Eisner relembra
o Vietnã
A segunda guerra mundial foi definitiva na vida de Will Eisner. O cartunista, de origem judia, foi convocado pelo Pentágono para fazer histórias em quadrinhos educativas destinadas aos soldados americanos. Einer descobriu ali uma nova função para os quadrinhos, a qual transformou em profissão e em última instância o fez abandonar seu personagem Spirit. No entanto, para que seus quadrinhos fossem mais reais, o exército exigiu que Eisner visitasse o front das guerras em que os EUA se envolvessem. E foi assim que Eisner foi para o Vietnã… e que o Vietnã veio para as páginas dos quadrinhos. A Devir (livraria e editora) lança em junho no Brasil a graphic novel O Último Dia no Vietnã – Reminiscências, HQ baseada em fatos reais testemunhados pelo cartunista durante o conflito.
A Graphic Novel traz uma série de histórias, que vão do drama à comédia. "São todas histórias reais, que vi quando fui ao Vietnã", diz Eisner, que confessa que não se sentia muito animado em ter de visitar os locais das guerras, apesar de ter achado a experiência enriquecedora. "A idéia era ver o front de perto para que isso ficasse refletido nas histórias educativas que fazíamos para os soldados. Com certeza ver de perto era mais eficiente que ver fotos."
A arte da HQ pode surpreender os fãs de Eisner, já que lembra em quase nada o traço característico do autor, limpo e com pleno domínio do preto e branco. Em O Último Dia no Vietnã o traço é sujo, quase rabiscado, e traz um clima pesado. "Quis passar a impressão de um livro de rascunhos feitos por um artista que estivesse no local. E a intenção foi mesmo dar um clima mais pesado, condoído", diz Eisner.
O autor acrescenta que a idéia de voltar a falar no Vietnã em pleno novo milênio surgiu simplesmente porque ele nunca havia tido tempo de falar sobre isso antes. "Não me importo com o mercado. Não é porque mutantes brigões fazem sucesso que vou fazer uma HQ com mutantes brigando. Minhas histórias não vendem tanto quanto, digamos, X-Men e Spawn, mas minha preocupação não é com o mercado. Não escrevo para ele", dispara.
Apesar do traço diferenciado, O Último Dia no Vietnã é Eisner em sua melhor forma. Como sempre, o autor capta a alma humana com uma sensibilidade única, para a sorte do leitor que ganha – como sempre – histórias inesquecíveis.
O lançamento da Graphic Novel é em junho e o preço ainda não foi anunciado pela Devir.
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