Perdidos nos quadrinhos

Mundo HQ

Lost…da Mônica!

“Nada se cria, tudo se copia”, disse o comunicador Chacrinha adaptando um conceito da Escola de Frankfurt sobre comunicação de massa, o de que fórmulas que dão certo são repetidas à exaustão. Em tempos de seriados que atraem milhões de espectadores, como Lost, por exemplo, a frase talvez fique melhor como: nada se cria, tudo se parodia. Que o digam os Estúdios Maurício de Sousa que, para a alegria da criançada que já curte o seriado de mistério exibido na AXN (e eventualmente na Globo), lançou o gibi “Lostinho, perdidinhos nos quadrinhos”.

O gibi traz uma única história, de 76 páginas, dividida em capítulos nos quais a tônica é satirizar o seriado. Assim, Cebolinha assume o papel de Jack, Mônica é Kate, Mafgali é Claire, Franjinha é Michael e assim por diante. Nenhum dos principais personagens de Lost passa batido, nem mesmo a sensual Shannon, “interpretada” magistralmente pela personagem secundária Carminha Frufru – que, por sinal, vem crescendo cada vez mais nas histórinhas da turma da Mônica.

As melhores gags são visuais (como a vestimenta de Cebolinha Jack, o avião caído ou a “ gravidez” de magali Claire), até porque o enredo é o de uma historinha da turma, na qual todos vão parar numa ilha sem saber como e acabam se deparando com antigos personagens criados (e esquecidos) por Maurício de Sousa – o que justifica o subtítulo “perdidinhos”.

Mas não faltam citações como os números misteriosos, o urso polar, o alçapão e até a frase de efeito do personagem Locke: “não me diga o que eu posso fazer”. Ah, sim, Locke é “interpretado” por ninguém menos que o cachorro Bugu, divertidíssimo na história.

É claro que o final da HQ não tem nada a ver e nem resolve nenhum dos mistérios do seriado televisivo, além de ser apropriadamente (neste caso) sem pé nem cabeça. Mas a história é bem divertida, imperdível para fãs e filhos dos fãs de Lost, e ainda faz referências a outros filmes e seriados famosos. Apenas para dar um exemplo, há um coco com rosto pintado e com nome de uma bola famosa, uma homenagem clara a uma outra película sobre um sujeito perdido em uma ilha…

Apesar do formato grande e número relativamente alto de páginas, o gibi custa R$ 6,50. E está fazendo bastante sucesso. Tanto que os estúdios MSP já anunciaram duas novas HQs parodiando seriados de TV. Uma, ainda sem nome, terá Heroes como tema. A outra chama-se
“24 holas”, o que já deixa na cara quem estará na pele de Jack Bauer nos quadrinhos. O selviço secleto amelicano nuca mais selá o mesmo…

 

 

Mais paródias

Esta não é a primeira vez que Maurício de Sousa e sua trupe brincam com grandes sucessos de público. Nas histórias da linha regular de gibis, os leitores de Mônica já viram piadas com Arquivo X, Pokémon e até o programa do Jô Soares. O próprio Lost já havia ganho uma história na linha regular, na qual a criançada se descobria perdida nos pelos do cachorro Floquinho. Maurício também já parodiou clássicos, como Romeu e Julieta.

No entanto, para quem gosta e quer rir a vontade, há pelo menos quatro blockbusters parodiados ainda inéditos no papel que podem ser vistos, gratuitamente, no site da Turma da Mônica (www.monica.com.br, seção “ quadrinhos”.

Ali estão Horacic Park, Comandante Gancho, Batmenino Eternamente e, o mais detalhado de todos, Coelhada nas Estrelas. Este último traz, além de Cascão Luke Skywalker, Mônica Lea, Cebolinha Han Solo, Chewbacca Floquinho, Franjinha Obi Wan e Capitão Feio Darth Vader, praticamente todos os seres e criaturas da série Star Wars mimetizados em um personagem do universo Mônica. A força, definitivamente, está com eles.

Outras mídias

A arte da parodiar filmes e seriados televisivos de sucesso não é exclusividade de Maurício de Sousa, nem mesmo dos quadrinhos. O cinema, por sinal, já até fez destas paródias um gênero. Do longínquo Top Secret aos mais recentes Todo Mundo em Pânico, passando por Corra que a Polícia vem aí e dezenas de outros títulos, imitar chavões e ironizar os próprios colegas dá muito dinheiro em Hollywood.

Nos quadrinhos também não faltam exemplos. Na época o underground, diversos autores parodiaram, deturparam e satirizaram, ao extremo personagens “ sérios” de quadrinhos e até mesmo infantis. Angeli, por exemplo, tem uma célebre HQ (“A revolta dos eletrodomésticos”) na qual Cebolinha faz uma participação especial muito tliste, quer dizer, triste.

O próprio Lost, que acaba de virar HQ da Mônica, já havia ganho uma versão hilária no ano passado nas páginas de Capitão Presença, editado pela Conrad. O capitão é um engraçado herói criado por Arnaldo Branco cujo poder é, bem, providenciar uma certa droga para pessoas que estão sentindo a falta dela. E, na HQ, será a única salvação de um pessoal cujo avião caiu em uma misteriosa ilha. Aliás, o avião fazia a linha Amsterdã-Jamaica. Precisa dizer mais?

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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