Central de Tiras

Mundo HQ

Central de competência e bom-humor

 

Fazer tira, dizem os entendidos em quadrinhos, é o que há de mais difícil na área. Primeiro porque exige bom poder de síntese, afinal é preciso contar uma boa história, com começo, meio e fim, em três ou quatro quadradinhos com cerca de quatro centímetros de altura. Segundo porque as tiras são feitas para a publicação em jornal, ou seja, tiras são diárias e, portanto, o autor precisa ter no mínimo 365 boas idéias por ano. Ainda assim, o Brasil tem dezenas de ótimos "tiristas". Só que a maioria deles permanece desconhecida.

Isso porque os jornais, em geral, preferem comprar pacotes de tiras já conhecidas – como as excelentes Garfield e Calvin – em vez de apostar em talentos nacionais desconhecidos. Mas os tiristas brasileiros querem mudar a situação e por isso fundaram, na Internet, a Central de Tiras, uma associação que tem por objetivo "divulgar, discutir e planejar ações de projetos cooperados sobre tiras".

Na Central, qualquer tirista pode divulgar seu trabalho – desde que o envie dentro das normas estabelecidas – e qualquer dono de jornal ou leitor pode descobrir o enorme talento dos autores de tiras nacionais. Até o momento são cerca de quarenta autores reunidos, mas a lista é crescente – outras tiras devem entrar no site em breve, inclusive Só Dando Gizada, de autoria do jornalista Dario Carvalho Jr., o Djota.

Os principais trabalhos já coletados farão parte de um catálogo, com prefácio de Laerte Coutinho (Piratas do Tietê, Overman), que será lançado no dia 13 de fevereiro, em São Paulo. "A intenção é fazer um catálogo por ano, é uma maneira do pessoal manter contato e conversar a mesma língua na hora de negociar uma publicação de tiras", conta Orlandelli, autor do personagem Grump e um dos fundadores da Central, ao lado dos tiristas Salvador (Ran) e Faoza (Nojob).

Na Central já está cadastrada muita gente boa, inclusive alguns tiristas de Campinas e região, como o cartunista do Correio Popular Junião (Dona Isaura), o pesquisador de quadrinhos Moretti (Estevão Piro) e o professor de quadrinhos Sérgio Martins (Kako). Há, também, uma cadastrada do sexo feminino, infelizmente algo raro no país. É a mineira Chantal, que começou a publicar sua tira "Juventude" nos jornais de Belo Horizonte quando ainda tinha 14 anos e hoje é tirista fixa do Estado de Minas.

A Central de Tiras ainda tem um longo caminho a percorrer antes de desbancar as distribuidoras e autores americanos – que, inclusive, tem a vantagem de ganharem bastante dinheiro com suas tiras e poderem viver só delas e do merchandising em torno dos personagens. Mas o pontapé inicial foi dado. Um pontapé com muita força, técnica e em direção ao gol.

Grump de Orlandelli

Ran, de Salvador

No Job, de Faoza

Dona Isaura, de Junião

Estevão Piro, de Moretti

Juventude, de Chantal

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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