Magias e Barbaridades

Criação

Em julho de 2003, o quadrinista carioca Fábio Ciccone deu forma a uma ideia que tivera na faculdade e concebeu uma história seriada em tiras que satirizava o universo de fantasia fantástica medieval. Brincando com os conceitos típicos envolvendo as HQs, histórias e RPGs de bárbaros, magos, arqueiros, guerreiros e por aí afora, Ciccone criou uma sátira muito bem desenvolvida e passou a veicular as tiras na Internet.  Posteriormente, as tiras oram reunidas em três coletâneas lançadas pela Jupati Books.

“A ideia básica era fazer personagens que representassem o estereótipo do mago, do bárbaro e da guerreira amazona em um aspecto, mas que fossem originais em outro: o mago que apesar de toda sua arrogância não é lá tão brilhante, o bárbaro que é na verdade fã de Shakespeare e a amazona que não é lá muito sedutora e nem tão feminina assim”, conta. 

Inicialmente batizada de “O Tomo de Edmund” por causa da aventura inicial, a história acabou ganhando posteriormente o nome de “Magias & Barbaridades” e o título inicial permaneceu nomeando o primeiro arco de aventuras.  Ciccone, que apesare de nascido no Rio cresceu na cidade paulista de Lençóis Paulista  conta que no início desenhar as tiras eram mais um passatempo e as atualizações eram bastante erráticas. No entanto, o quadrinista ganhou inúmeros fãs pela maestria com que conduz a série e conquistou fama também – tendo inclusive sido convidado para integrar o esperado MSP+50, no qual fez ótimas tiras do personagem Piteco.


Enredo: Magias & Barbaridades conta as aventuras de um mago atrapalhado e arrogante, Remmil, e de seu inusitado companheiro, o bárbaro Oc, que recita Shakespeare enquanto luta. Um pouco mais tarde  na história surge a princesa amazona e arqueira adolescente Idana para completar o trio de personagens principais.

As aventuras do trio sempre se desenvolvem em torno de missões a serem cumpridas (embora muitas vezes os personagens não se deem conta disso), das supostamente mais simples – como conseguir um novo chapéu de mago para Remmil – a mais complexas, entre as quais descobrir o paradeiro do pai de Idana.

O humor absolutamente inteligente de Fábio Ciccone, as tiradas em cima de clichês e sacadas originais do autor fazem das tiras uma leitura imperdível.

 

Principais personagens

Remmil

Remmil é um “Mago da Lua Crescente” que se acha bom demais para conviver com os mortais, apesar de ser obviamente um fracassado. Remmil levava uma vida  aborrecidamente tediosa até a aldeia que habitava ser invadida por bárbaros e, em meio suas tentativas para salvar a aldeia e fugir, o mago descobriu a existência do Tomo de Edmund e decidiu procurálo ao lado de seu novo e inusitado aliado, Oc. Metido como ele só, Remmil gosta de falar sempre na norma culta e usar vocábulos pitorescos (como estes dois), mesmo em situações descontraídas. Nem sempre, claro, ele sabe utilizar corretamente as palavras que escolhe.

 

Oc

Como o leitor descobre no decorrer da leitura (e para não estragar a surpresa de quem não leu não vamos revelar muito), Oc é na verdade um nobre príncipe que sofre com uma doença: barbarismo. Melhor dizendo, ele não sofre tanto assim, já que adora a vida de bárbaro. Dono de um coração razoavelmente puro, apesar do apetite por brigas e mulheres, Oc recita Shakeaspeare enquanto luta.

 

Idana

Princesa amazona e exímia arqueira, é uma adolescente que se revolta com a mãe (rainha Pilate) ao descobrir que na verdade ela é fruto de um romance entre a rainha e um poderoso mago chamado Saru Pnit. Para sorte de Oc e Remmil, a descoberta ocorre quando eles estão aprisionados pelas amazonas e ambos são salvos por Idana, que se junta à dupla ao descobrir que o pai foi professor de Remmil.

 

Tana

Maga da Lua Nova e circunstancial inimiga de Remmil, também se torna “rolo” de Oc, que a acha lindíssima.

 

Limmer

O irmão gêmeo de Remmil que, na opinião dele, é “o gêmeo malvado”. Na verdade, porém, Limmer é bondoso, extremamente competente e querido por todos (menos pelo invejoso Remmil, obviamente).

 

D. Arad Sem, o Cavaleiro Amarelo

Guerreiro, nobre e interesse romântico de Idana no arco “A Dinastia Nan”

 

Capitão Mutombo

Líder pirata, ex-escravo, gente boníssima, aventureiro e meio limitado intelectualmente.

 

Curiosidade: é Shakespeare mesmo!

Sempre que luta – como forma de se concentrar ou conter sua raiva – o bárbaro Oc recita trechos da obra do grande bardo inglês. E recita mesmo: criterioso com sua criação, Fabio Ciccone coloca na boca de Oc trechos reais da obra shakespeariana, com tradução para português, claro, mas totalmente fiéis ao original.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

Comentar

Follow us

Don't be shy, get in touch. We love meeting interesting people and making new friends.

Most popular

Most discussed

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade.