Nascido em Veneza na década de 40, o italiano Paolo Eleuteri Serpieri desde cedo se interessou pela carreira artística. Fã do pintor Renato Guttuso, estudou no Liceu Artístico, em Roma, e quando se formou – na época estava com pouco mais de 20 anos – foi convidado pela escola a permanecer como professor de anatomia, tal era a perfeição de seus traços e noções de desenho do corpo humano. Nesta época, Serpieri se dedicava à pintura de quadros.

Mas, em breve, um amigo do artista – o editor Michele Mercurio – o convidaria para fazer histórias em quadrinhos na revista Lanciostory. Serpieri dedicou-se inicialmente às HQs do velho Oeste, como o general Custer, que ganhou vida na revista em 1979.

Também desenhou grandes mitos do mundo cowboy para a revista Skorpio e fez “A História do Far West em HQ” para a editora Larousse – logo depois, faria uma versão ilustrada da Bíblia para a mesma editora.

Em 1982, Serpieri começou a fazer HQs com pitadas de ficção científica, com “Force”, uma história de sete páginas na qual um casal nu é atacado por monstros. A seguir, cria L’Indiana Branca, onde conta a história de Sarah, uma mocinha branca criada por índios.

Em 1984, na revista L’Eternauta, Serpieri desenha La Bestia, uma ficção científica ambientada em clima mexicano. E então… em 1985, durante uma convenção de quadrinhos na Espanha, Serpieri revela aos amigos que está cansado de fazer um gênero de quadrinhos que exigia tanta pesquisa e que estria lançando em breve um grande sucesso, com o qual ganharia muito dinheiro.

Dito e feito: em dezembro daquele mesmo ano saia na revista L’Eternauta a personagem Druuna, com a minissérie Morbus Gravis.

Logo de cara, a voluptuosa personagem – que alguns críticos de quadrinho chamam de “Barbarella que comeu muito spaghetti” – consquistou milhares de leitores. Logo a Itália ficou pequena demais para Serpieri e Druuna foi lançada em toda a Europa e, a seguir, teve histórias publicadas no Brasil e nos Estados Unidos.

Por aqui, Druuna apareceu nas revistas Heavy Metal/Metal Pesado e chegou a ter algumas edições especiais publicadas – a própria Metal Pesado editou dois exemplares de Morbus Gravis.

Enredo

Em um futuro (distante?), uma estranha doença mutante vitima os “pecadores”, que se transformam em estranhos monstros e acabam morrendo, vítimas de várias deformidades. Druuna é uma moradora deste mundo que se prostitui para conseguir remédio para o namorado, Shastar.

Em uma das tentativas de conseguir o medicamento ela se vê envolvida em uma estranha trama que a vai levá-la a descobrir as origens da doença e muito mais. Os desenhos são ótimos e o roteiro é inteligente, mas o grande atrativo da história é que tudo recheado e movido a sexo. A mocinha não passa mais de três páginas sem tirar a roupa ou ter seu belo corpo focado de ângulos extremamente generosos, para não mencionar as transas com homens geralmente muito bem dotados (e mulheres, e mutantes, e monstros, e robôs…)

Personagens

Além de Druuna e dos vários monstros mutantes, os personagens fixos que mais aparecem são o próprio Shastar e Lewis, uma “cabeça em formol” que graças a seus poderes telepáticos se manifesta na mente (e nos sonhos) de Druuna na forma de um viril rapagão com quem ela (também) vive cenas calientes.

Curiosidade: Fã Fellini

Federico Fellini, o mais conceituado cineasta italiano, se dizia fã número um de Druuna. Fellini garantia, no entanto, que o que o atraía na HQ não era a bela plástica de Druuna e sim dos monstros disformes, que o encantavam. Com certeza o cineasta também comprava Playboys para ler as entrevistas…

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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