Entrando numa fria
Algum tempo atrás, alguém da Marvel se tocou que Bobby Drake, o Homem de Gelo, podia ser um dos personagens mais cools da Editora não apenas no tocante à sua temperatura, mas também à personalidade. Afinal, Drake é boa pinta, se veste bem, tinha uma personalidade mal explorada pelos roteiristas e, apesar de poderes incríveis, era sempre colocado em segundo plano em suas aventuras dentro e fora dos X-Men.
Assim, o primeiro passo foi fazer um vilão (ou melhor, uma vilã, a Rainha Branca) mexer com a cabeça do garoto e tirar as "travas"que ele aparentemente impunha a seus poderes. O segundo passo? Bons roteiros e uma revista própria, cujos primeiros números leitores brasileiros podem conferir nas bancas com a minissérie em duas partes Homem de Gelo (Panini, selo Ícones, 50 páginas coloridas por agradáveis R$ 2,90).
Na minissérie, Drake vai à Hong Kong após descobriri, via e-mail anônimo, que teve um filho com uma antiga namorada, Opal. O problema é que a criança sofre uma espécie de degeneração genética e pode morrer… a não ser, claro, que o próprio Homem de Gelo ajude a curá-la.
O problema é que Opal é contra os X-Men porque eles são "muito violentos" e prefere ser ajudada pela multinacional em que trabalha, a Winterbrand. A empresa só precisa de amostras celulares e testes com Drake, mas (claro, sempre tem um "mas") acontece que a respeitável Winterbrand está interessada em bem mais que isso. Se obtiver o que quer de Drake, a empresa conseguirá fazer uma nova geração de super-condutores, além de capacitar melhor seu próprio tipo de mutrantes, os "Augmen’.
A arte da HQ – assinada em conjunto por Dan Abnett, Andy Lanning e Karl Kerschl – não é maravilhosa, mas se salva em especial pelas capas com efeito de gelo (que poderia aumentar a "nota final’, não fosse pela escorregada no desenho do personagem Fera, que parece um filhote de gnu com anta…).
O mais legal da história, porém, são mesmo os poderes do Homem de Gelo, em especial quando ele perde o controle deles. Drake chega a congelar, por exemplo, uma favela inteira na periferia de Hong Kong. Um aliado na história, o herói místico Foedog, chega a comentar quando o x-men agradece pela ajuda dizendo que não teria conseguido vencer seus inimigos sozinho: "Acho que teria sim. Você é muito assustador, Bobby Drake"
Talvez o Homem de Gelo não seja tão assustador assim, mas pode se tornar. Afinal, alguém que cria ondas de gelo no ar e se locomove deslizando por elas, cria tempestades de gelo, lança estalactites, congela qualquer coisa, à distância (e esta qualquer coisa pode ser um bairro ou uma cidade inteira), tem, com certeza, potencial para ser um herói assustador. E é este potencial que a Marvel começa a explorar melhor nesta minissérie.
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