HQ Festança!
Entrega do HQMIx confirma status do quadrinho nacional e é marcada pelo bom-humor
Frases de efeito, convidados vestidos como personagens de HQ, muita badalação e tietagem explícita. A entrega do prêmio HQMix aos 59 melhores de 1999, na noite de terça-feira, foi realmente uma festa, mas não apenas por causa dos convidados e dos prêmios. A décima-segunda edição do "Oscar Brasileiro dos Quadrinhos" eliminou de uma vez todas as dúvidas que ainda restavam sobre o status das HQs como "arte" e cultura. Não só pela chancela do patrocínio até então inédito dado Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, mas também pelo nível dos trabalhos premiados e pela importância da HQ no Brasil, ressaltada em praticamente todas as declarações dos presentes.
"No meio acadêmico, muitas vezes se discute se HQs são ou não cultura. Eu não tenho esta dúvida, pois, assim como muitas outras pessoas no Brasil, eu aprendi a ler e a escrever lendo gibis", afirmou, em seu discurso de agradecimento, a pesquisadora Graça Ataíde (premiada na categoria Livro Teórico). Também não faltaram os que se emocionaram ao receber a estatueta do Horácio, relembrando que os personagens de Maurício de Sousa fizeram parte da educação que receberam e que dão aos filhos. E também do início de algumas carreiras. "Embrulhava louça com jornal na feira e, quando vi os desenhos do Maurício em um desses suplementos infantis, decidi que era aquilo que eu queria fazer", contou Getúlio Delfin, homenageado como grande mestre dos quadrinhos por seu trabalho com o personagem Capitão Sete (criado por Aires Campos na década de 60).
A emoção e o glamour, no entanto, foram constantemente transformados em bom-humor e "tiração de sarro" pela platéia e homenageados. Entre as várias frases de efeito da noite, foi impossível não rir do comentário "auto-sarcástico" do apresentador Serginho Groissmann sobre o clima de São Paulo ("mais frio que a geladeira da Globo") ou da explicação de Adão Iturrusgarai sobre sua idéia do que era ser "curador" de uma exposição.
Também foi impossível deixar de rir com os espirros nada discretos de um fã que estava na platéia ou com os gritos exaltados de "gostosa, gostosa" dirigidos à representante da editora Abril no evento, quando esta se dirigia ao palco.
Como sempre, a festa acabou em meio a confraternização de público e quadrinistas. Extasiados, os fãs andavam entre figuras de peso do quadrinho nacional como Ziraldo, Zélio, Maurício de Sousa, Fernando Gonzalez, Laerte e Adão Iturrusgarai – Angeli, a pedido do filho (que, por sinal, é a cara do Bob Cuspe), deixou a festa mais cedo rumo a uma balada mais particular.
Enquanto isso, na porta do teatro, quadrinistas bons de traço mas ainda desconhecidos aproveitavam o embalo da festa para vender seus fanzines e revistas pouco-conhecidas. "Foi realmente um sucesso. E espero que no ano que vem consigamos melhorar ainda mais", diz o cartunista Jal, idealizador e organizador da festa, adiantando que em 2001 a estatueta será representada pela saudosa Rê Bordosa.
Os fãs também esperam, mas desta vez não vão ter de esperar muito. Isso porque Jal confirmou, na noite de terça, que em 2001 a premiação ocorrerá em março. Como bons leitores de HQ, os fãs da chamada nona arte aguardam a continuação desta macrossérie.
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