As Taradinhas de Franco de Rosa
Era uma vez um estudo sobre personagens femininas e erotismo, desenvolvido por um pesquisador sério, que por algum motivo desconhecido acabou virando uma tentativa de livrinho pornográfico. Esta é a impressão que o leitor mais crítico terá quando ler "As taradinhas dos quadrinhos"(Editora Opera Graphica, R$ 7,90, 82 páginas). Já o leitor menos crítico provavelmente levará o livreto para o banheiro com segundas intenções e nem se importará com o fato.
Isso porque a impressão que se tem é exatamente essa: Taradinhas foi feito exclusivamente para ser vendido como material erótico. A começar pelo formato de bolso, fácil de ser escondido e transportado. Depois – e principalmente – pela vulgarização e breguice do texto atribuído a Franco, que causa estranheza a qualquer um que conheça o trabalho deste pesquisador pioneiro e sério dos quadrinhos. O que dizer, por exemplo, de pérolas como "Ego cai da cama (…) Essa é a tarada que Sandman precisava encontrar um dia. Aquele broxa" ou ainda "E como as mulheres de Pichard sofrem, choram e imploram… mas gozam. Isso sim é ser tarada!".
Exemplos como estes são encontrados quase o tempo todo no texto, em especial nas legendas, rivalizando com a seriedade da pesquisa sobre as personagens. Um outro problema: em diversos pontos, os capítulos não tem conexões coerentes entre si. Pior, a maioria absoluta das mulheres mostradas no livro já havia sido competentemente pesquisada e abordada por outro lançamento recente da mesma editora, As Sedutoras dos Quadrinhos, o que dá ao livreto das "taradinhas" cara de dejavu.
"Taradinhas", definitivamente não merece ser associado à chancela do jornalista, editor, desenhista e roteirista Franco de Rosa. E não é que o livro seja tão ruim assim, há muito o que se salve. Mas nem de longe é o que se espera da assinatura de Rosa. Por isso, se é para saber mais sobre personagens femininas, prefira As Sedutoras dos Quadrinhos. Já se o propósito é diversão, fique com as taradas…
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