas foi professor da Pandora Escola de Arte e fez charges para Sinergia, do qual era contratado, além de frilas para outros sindicatos como, por exemplo, o dos petroleiros. Também expôs no Charge On Line e foi colaborador de revistas de humor (e lançou edições de seu oneman gibi, o Birazine).
Também criou em tiras o personagem Tatuman, um super-herói brasileiro na linha cômica, e adaptou para os quadrinhos com excelência os clássicos da literatura Memórias de um Sargento de Milícias e Dom Quixote. Em 2013 também foi o responsável por duas estátuas da Monica Parade, na capital.
A maioria dos trabalhos de Bira – entre os quais as cinco charges expostas na França – tem como tema problemas sociais como o desemprego e a falta de condições de trabalho no Brasil. O quadrinista também é craque em charges políticas, nas quais ironiza soberbamente figuras de destaque da política nacional. Em 2014, inclusive, chegou a sofrer tentativa de censura por parte do governador Geraldo Alckmin e do senador José Serra, em virtude de trabalho ironizando o chamado “Metrogate de São Paulo”. Ganhou a ação na Justiça e o trabalho pode ser mantido em exposição.
Bira também é conhecido pelos amigos como um sujeito boa-praça, carinhoso e brincalhão. Quando não está desenhando ou curtindo as praias de Vitória (ES), para onde se mudou em 2022, dedica-se à esposa, à filha Thaís e os netos (que visita em Londres sempre que possível), ou ainda à gaita – que toca quase tão bem quanto desenha.
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