A Restoalhada do genial Marcatti

Mundo HQ

Nojo que dá gosto!!!
Obra de Marcatti, o quadrinista brasileiro que adora desenhar HQs nojentas, é reunida no álbum especial restoalhada

Um gênio dos quadrinhos, com traço atraente, mas que faz questão de criar histórias extremamente escatológicas (traduzindo: nojentas). Assim é Marcatti, um quadrinista que marcou época nos anos 80 e que está lançando neste sábado, dia 11, depois de 15 anos sem desenhar quadrinhos, suas 16 melhores no álbum Restoalhada.
Esta é a primeira coletânea de Francisco de Assis Marcatti Júnior, um quadrinista que a molecada dos dias de hoje talvez conheça apenas das capas dos CDs da banda Ratos de Porão e de "entre e ouça" de Ed Mota. Pois é a chance perfeita para conhecer a obra deste Augusto dos Anjos das HQs (pelo menos no que tange à escatologia): Restoalhada, em plena geração MTV, é uma espécie de Marcatti Unplugged.
São
reunidas 16 histórias do autor, que faz uma nova leitura de cada uma, não redesenhando-as, mas contando com suas próprias palavras como se deu a criação e realização de cada uma das HQs – publicadas, por sinal, em ordem cronológica.
Nas palavras dos organizadores do álbum, "Restoalhada
documenta de forma visceral a trajetória meio heróica, meio quixotesca de Marcatti nos quadrinhos nacionais, sob o ponto de vista do próprio artista". A descrição é acurada. Marcatti passou pelos quadrinhos, criação de capas de discos, ilustração e edição, até sua ocupação atual como designer gráfico e músico nas horas vagas.
Ele faz parte de uma geração de artistas de quadrinhos brasileiros que, nos anos 70, estavam instigados pelos quadrinhos underground americanos (o que fica óbvio nas suas HQs), que eram carregados de anarquia sexual e social, além de furiosa contestação política. Esses artistas publicavam revistas independentes, em preto e branco, com baixas tiragens, que tinham duas características importantes: as histórias tinham uma temática de humor, sátira e experimentalismo fora do usual no Brasil e eram distribuídas de maneira alternativa, geralmente de mão em mão.
Desse pequeno universo editorial brotaram também talentos como Angeli, Laerte Coutinho, Luiz Gê e os irmãos Caruso. Dentre esses jovens artistas, despontou – ou destoou – Marcatti, que
começou a escrever e desenhar suas histórias no final dos anos 70, época em que comprou sua própria impressora off-set para poder publicar.
Foram mais de uma centena de HQs e quase três dezenas de revistas – que ele criava, imprimia e distribuía.
Entre as histórias, várias se tornaram clássicos inesquecíveis, como as de "Glaucomix, o pedólatra"(ilustrações nesta página), criada em conjunto com o roteirista Glauco Matoso. Glaucomix, um magricela univesitário frequentando um curso só de meninas, era tarado por pés – inclusive os calçados e que haviam acabado de pisar em… bem, melhor deixar pra lá.
Restolhada faz parte da coleção “Opera Urbana” e marca o início da Editora Opera Graphica. O álbum tem 144 páginas em preto e branco, formato 16 x 23 cm. e tem um preço bem acessível para esse tipo obra: R$ 18,00. Para saber mais sobre Marcatti, vale a pena dar um pulo no site do autor.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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