Pinduca, o Chaplin das Tiras

Mundo HQ

O CHAPLIN DAS TIRAS
Comediantes como Buster Keaton e Charles Chaplin provaram ao mundo que não é preciso falar para fazer graça. Pinduca, um personagem criado em 1932 que agora volta às bancas brasileiras, provou que também nos quadrinhos é possível fazer humor mudo (sem balões, que fique bem entendido).
Considerado o maior clássico do "quadrinho pantomímico", Pinduca foi criado por um marceneiro de 67 anos chamado Carl Anderson, que costumava ministrar lições noturnas de desenho. Em uma noite de aula, Anderson estava ensinando cartuns e, como exemplo, desenhou na lousa um garoto careca e de pescoço muito comprido. Ali nascia Pinduca, ou melhor, Henry – o nome Pinduca é uma "tradução" brasileira (o leitor não deve se espantar, afinal não custa lembrar que o marinheiro popeye, quando foi lançado por aqui, ganhou a alcunha de "Brocoió").


Henry/Pinduca logo caiu no gosto da classe de Anderson e o marceneiro
cartunista resolveu desenhar algumas historietas cômicas com o personagem. As tiras foram enviadas para o Saturday Evening Post, onde viraram atração. Em pouco tempo, o famoso magnata William Randolph Hearst descobriu Pinduca e contratou Anderson para trabalhar com o carequinha na distribuidora King Features.
A partir daí, o personagem se espalhou pelos jornais americanos e de todo o mundo – ainda hoje é publicado em mais de setenta. No Brasil, Pinduca estreou no Suplemento Juvenil (de Adolpho Aizen) e foi publicado em grandes jornais como O Diário de São Paulo e O Globo. Também apareceu em alguns tablóides, como o Super Plá e o Gibi Semanal, muitas vezes rebatizado como "Carequinha".
Além de totalmente calvo, Pinduca é um garoto arteiro, mudo (alguns dizem que sequer tem boca, apesar de adorar sorvetes) e que vive se metendo em pequenas encrencas do dia a dia.

As histórias publicadas no exemplar brasileiro, lançado pela Editora Opera Graphica por R$ 9,90, resumem bem o humor do personagem: afiado e ao mesmo tempo ingênuo, leve e divertido.
Pinduca é um daqueles gibis para matar a saudade de quem lia quadrinhos nos "bons e velhos tempos", mas também é uma boa lição para quem quer aprender mais sobre o humor do cartun e principalmente para aqueles que acham que uma boa história precisa sempre de bons diálogos.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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