Nojento por R$ 1
Dependente, fraco, sórdido, parvo e insuportavelmente comum. É assim que o Fráuzio, o mais novo "herói" lançado nas bancas brasileiras é decrito pelo release da editora Escala, que acaba de lançar a revista do personagem. Descrição quase perfeita, mas em se tratando de algo criado por Marcatti, faltou um adjetivo: NOJENTO!
Marcatti, que recentemente teve uma revisão de sua obra publicada no excelente Restoalhada , é um verdadeiro Augusto dos Anjos das HQs, ou seja, sua obra é marcada pela escatologia. Que o diga quem leu HQs antológicas do autor como a série "Glaucomix, o pedólatra" ou ainda a famosa história da "Tia Surubinha" (em respeito aos estômagos mais sensíveis pouparemos detalhes, mas pode acreditar: é nojento de dar gosto!).
Mas afinal, se é tão escatológico, por que é bom? Ora, bolas, se não fosse não haveria nem Augusto dos Anjos nem Rubem Fonseca, certo? O fato é que Marcatti explora o nojento de maneira inteligente e engraçada – e isso desde muito antes de existirem os pestinhas de South Park. Neste primeiro número de Fráuzio, por exemplo, o personagem título resolve fazer arte usando, digamos, materiais beeeem alternativos.
Talvez por esta escatologia toda, e por temer a famigerada censura (essa sim nojenta de verdade) que volta e meia dá as caras neste democrático país, a Editora Escala dá o alerta na capa da revista: sugerida para maiores de 12 anos. Ao mesmo tempo, a editora tenta popularizar o gênero, prometendo que a revista (mensal) vai custar sempre um mísero realzinho.
Quem quer saber mais sobre Fráuzio antes de comprar a revista (e até mesmo brincar com jogos interativos do garoto) pode dar um pulinho no site do Marcatti, que por sinal tem mais informação sobre o autor. Mas, por um real, vale a pena comprar o número um da revista, nem que seja para transformá-lo em uma daquelas famosas "edições de colecionador", que em algumas décadas passe a valer milhões… ou menos de um real, quem sabe?
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