Fábrica de Quadrinhos tenta ressuscitar a Tiazinha

Não, Não, ela não morreu. Depois de amargar o fracasso de seu programa de TV na Bandeirantes e de até confundir o zepelim da Goodyear com disco voador (segundo as más línguas, só para aparecer na imprensa), Suzana Alves está de volta em fotonovela.

E com uma boa ajuda da Fábrica de Quadrinhos, o estúdio paulistano que tem entre seus fundadores Rogério Vilela, Marcelo Campos, Octávio Cariello e outros feras das HQs que já desenharam super-heróis para as editoras Marvel e DC americanas, além de terem no portfólio trabalhos para clientes como Coca-Cola, Xuxa, Ambev, Bradesco e praticamente todas as revistas e jornais de peso no território nacional.

A Fábrica já havia trabalhado com Tiazinha no extinto programa da Bandeirantes, desenvolvendo cenários. O programa foi um fracasso e na fotonovela a musa depiladora vai voltar a encarnar uma “super-heroína”, só que desta vez a coisa promete dar certo por um motivo bem óbvio: Tiazinha está fazendo o que sabe. Ou seja, tirar a roupa.


Por isso mesmo, “As Aventuras Eróticas da Tiazinha”, nome da fotonovela em questão, é apresentada e coproduzida pela Playboy. E já na capa uma chamada em letras garrafais não deixa dúvidas sobre o conteúdo: “Nossa heroína (TOTALMENTE NUA) desafia uma gangue de vampiros em uma fotonovela de babar”.

Fotonovela, por sinal, não é bem o termo. Está mais para fotoquadrinho, já que, sob a tutela da Fábrica, as aventuras se desenvolvem em linguagem de HQ, cheias de balões, onomatopéias, quadros e planos recortados de quadrinhos, desenhos feitos por computador em meio as fotos.

Os cenários, inclusive, foram todos produzidos por computador em cima de fotos da cidade de Chicago, nos Estados Unidos. As fotos de Suzana e dos demais modelos foram feitas em um motel (Studio A), com fundo azul, depois substituído pelo trabalho dos “operários” da Fábrica.

Esta primeira aventura (a venda por R$ 6,40) foi batizada por Rogério Vilela, que assina o roteiro, como “O Ataque dos Vampiros 12 – A Ameaça Bronzeada” (com direito a título em inglês no “‘poster” da contra-capa: Garlic and carrot are good for your skin, not letuce 12 – The Bronzeada Manace). O título é digno de um filme trash de terror e, claro, se encaixa como uma luva na história.

O roteiro é o seguinte: Tiazinha é uma espiã/super-heroína que usa seus dotes sexuais na luta contra o mal. Nesta história, ela seduz o capanga de um sujeito chamado Conde Crápula para descobrir uma fórmula secreta.

Interrompida literalmente no ato, a moça foge sem a fórmula completa, mas com o suficiente para descobrir que Crápula é um vampiro que descobriu um bronzeador que possibilitará que estes seres do mal possam circular à luz do sol (ai, meu são Zé do Caixão!)

A heroína então usa seus dotes (e a ajuda de um nerd assistente chamado Baits) para impedir os planos do malvado, não sem antes de ser atacada por três vampiras seminuas e de transar com o próprio vilão.

Ah, sim, um detalhe: não há sexo explícito na revista. Talvez por querer manter sua boa imagem (?), Tiazinha simula poses, caras e bocas, na maioria das vezes em fotos onde aparece sozinha, mas não vai às vias de fato.

Por sinal, sequer aparecem homens nus na história, no máximo são mostrados alguns tórax bem delineados e insinua-se os dotes do vampirão ao mostra-lo cobrindo a, digamos, “zona do agrião” com uma cartola imensa.

Já as mulheres desfilam de calcinha e topless. Curiosamente, Tiazinha – que por sinal parece ter dado uma siliconada nos atributos – é a única a “mostrar tudo”, e logo de cara: a primeira página da revista é um nu frontal digno das páginas da própria Playboy.

O número 2 das aventuras deve sair no mês que vem, dependendo das vendas deste primeiro número, e Tiazinha com certeza vai voltar à cena (e à mídia em geral). Se isso é bom ou ruim, que julgue o leitor.

Da parte da moça, que infelizmente não foi encontrada para entrevista, toma-se a liberdade de reproduzir aqui uma frase dita por sua personagem, na cena em que ela derruba propositalmente a toalha e, exibindo seu físico exuberante, faz com que o assistente desmaie: “A gente ganha pouco, mas se diverte bastante.” Se o salário foi mesmo pequeno, não se sabe, mas a julgar pela aventura de estreia, a diversão deve ter sido genuína.

 

 

 

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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