Em 1994, o quadrinista inglês Grant Morrison – então já conhecido nos quadrinhos por seus roteiros em Asilo Arkham e Doom Patrol – lançou a revista Os Invisíveis. A ideia básica por trás da série era reunir em uma revista histórias sobre conhecimentos escondidos, drogas, shamanismo, teorias da conspiração, o fim do mundo e sexo. Não necessariamente nessa ordem.
“Quando você é um garoto ou adolescente, você dá essas longas caminhadas nas quais você vai andando pela cidade fazendo conexões mitológicas e misteriosas entre fatos e situações em sua cabeça. Eu, assim como todas as pessoas, já fiz isso, mas havia um grupo de intelectuais e artistas na década de 60, chamados de ‘situationists’, identificava esse tipo de atitude como um ato revolucionário e isso levou diretamente aos Invisíveis: a idéia e que você pode criar uma ‘zona autônoma temporária’ usando sua imaginação no mundo de tal forma que você o cria de novo”, diz Morrison.
Ao todo, foram publicadas 59 edições, divididas entre os chamados “volumes” 1,2 e 3. O primeiro volume teve 25 diferentes revistas, publicadas de 1994 a 1996. O volume 2 teve 22 edições, de 1997 a 1999. Por fim, as últimas 12 edições foram publicadas entre 1999 e 2000. Uma curiosidade: a edição 18 do volume 2 teve arte do desenhista brasileiro Ivan Reis.
Mais cult do que pop, a série Os Invisíveis era um verdadeiro retrato dos anos 1990 e, dizem, influenciou diretamente no surgimento do primeiro filme Matrix. As referências das histórias hoje, porém, parecem mais datadas. Ainda assim, constantemente os personagens são relembrados por outros autores. Nos quadrinhos de Top Ten (de Alan Grant e Gene Ha), por exemplo, alguns dos Invisíveis fizeram figuração em uma reunião de personagens de quadrinhos subversivos que acreditam em teorias da conspiração, encabeçada pelo Questão, da DC Comics.
Enredo
Os Invisíveis são uma sociedade secreta dedicada à subversão e anarquia. Não se trata, no entanto, de terroristas e, sim, de defensores da liberdade, porque na realidade da HQs as autoridades são influenciadas por forças alienígenas.
Na manhã de 22 de dezembro de 2012 chegará o apocalipse e, enquanto isso não ocorre, duas forças opostas, inimigas mortais desde o começo dos tempos, estão fazendo preparações. De um lado, seres de outra dimensão controlam reis e imperadores, fomentam guerras, manipulam tudo sem serem vistos, na esperança de, com o apocalipse, poderem entrar definitivamente em nossa dimensão e dominar tudo.
Por meio de agentes terrestres, eles já controlam os governos do mundo, criam medo, controlam a linguagem e as imagens, exigem nossa obediência e até mesmo nos escravizam com suas leis e ordens. Lutando contra esses seres estão os Invisíveis, uma rede mundial secreta dedicada à liberação e evolução do ser humano. Eles se recusam a serem governados e são a última chance da humanidade.
Personagens
Confira os principais membros dos Invisíveis:
King Mob: também conhecido como Gideon Starorzewski, Gideon Stargrave e Kirk Morrison. É um assassino com grandes poderes mágicos e psíquicos, conquistados por meio de um acordo com deuses-escorpiões. Aparentemente tem várias identidades e até contrapartes em outras dimensões.
Ragged Robin: ou Kay, é uma integrante dos Invisíveis de 2012 que foi enviada de volta aos anos 80. Poderes mágico e psíquicos razoáveis, derivados de um implante craniano.
Boy: também conhecida como Lucille Butler, é uma tira de Nova York cujo irmão Eezy e o parceiro Oscar aparentemente também eram invisíveis. Não tem poderes, mas é especialista em artes marciais e idolatra outro irmão, Martin, que se torna um peão dos inimigos.
Jack Frost: ou Dane MacGowan. Dane é muito poderoso e é disputado por ambos os lados. É um garoto inglês revoltado e destruidor, que antes de ser iniciado é mostrado na cidade de Liverpool destruindo patrimônio público e detonando escola e professores. Já foi chamado de Buda em algumas aventuras e seu verdadeiro potencial permanece desconhecido.
Lord Fanny: ou Hilde Morales, é uma mulher trans que descende de uma família poderosa de bruxas brasileiras (!!!). Fanny nasceu homem, mas a avó “corrigiu” o problema o criando como menina. É a mais perceptiva do grupo em termos mágicos.
Curiosidade: Sonhando com o sucesso
A palavra Barbelith, usada na série para designar o círculo vermelho que representa o “universo gêmeo” ao terrestre, surgiu em um sonho de Grant Morrison. “Foi um sonho que tive quando estava com 20 ou 21 anos, que coincidiu com minhas primeiras experiências ‘mágicas’ e meu primeiro ataque nervoso. No sonho era o nome de uma dimensão maior ou uma realidade alternativa e eu acabei usando o nome e maneira inconsciente nos Invisíveis”, conta Grant.
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