Djota Carvalho
A volta dos Transformers
Fãs fazem mercado planejar relançamento de Autobots e Decepticons
Será que os malvados Decepticons conseguirão vencer os Autobots? Ou será que mais uma vez o líder Optimus e seus companheiros irão derrotar Megatron e seus soldados? Para saber a respostas, milhares de pessoas – em sua maioria crianças e adolescentes – ligavam a TV todos os domingos de manhã, há cerca de 15 anos. A série, que era exibida pela Rede Globo, terminou sem maiores explicações e as fãs restou procurar nas locadoras o excelente Transformers, O Filme, que hoje já se tornou raridade.
Mas os órfãos dos robôs que se transformavam em carros e aviões (e em armas, gravadores e fita, dinossauros, insetos…) podem renovar suas esperanças. Os Transformers originais da década de 80 estão voltando a ganhar espaço no mundo, em especial nos EUA, e os rumores de uma volta ao Brasil estão cada vez mais fortes.
Para quem não se lembra (ou não tinha nascido), o desenho dos Transformers surgiu em 1985. Vindos do distante planeta Cybertron, duas facções de poderosos robôs caem na Terra e dão continuidade a sua briga por aqui – especialmente porque uma das facções, os Decepticons querem pegar toda a energia da Terra e transformá-la em "cubos energon" que serão usados para voltar para casa e vencer a guerra.
Os robôs podem se transformar em uma segunda ou terceira forma, que foram adaptadas a formas comuns de máquinas da Terra (na maioria dos casos). Assim, os "bonzinhos" Autobots se transformam em toda a espécie de veículos (caminhões, tanques, navios e principalmente automóveis), enquanto os malvados Decepticons transformam-se em aviões, armas e aparelhos eletrônicos.
Na guerra entre os dois lados começaram a aparecer outras variações de robôs, como os Insecticons (Decepticons que se transformavam em insetos) e os Dinobots (Autobots que…óbvio, não?). A transformação, que era feita pelos robôs movendo e girando algumas peças – e em alguns casos, unindo-se uns aos outros – era o ponto alto do desenho. E ganhou ainda mais destaque quando os Transformers viraram brinquedos (lançados aqui no Brasil pela Estrela). Não havia uma criança que não quisesse um brinquedo que era dois ao mesmo tempo…
A guerra gerou vários episódios e o filme, mas também gerou várias séies de continuidade, com novos robôs. No Brasil, a TV aberta transmitiu apenas a primeira (e melhor) série, a dos Autobots e Decepticons, chamada pelos fãs de Geração 1 ou G-1. Esta geração também ganhou uma série de histórias em quadrinhos, que não fizeram tanto sucesso, mas que também viraram item de colecionador. Entretanto, nos demais países apareceram desenhos e brinquedos de "outras gerações" e a evolução dos Transformers os transformou na série Beast Wars, que em quase nada lembra os bons e velhos Autobots e Decepticons (no Brasil é possível ver alguns desenhos dos Beast Wars em canais de TV pagos).
Os Beast Wars têm uma boa audiência e os brinquedos com a marca vendem muito bem- para se ter uma idéia, o Mc Donald’s americano está distribuindo colecionáveis da série em suas "happy meal" a partir deste mês de agosto e um game para N-64 e Playstation, Beast Wars Transmetals, será lançado ainda este ano. Só há um problema: os fãs dos Autobots e Decepticons cresceram e não conseguem achar mais nada de seus heróis mecânicos. Pior: a maioria deles odeia os Beast Wars.
Justamente pensando nisso, as empresas que controlam os direitos dos personagens estão planejando uma retomada ainda neste ano. A volta dos G-1 já começou no Japão, seu país de origem. A empresa nipônica de brinquedos Takara já lançou (com o perdão do trocadilho) um caminhão de robôs no mercado japonês que se transformam apenas em veículos, de carros esporte a motocicletas, no melhor estilo dos Transformers anos 80.
A norte-americana Hasbro, que comercializa os robôs nos EUA, está falando em fazer a mesma coisa nos EUA e ir além, relançando os robôs da série original. "Observamos que o interesse nos Transformers dos anos 80 cresceu demais. Por enquanto não podemos dar detalhes, mas já estamos com tudo certo para oferecer em breve estes itens e o líder Optimus Prime é um forte candidato a ser o primeiro da linha", diz.
O interesse dos fãs não despertou atenção apenas dos fabricantes de brinquedos. As páginas sobre os robôs da G-1 na Internet vem aumentando e a fita de Transformers, O Filme foi recentemente relançada nos EUA, a princípio apenas em lojas de quadrinhos e afins.
Também há rumores que uma grande editora americana (que costuma publicar revistas de um certo grupo mutante) também estaria reformulando os personagens para os quadrinhos, apesar de oficialmente ninguém afirmar – ou negar – nada até agora. Por fim, Autobots e Decepticons também devem virar game para os videogames de última geração, dependendo do sucesso de vendas de Beast Wars Transmetals.
E NO BRASIL?
Ao menos por enquanto, tudo o que se fala no Brasil sobre a volta de Decepticons e Autobots é extra-oficial. O desenho animado sumiu, apesar de recentemente a revista Teen Action ter lançado um exemplar nas bancas contendo uma fita de vídeo (de qualidade questionável, diga-se de passagem) com o que seria a história de origem da Geração 1 – por usar recursos mais avançados na produção, no entanto, o desenho foi catalogado como "Generation 2".
No mês passado houve rumores de que os direitos do desenho haviam sido comprados pela Record ou pela Rede TV!, que estariam planejando exibi-lo, mas pelo que se sabe os direitos do desenho continuam com a Rede Globo, que parece não ter planos de exibição, mas, com o retorno comercial dos robôs, nunca se sabe…
Também houve boatos recentes, via Internet, de que uma entre as mais novas editoras de quadrinhos do Brasil – como a Pandora ou a Via Lettera – estaria planejando relançar os personagens em HQs, mas ao que se saiba essa história realmente não passou de boataria.
Enfim, resta aos fãs a esperança de que, em um mundo globalizado, os relançamentos americanos e japoneses cheguem aqui em breve. Ao menos, é um consolo saber que Autobots e Decepticons estão voltando. Ainda que, por enquanto, não seja pra cá.
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