As Sedutoras das HQs
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Capa de As Sedutoras, a venda por R$ 20,00
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Em 1986, o escritor Marco Aurélio Luchetti começou a fazer uma pesquisa sobre as mulheres nos quadrinhos, com a idéia de escrever um livro sobre o universo feminino nas HQs. Graduado em letras, mestre e doutor em Ciência da Comunicação pela USP e pesquisador e historiador de HQs (para manter a lista curta), Luchetti rapidamente produziu 300 laudas sobre a presença feminina nos quadrinhos. No entanto, nenhum editor quis publicá-lo, alegando razões inteligentíssimas como "seu livro tem muitas páginas e ilustrações".
Em 1991, o escritor, após ter publicado sua primeira obra (A Ficção Científica nos Quadrinhos), resolveu dividir o acervo sobre a mulher dos quadrinhos em quatro tomos – pin ups, heroínas, super-heroínas e personagens cômicas/infantis – mais uma vez em busca da publicação. Mas em função de uma série de compromissos pessoais de Luchetti, a idéia acabou guardada dentro da gaveta por pelo menos uma década. A longa espera, porém, valeu a pena e o resultado pode ser conferido nas melhores livrarias e lojas especializadas em quadrinhos: As Sedutoras, um livro de 144 páginas recheadas de ilustrações e informações sobre as mulheres mais sensuais das HQs.
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Maria Erótica, uma das pioneiras do Brasil
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Ao todo são 54 personagens que têm em comum a sensualidade. Entre elas, pioneiras como Jane – no Brasil, Jane Pouca Roupa -, criada em 1932, e a cult Betty Boop, heroína de desenhos animados que chegaram a ter participação (da voz) de um dos maiores mestres do jazz de todos os tempos, Lois Armstrong.
As personagens brasileiras espalhadas pelo livro são um capítulo à parte. Luchetti catalogou desde desconhecidas do grande publico – como Maria Erótica e Katty Apache, criadas por Claudio Seto nos anos 70 – até a mais recente Jenna, a gênia erótica que tenta seu amo em uma paródia bem-humorada e sensual da série televisiva Jennie é um Gênio, lançada na revista lanet Sex em 2000. Só faltou mesmo ter catalogado alguma personagem dos famosos catecismos de Carlos Zéfiro, o que talvez fique para uma segunda edição revisada e ampliada…
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Annie Fanny: siliconada e divertida
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As mulheres mais sensuais dos quadrinhos estrangeiros também estão no livro. Das "clássicas" européias, como Druuna (de Paolo Serpieri), Cláudia Cristiani (da série Click, de Millo Manara) e Valentina (de Guido Crepax) – às mais comportadinhas norte-americanas como a bárbara Red Sonja e Elektra Assassina.
Também a espaço para norte-americanas nada comportadas, como Little Annie Funnie, a musa siliconada que ilustrava as páginas da Playboy, e a safadinha Cherry, que sacudiu os Estados Unidos em 1988. Há ainda algumas páginas dedicadas a mulheres de verdade que ganharam quadrinizações, como Illona Staller, mais conhecida como Cicciolina, e Julie Strain, que inspirou FAKK2. E aparecem ainda as musas do terror erótico, como Vampirella e a brasileira Mirza, e Wicked Wanda, Bionda, Emanuelle, Gullivera, Ssara, Lara Croft e muitas outras. Enfim, um batalhão de moçoilas pra ninguém botar defeito.
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Cherry: bom-humor e erotismo |
Cada moça catalogada no livro tem direito a um pequeno histórico – que dependendo da personagem se estende ou não por algumas páginas a mais – e algumas ilustrações em preto e branco (ou melhor, preto e amarelinho, já que o papel interno do livro é desta cor). No final da obra o leitor encontra também um belo apêndice que registra o histórico de cada personagem aqui no Brasil, além de uma bela bibliografia de quadrinhos e uma lista de Copyrights.
As Sedutoras custa R$ 20,00, tem edição da Opera Graphica e é um dos poucos bons livros de referência de personagens já lançados no Brasil. Os fãs de quadrinhos agora torcem para que Luchetti não espere outros dez anos para lançar os próximos tomos sobre suas mulheres de papel.
Emanuelle (também à esquerda): baseada em livro e filme com Sylvia Kristel |
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Mirza: a Mulher Vampiro |
Red Sonja: bárbara sexy e bem comportada |
Wicked Wanda: erotismo e bom-humor |
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