Cem balas… na mosca!
A Opera Graphica acaba de dar um tiro na mosca e para isso usou Cem Balas. A série do escritor americano Brian Azzarello, lançada por aqui pela Opera, é um dos melhores trabalhos já realizados na área dos "quadrinhos policiais".
A começar da idéia envolvente: imagine que um belo dia você – uma vítima da violência da sociedade – recebesse uma arma e cem balas para usar em sua vingança. Com um detalhe essencial: nenhuma destas cem balas, assim como a arma, pode ser rastreadas pela polícia.
Pelo contrário, graças a ação de uma misteriosa organização justiceira capitaneada pelo não menos misterioso agente Graves (túmulos, em inglês), a Polícia sequer pode prender a pessoa escolhida por Graves.
Já na primeira série, de dois capítulos – originalmente publicada com o nome de "Primeiro Disparo" e que por aqui ganhou o título "Atire Primeiro, Pergunte Depois" -, o título mostra a quê veio.
A HQ se foca em "Dizzy"Cordoba, uma hispano-americana envolvida em guerras de gangue que, enquanto cumpria pena na prisão, teve o marido e o filho mortos… supostamente por integrantes de uma gangue.
A história começa com uma cena entre tensa no banheiro da prisão, com Dizzy prestes a ser libertada enfrentando um bando de garotas marombadas e com intenções questionáveis.
Após um corte que deixa possibilidades nada remotas para a imaginação do leitor, Dizzy é libertada e conhece Graves no metrô que a leva para o subúrbio onde mora.
O agente revela para a moça que quem matou o marido e a criança dela foram policiais corruptos e lhe oferece a arma.
Inicialmente Dizzy guarda a arma e volta para o seu mundinho cruel das gangues de rua, mas aos poucos – em especial após ser abordada por policiais canalhas que acabam liberando a moça após checar a "carta branca" da arma – vai mudando de idéia.
O leitor só vai ficar sabendo o que acontece (e, um aviso, há várias surpresas e pontas soltas que serão retomadas em outros números) na segunda edição – por sinal, aqui cada uma delas custa R$ 6,90, um preço meio salgado, más válido para uma boa revista em formatão e com 28 páginas coloridas – e arte de Eduardo Risso.
Nas sequências, 100 balas irá introduzir outros personagens, em três aventuras independentes (e ao mesmo tempo conectadas) na série "Segunda Chance". Sempre com a mesma temática: alguém ganha 100 balas indetectáveis para "acertar as coisas". No número 6, Dizzy volta a cena. E, em todos, o leitor vai descobrindo cada vez mais sobre a organização do misterioso Graves e seu líder.
Nos Estados Unidos, a série foi lançada pela Vertigo e em 2000 foi indicada ao prêmio Eisner de melhor roteiro.
Azzarello e Risso começaram a trabalhar juntos na série fechada Jonny Double, uma recriação de um antigo detetive da DC criado por Len Wein en 1968. A recepção a esta HQ foi tão grande que a DC imediatamente levou os dois para a Vertigo e lá eles desenvolveram 100 balas, um projeto muito mais intenso e com uma aura pesada, cheio de drama e , claro, sexo, dinheiro e morte. Entre outros fãs, 100 balas conquistou quadrinistas renomados como Warren Ellis e Garth Ennis. E o mais novo alvo das balas agora são os leitores brasileiros. A julgar pelo número 1, o tiro deve ser certeiro.
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